Eu não estava pensando direito quando aceitei dividir o meu quarto com você

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Megumi estava distraído com a tela do celular quando ouviu um som de buzina ao lado de fora de casa. Eles finalmente haviam chegado.

Deu uma desamassada na camisa, uma última ajeitada no cabelo, se despediu da irmã e entrou no carro, se sentando no banco de trás ao lado dos seus amigos.

— Que demora foi essa? Vamos chegar lá quase uma da manhã. Vocês não têm nenhuma noção de horário...

— MEEEEGUUUUMIIIIIII!!!! Estou tão feliz que você vai! — Berrou Yuji, animado. Segurava uma lata de cerveja na mão e um sorriso de orelha a orelha estampava seu rosto.

— Vamos nos divertir PARA CARALHO! — Completou Nobara, seus olhos castanhos brilhando de entusiasmo. — Senhor taxista, pé na tábua!

— SEU MOTORISTA, PODE CORREEER! A QUINTA SÉRIE NÃO TEM MEDO DE MORREEER! ♪ — os dois cantavam em uníssono.

Megumi suspirou, já cansado de toda aquela empolgação, mas não pode deixar de esboçar um sorriso tímido. A alegria deles era contagiante.

Os amigos combinaram de ir juntos a uma festa da faculdade — a famosa calourada, uma recepção aos alunos que estavam iniciando o 1º ano. A festa era organizada pelos veteranos e aconteceria em uma república de estudantes localizada próxima à Universidade.

Os três eram calouros — haviam acabado de passar no vestibular. O mundo universitário era ainda muito novo a todos, especialmente para Nobara, que vinha do interior e ainda se habituava à cidade grande. Aos poucos, estavam se acostumando a esta nova fase de suas vidas.

Megumi e Yuji cursaram o ensino médio juntos, mas Nobara entrou em suas vidas havia apenas duas semanas, quando as aulas começaram. Eles participaram das atividades do trote juntos e logo se aproximaram da garota. Nesse curto período, já haviam saído juntos várias vezes e sentiam como se fossem amigos de longa data.

Yuji tomou um gole da cerveja e passou a lata para Nobara. De repente, seus olhos castanhos assumiram um tom sóbrio.

— Megumi, tem uma coisa que eu preciso te dizer... talvez Sukuna esteja lá.

Megumi estremeceu.

Euuu seeeei. Não falei isso antes porque não queria que você desistisse de ir.

— Sukuna? Quem é?

— Ah... é meu irmão mais velho. Ele está no último ano.

— Uau! Você tem um irmão mais velho, Yuji? E ele é nosso veterano? Demais! — o olhar curioso de Nobara se encontrou com o sério de Yuji e ela entendeu o recado. — Ah... quer dizer... qual é o grande problema de ele estar lá? Megumi está com cara de quem vai vomitar e nem bebeu nada ainda.

— Quando foi? No segundo ano? Megumi costumava ir lá para casa jogar videogame depois da aula... um dia estávamos por lá e ele e Sukuna discutiram feio. Quase saíram no soco. Desde então evitam se ver.

— Eu. Eu evito vê-lo. — Se atravessou Megumi, ríspido.

— Isto. Bom. Tudo ficou simples porque meu irmão logo saiu de casa...

Nobara ergueu uma sobrancelha, instigada.

— Caramba, mas deve ter sido uma briga séria mesmo, hein? Já faz tanto tempo e vocês não se resolveram...

Megumi não mordeu a isca. Apenas cerrou os dentes e um silêncio desconfortável dominou o carro por alguns segundos. Sentia os aromas dos perfumes dos dois se sobreporem e impregnarem o espaço fechado, causando-lhe uma leve dor-de-cabeça.

Nada MudouOnde histórias criam vida. Descubra agora