O fogo no começo parecia acolhedor, mas agora percebo, ele quer me machucar, não importa quão longe eu corra, não posso escapar, sinto a fumaça invadir meus pulmões e logo sinto uma imensa falta de ar, antes que tudo se apagasse pude ver meu antigo quarto no orfanato em chamas.
Acordo com uma leve tosse sentindo dores por todo meu corpo, abro meus olhos lentamente devido a forte luz que os invade, aos poucos minha visão se acostuma a iluminação do local fazendo com que eu perceba finalmente onde estou e que as lembranças do dia anterior comecem a se formar de forma clara em minha cabeça. Eu estava na ala médica da base da Ordem, havia sofrido diversos ferimentos no dia anterior devido a missão, após me localizar e colocar em ordem os recentes acontecimentos me levanto aos poucos ainda com muita dor e caminho em direção a saída, mas acabo sendo notada por Marcela que parecia muito distraída conversando com alguns outros agentes.
Marcela – Nananinanão, onde a senhorita pensa que vai, volta agora pra maca, você precisa descansar querida.
Amélia – Preocupa não Marcela, to bem, só vou falar com meu irmão e já volto.
Marcela – Que irmão oque garota, ele e o Rubens já saíram, disseram que não podiam perder essa pista por nada.
Amélia – Ah legal, eles basicamente me abandonaram então?
Marcela – Pode se dizer que sim, agora volta pra sua maca que eu só vou acabar de falar aqui com eles e já vou te ver.
Concordo com a cabeça enquanto me viro para voltar a me deitar, em questão de segundos minha visão escurece e me sinto despencar em direção ao chão, antes que meu corpo colidisse com o mesmo sinto algo me segurar, ou melhor, alguém, a ultima imagem que vi antes de apagar completamente foi um homem negro de olhos cor de rosa. Após uma hora ou duas acordo novamente, mas desta vez não arrisco sair da cama, assim que vejo Marcela aceno para a mesma enquanto ela faz seu caminho até mim.
Marcela – Ainda bem que o Fernando conseguiu te pegar, se você tivesse batido a cabeça seus ferimentos seriam piores.
Amélia – Fernando?
Marcela – Sim, o homem que te segurou.
Marcela – E não se preocupe seu desmaio não foi nada demais, foi só a falta de alimento, você não come desde ontem não é querida? Por isso deve estar fraca, vai lá na sala de pesquisa acho que o Samuel fez pipoca.
Concordo com a cabeça e me levanto com mais cuidado, caminho lentamente até a sala de computadores a fim de encontrar Samuel.
Amélia – Eai bonitão, como tá?
Samuel – Lia?! Acordou princesa, achei que ia ter que ir lá te dar um beijinho. – ele diz dando uma piscadinha.
Amélia – Uhum tá, vai sonhando fofo.
Samuel – Mas e ai, precisa de alguma coisa ou só tava com saudade de mim?
Amélia – Falando bem a verdade eu tava é interessada nessa pipoca ae. – digo puxando uma cadeira e me sentando ao seu lado.
Samuel – Se me der um beijinho penso no seu caso. – o mesmo faz um biquinho.
Amélia – Nossa nem to com tanta fome assim sabia.
Samuel – Tu tá apagada desde ontem, duvido que tenha comido alguma coisa.
Samuel – Pera, tu acabou de falar que prefere passar fome do que me dar um selinho?
Amélia – Uhum.
Samuel – Porra, certas coisas machucam viu.
Amélia – Tá tá, agora passa essa pipoca pra cá antes que eu desmaie de novo.
Samuel – Desmaiar? Como assim Lia, pega ai.
Agradeço já com a boca cheia de pipoca, Samuel volta a fazer alguma coisa no computador, eu apoio a cabeça em seu ombro enquanto dividimos a pipoca, depois de um tempo um homem magro entra na sala e vai em direção a primeira mesa, onde nota estar sem sua cadeira, virando e logo me vendo na mesma. Me levanto e á entrego de volta me desculpando.
Samuel – Ué vai embora já? – ele pergunta ao sentir falta do meu peso sobre seu ombro.
Amélia – Não, só fui devolver a cadeira – digo enquanto pego a cadeira da mesa ao seu lado, essa pertencendo a Letícia.
Samuel – Ahn, já voltou Kaiser?
Kaiser – Só fazendo uma pesquisa rápida e já vou sair pra missão.
Esse cara, Kaiser, não me era estranho o nome não era familiar, mas o rosto, tenho certeza que já tinha o visto antes talvez pela ordem já que ele parecia ser um agente também, mas eu acho que é outra coisa, por algum motivo ele parece mais importante do que só um rosto qualquer, mas eu não consigo me lembrar porque.
*Quebra de Tempo*
Mesmo depois de o tal Kaiser deixar a sala ainda fiquei me questionando sobre de onde eu o conhecia, depois de um tempo matutando essa ideia decidi perguntar para o Samuel sobre ele.
Amélia – Eii, Samuquinha querido do meu coração.
Samuel – Diga
Amélia – Qual é a do seu amigo?
Samuel – Quem? O Kaiser?
Amélia – É esse ai mesmo.
Samuel – Hmm, quer saber porque? Tá interessada por acaso?
Amélia – Sai fora maluco, é que eu tenho certeza que já vi ele antes.
Samuel – Entendi, ah sei lá ele é bem na dele sabe, mas é legal, quando se solta você percebe que ele é bem bobão.
Amélia – Entendi, mas e esse nome? Tipo Kaiser serião?
Samuel – Olha, ele não curte muito usar o nome real desde a ultima missão dele, não sei oque rolou, mas sei que foi pesado, nem ele nem ninguém que sobrou da equipe dele falam sobre ela. – ele conta com um olhar de culpa estampado em seu rosto, esse sendo o sinal pra eu calar a boca.
Apenas deito em seu ombro novamente e assisto enquanto ele joga Tetris no computador, ele sempre dizia que estava treinando, tenho certeza que isso deve ter alguma coisa com a máquina de fliperama que tem no bar lá em cima, mas não sei ao certo. Fiquei mais algum tempo ali com ele até começar a me sentir entediada de novo, assim que me levantei de meu assento Samuel empurrou sua cadeira um pouco para trás, provavelmente para esticar as pernas depois de ter ficado tanto tempo jogando, me fazendo tropeçar e cair em seu colo.
Samuel – Poxa gatinha, se queria um colinho era só pedir.
Amélia – Ah vai se fud- fui interrompida por uma voz vinda da porta
Kaiser – Desculpa, não queria atrapalhar. Samuel, só vim perguntar se você quer alguma coisa do mercado.
Samuel – Eu quero uns salgadinhos se você conseguir trazer pra mim, só tenho que esperar a bonita sair do meu colo pra eu pegar minha carteira. – ele dizia entre pequenas risadas
Pulo de seu colo e saio rapidamente da sala, posso ouvir Samuel me chamando de volta enquanto ria, mas ignorei, fui até meu armário e procurei meu pequeno caderno onde haviam diversos desenhos e anotações, comecei a rabiscar algumas coisas, e como um interruptor que fosse ativado me lembrei dele, César, era ele, tinha que ser, César era um amigo de Bruno do colégio, me lembro de como o mais velho passava horas contando sobre o garoto para mim. Agora tudo fazia sentido, por isso ele era tão familiar.
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Don't forget me - Kaiser/César X OC
FanfictionAmélia Tabasco e seu irmão Johnny Tabasco foram mandados para um orfanato após a morte de seus pais em um repentino acidente de carro, as autoridades nunca especificaram a causa do acidente, Amélia fez diversas amizades em seus anos vivendo no orfan...