Ninguém precisa de mim!

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POV NARRADOR:

   Na sala escura da casa que um dia já ouviu sua gargalhada espontânea, sentada no sofá onde ja teve tantas guerras de cosegas, mas agora tem somente a Imperatriz sem vida, sem gargalhada e sem amor.

   Semanas atrás quando ele entrou em casa junto a sua amante, tudo veio novamente a mente como um filme. As noites sem dormir depois de pesadelos, os abusos que sofreu de Maurílio, as humilhações do Comendador e acusações tudo voltou em segundos e tudo foi.

   Umas semanas antes da volta do Comendador ela descobriu que tinha depressão e ansiedade, com os medicamentos suas crises já não eram tão intensas, seus ropantes de raiva e ódio haviam diminuído também. Após a volta dele tudo piorou, as crises já eram cada vez mais frequentes. O pior é que ninguém percebeu, ninguém ao menos percebou que ela havia mudado, que não aparecia no jantar, não frequentava tanto a Império e já não era sequer semelhante a mulher que um dia foi.

   Em nem uma das inúmeras crises que teve durante aquelas semanas ninguém percebeu as mãos trêmulas, os cortes nos braços ou nos pulsos e nem ouviram os gritos abafados pelo travesseiro nas madrugadas ou viram as lágrimas se misturarem com a água que caía em seu banho.

  Hoje ela viu que ninguém mais precisava ou se importava com sua pessoa, então depois de todos já estaram em seus quartos, desceu até a sala e foi se acomodar no sofá.

POV MARTA:

   Sentada nesse sofá tudo que vem a mente é horrível. Ninguém mais precisa de mim, meus filhos são donos do próprio nariz, o conto de fadas de envelhecer juntos já não existe mais. E assim vem outra crise, sinto as lágrimas rolarem, o ar faltar e eu não quero mais viver isso, essa angustia, essa sensação são horríveis. Eu só queria acabar com tudo que eu vivi, deletar os últimos meses e que voltasse a ser a temida Dona Maria Marta.

   Vou a caminho do escritório, me sento na cadeira confortável e desabafo nas linhas de um papel branco, as lágrimas voltam a cair sobre o papal. Guardo a carta desabafo em um envelope vou em direção a sala o ponho sobre a mesa do centro e subo ao meu quarto.

POV NARRADOR:

   E assim o resto da madrugada passa e ao amanhecer com a mesa farta posta pelos empregados, todos sentados em seus devidos lugares começam a estranhar a demora da Imperatriz para o café da manhã. João Lucas curioso avista a carta na mesa do centro da sala.

- Ei pessoal, que envelope é aquele na mesinha?; chama a atenção de todos que estão a mesa.

- Não sei, não tinha nada ontem quando fui dormir.; Fala Maria Clara olhando para o pai, que estava estantes atrás conversando com Ísis.

- Deixa eu ver isso.; Disse o Comendador indo em direção a mesa do centro.

Ao pegar o envelope logo reconheceu a a caligrafia da frase "Para família Medeiros" e voltou a mesa com o envelope em mãos. Mostrou para os outros que estranharam o envelope sendo que nem um dos empregados havia avisado nada.

- Eu conheço essa letra...; disse Lucas pensativo - Já sei, é a letra da mamãe eu já tentei falsificar varias vezes nos negócio da escola.

- Mas,porque a mamãe ia escrever uma carta?; Pergunta Zé Pedro.

- Bom, vamos ver o que tem aqui né?!; Diz o Zé Alfrefo abrindo o envelope.

  Todos sentados a mesa, curiosos sobre o tema da carta, Zé que era o que iria ler a carta pois era direcionada a família tirou o papel dobrado do envelope.

" Essas linhas estão sendo escritas em uma das minhas crises, e como vocês não sabem o que se passa comigo, vou atualiza-los.
Após a "morte" do nosso Comendador eu comecei a ter pesadelos diários com a aquele dia,eu tinha crises de choro o dia todo.Quando Maurílio se adonou da nossa casa eu não o queria aqui, MAS EU NÃO TINHA ESCOLHA, ou era ele e suas exigências ou os meus filhos ficariam sem nada. Os pesadelos eram os mais perversos, tinha todas as humilhações do Comendador, o seu corpo morto no meu quarto, as vozes dos meus filhos me culpando por isso.
E durante muito tempo eu realmente achei que a culpa era minha, das minhas ações, do meu jeito de conviver, tudo era minha culpa.
E pra falar do amor de verdade, vou começa pela melhor metade e mostrar tudo de bom que tinho. Anjo ou animal, suave ou fatal, o que de um grande amor se espera é que tenha admiração, que domine o pensamento e traga sentido novo, que tenha paixão desejo,que tenha abraço e beijo e seja a melhor sensação. Que preencha a vida vazia, manda embora agunia e que traga paz pro coração. É você José Alfredo Medeiros, mas o meu amor não bastou e você foi em busca de outro.
Mas em uma noite tudo ia mudar, tudo ficava cada vez pior, ele me fez dele sem eu querer. Eu JURO, eu não queria, eu não tive culpa, ele falou que eu provoquei e que eu queria mas não, eu NÃO QUERIA.
Em todas vezes que ele entrava no meu quarto a noite sem ninguém ver, todos os beijos sem eu querer, ele me fez ODIAR O MEU CORPO, me fez ter medo de dormir e acordar com ele em cima de mim.
As vezes que eu dormia, os pesadelos
não mais eram da "morte" do Comendador, mas sim daquelas noites em que ele invadia o meu quarto e me acordava para saciar seu desejo.
E eu ficava lá, parada, nas primeiras vezes eu tentava gritar mas depois eu percebi que ninguém viria para me salvar.
E foi ai que eu comecei a ter as crises, durante essas crises eu me cortava, eu gritava,eu chorava e ninguém via. Depois de umas semanas que os abusos haviam começado eu fui ao médico para ele me dar um remédio para dormir, pois eu ja não dormir sem ter os pesadelos.
Ele me disse que essas crises foram por que eu desenvolvi ansiedade e depressão e que me receitaria os remédios para as crises diminuírem e realmente as crises foram diminuíndo, mas os abusos ainda continuavam.
Até o Comendador voltar ao mundo dos vivos e desestabilizar tudo de novo. E junto com ele veio a ninfeta ruiva e tudo voltou como uma avalanche, as humilhações que ele me fez passar, os abusos que eu sofri, o sofrimento não só meu mas do meus filhos também e assim como veio foi.
Com a volta dele nas últimas semanas as minhas crises aumentaram, os cortes são mais fundos, os gritos de raiva são abafados pelo meu travesseiro. Meus filhos voltaram a estar ao lado do pai e agora até gostam da ninfeta ruiva, e uma coisa eu me pergunto: como vocês não perceberam que eu mudei? Que eu não sou mais a mesma?
Eu não janto mais todas as noites, eu não apareço mais na Império, eu não saio mais de casa, eu só uso roupa de mangas longas. Eu sou tão chata, irritante, insuportável para ninguém ver que eu NÃO ESTOU BEM. Ninguém, absolutamente ninguém percebou que eu já tentei tirar a minha vida. Eu queria acabar com toda a minha angústia e os meus filhos já são donos de seus narizes e o meu plano de envelhecer juntos nem se quer existe mais. Depois de todas essas semanas me vendo morar na mesma casa que a amante, vendo que ninguém vai perceber o que eu to passado eu acho que essa carta de desabafo os ajude a me entender.

Para a família Medeiros

De: Maria Marta (não mais Medeiros) de Mendonça e Albuquerque"

  E ao chegar no final da carta, os filhos choravam, as noras queridas os abraçavam e o silêncio ensurdecedor se fez presente. E o Comendador começou a ver tudo como um filme projetado por sua mente, as humilhações dele, as últimas semanas em que ela não se fazia presente no jatar e sua imaginação para projetar também as terríveis noites que ela teve com Maurílio.

- Meu deus.; diz Clara em êxtase.

- Mamãe...; saio em sussurro de Zé Pedro e Lucas.

- Marta!; exclamar o Comendador ainda sem digerir o que acabará de ler.

- Como ninguém percebeu?; Falou Du arrasada com o  que acabará de ouvir.
 
  José Alfreso sem falar mais nada, correu. Saiu da mesa como um relâmpago de uma noite de tempestade, subindo as escadas e parando em frente a porta daquela à quem fez tanto mal.

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CALMA , eu não enlouqueci para não dar um final para isso. Mas eu preciso saber se isso esta bom ou é loucura da minha cabeça?! Deixe sua opinião nos comentários e a sua ☆ .

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⏰ Última atualização: Oct 07, 2022 ⏰

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