𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑵𝒐𝒗𝒆

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Lorella


MAIS UMA SEMANA SE PASSOU SEM QUE QUALQUER UM DOS FEÉRICOS ME TREINASSEM.

Eu não ficava parada, no entanto. Eu sabia que se eu me deixasse ficar presa no quarto a manhã toda eu provavelmente surtaria e teria um colapso mental e físico. Por isso, sendo minha própria treinadora, eu acordei às cinco da manhã todos os dias na última semana e tomei meu café sozinha, em silêncio. Depois parti para a arena. Faço minha série inicial de flexões, abdominais e agachamentos, esquentando meu corpo. Corro em volta do pavilhão algumas vezes antes de iniciar mais uma série de flexões, agachamentos e abdominais. E eu me viro na maior parte do restante. Escalo a parede até minhas unhas racharem e sangrarem. Subo na corda e desço até minhas mãos criarem calos e as bolhas estourarem. Treino minha respiração debaixo da água do tanque até que eu consiga superar minha marca de dois minutos submersa. Acertei tantos socos no saco de areia nos últimos dias que eu precisei substituir por um novo — duas vezes.

E tenho me ensinado a usar arco e flecha. Tentei começar a treinar com espadas, mas sem um parceiro de luta era quase impossível. Já o arco e flecha era mais fácil para poder treinar sozinha. Nos primeiros dois dias eu passei mais de duas horas apenas tentando manter a flecha encaixada junto do fio. Depois, quando finalmente peguei o jeito, demorou mais dois dias até que eu conseguisse pegar impulso o suficiente para lançar a flecha sem que ela caísse há meros centímetros de mim. E hoje, no sétimo dia, eu até consigo lançar perto do alvo de palha. Sequer chega a atingir alguma parte vital, mas com minha determinação eu consegui acertar a maioria das flechas no ombro do boneco e em algumas partes das pernas. Não mataria meu agressor, mas pelo menos o limitaria e o atrasaria.

Algumas vezes Flora aparece e treinamos seus socos. Eu seguro almofadas em minhas mãos enquanto ela lança seus punhos, repetindo a série que Fenrys criou para ela. Depois ela faz flexões em uma barra pendurada no teto e até me acompanha na escalada da corda, em uma competição infantil que criamos para nós duas ao menos nos divertimos um pouco. Com os nervos à flor da pele de todos, Aelin mal tinha tempo para qualquer outra coisa a não ser estar em sua sala de conselho de guerra. Eu ouvi que seus amigos haviam sido convocados e chegariam em breve — e eu estaria ao seu lado, sendo apresentada como sua Dama de Companhia.

Os jantares se resumiam a cada um em seu quarto, mas na maioria dos dias eu jantava com Flora na sala de jantar do nosso andar. Sierra geralmente passava por lá e nos fazia companhia.

Puxo o fio do arco, sentindo meus músculos se tensionarem e reclamarem do tempo em que estou praticando. Pulei o almoço e provavelmente encontraria Sierra daqui a pouco para mais uma lição do idioma complicado de Eyllwe. Por algum milagre eu já havia sido alfabetizada na língua comum que a maior parte de Erilea utilizava, e já havia tantos livros espalhados pelo meu quarto que eu sequer poderia andar pelo lugar sem esbarrar em algum exemplar. Alguns foram enviados por Aelin através de Sierra, com um bilhete da rainha me ordenando a ler para, enfim, ela ter uma parceira de leitura.

Eu havia começado um há alguns dias, lendo um pouco todo dia antes de dormir, e até o momento a leitura estava bem interessante — ainda mais porque eu não sabia o quão bom e detalhada as cenas quentes poderiam ser retratadas na literatura.

Eu estou engatilhando uma flecha outra vez no arco quando ouço passos subindo as escadas. Passos pesados, não os suaves e saltitantes de Flora. Ergo o arco e aponto a flecha, retesando o fio quando olho sobre o ombro para averiguar quem era que estava subindo as escadas. Para minha imensa surpresa, é Rowan. Ele parece cansado e sua roupa está amassada, como se ele tivesse dormido com essas mesmas vestes. Ele usa um manto verde escuro sobre os ombros, com um pingente e correntes de prata segurando sua capa sobre seus ombros largos. Ele está com os dedos envolta do punho de sua espada e olha fixamente para mim quando nota que estou no fundo do pavilhão, segurando o arco. A forma como seu rosto tatuado está sério me faz querer fugir por ter sua atenção focada em mim.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora