Capítulo 1

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Anne estava começando a ficar com os nervos à flor da pele. Faltando pouco mais de um mês para o natal, as coisas estavam ainda mais estressantes no trabalho. Sempre que o seu celular tocava, ela já pedia aos céus para que não fosse uma ligação de sua mãe.

Não levando a mal mas, essa era a época do ano em que ela mais odiava ligações da mulher que a pariu. A insistência de dona Mariana para que ela se casasse logo era exaustiva, e só piorou depois que sua irmã gêmea encontrou um marido, isso a cinco anos atrás.

Anne não via o motivo de desespero da sua mãe, o que havia de ruim em ser solteira aos 25 anos? Muitas mulheres eram solteiras nessa idade, sobretudo, eram felizes assim.

— Você não vem? – Erika estava parada na porta de sua sala.

Elas sempre saiam juntas para o almoço, desde quando eram apenas estagiárias no escritório de advocacia.

— Vou sim, acabei me distraindo um pouco e não vi a hora passar – sorriu para sua amiga enquanto pegava a bolsa.

— Sua mãe já começou com as ligações? — perguntou Erika ao saírem no corredor em direção ao elevador.

— Não, mas temo que logo ela começará — afirmou.

— Sabe, eu estive pensando nisso. Se sua mãe quer tanto que você apresente um namorado a ela, simplesmente o faça — Erika sugeriu ao saírem do prédio.

O local de almoço delas era em um restaurante italiano que ficava a algumas esquinas do escritório, ambas aproveitavam a oportunidade para dar uma esticada nas pernas.

— Como assim? – Anne ficou confusa. — Eu não tenho um namorado, Erika.

— Mas poderia ter se...

— Eu não quero — interrompeu Anne.

— Não seja boba, disso eu já sei – Erika informou. — Eu tenho algo em mente que possa te ajudar, mas primeiro, precisamos almoçar, acabei saindo às pressas de casa e não tomei o café da manhã.

— Então era por isso que o Richard estava de mau humor?

— Desde quando ele precisa de um motivo?

Anne sorriu e aceitou suas palavras. Richard tinha uma carreira sólida no escritório, mas sendo alguém mal humorado, a convivência com o mesmo não era a das melhores, ainda mais quando se tratava de atrasos no trabalho.

Já acomodadas em uma mesa, ambas decidiram pedir o prato do dia, um Risotto extremamente saboroso.

— Agora, o que você tem para me contar? — Anne decidiu perguntar antes da comida chegar.

— É algo que eu encontrei na internet uma vez, se lembra quando eu disse estar procurando por sites de namoro online? – perguntou Erika, fazendo Anne balançar a cabeça em concordância. — Então, eu acabei por encontrar um site de acompanhantes, pessoas que aceitam sua companhia em troca de dinheiro – revelou a mesma.

— Você está sugerindo que eu procure por um acompanhante e o apresente a minha mãe? — indagou com certo receio.

— Não sei se você percebeu, mas estamos no século 21, contratar um acompanhante hoje em dia não é o fim da picada, querida — insinuou Erika.

— Eu não sei, minha mãe é uma mulher esperta, não sei se vai funcionar...

— Dê uma olhada pelo menos, depois me avise se gostou de algum – insistiu sua amiga. – Vou mandar o site por mensagem para você – disse já pegando o celular.

— Está bem, irei dar uma olhada mais tarde – afirmou após receber a mensagem de Erika.

O restante do dia passou mais tranquilo em comparação com a manhã turbulenta no escritório. Desde quando iniciou ali, obteve finais de ano mais agitados, sempre havia casos de desempregados injustiçados chegando.

Um Marido para o Natal - Conto Natalino - EM BREVEOnde histórias criam vida. Descubra agora