capítulo treze

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Chegando na sorveteria Sara foi direto no mesmo banco que sempre ia com Grissom no começo do namoro e novamente se sentiu confusa, não lembrava daquele lugar como conhecia tão bem?.
— O que foi? - Hank chegou logo depois.
— É como se eu já tivesse aqui, sendo que não me lembro.
— De novo com essa história de memória?
— É que você não entende, tem acontecido muitas coisas nesse meio tempo que tem me feito pensar assim.
— Coisa da sua cabeça Sara, talvez você só tenha chegado até aqui porque gostou da mesa .
— É, pode ser - sorriu forçado.
Os dois sentaram e logo trataram de folear o cardápio de sabores.
— Vou querer a de leite ninho e morango.
— Eu a de queijo com goiabada
Na mesma hora ambos fizeram careta, gostos estranhos para sorvete mas eram autênticos. Na hora que Sara ia se levantando Mateo e Alice chegaram no local, os olhos de Sara não conseguiam desviar do pequeno.
— Oi Hank, tudo bem? - Alice disse meio engasgada — que coincidência você por aqui.
— Oi Alice, verdade não é - abraçou— Vim trazer minha namorada para tomar sorvete daqui.
— Olha que legal - olhou torto para o rapaz, sabia que tinha algum plano maluco mas não que era tão assim. — Ah esse é o filho do meu patrão Grissom, nome dele é Mateo.
— Oi Mateo - Hank abaixou até o menino e fez o aperto de mãos.
— A senhorita está bem? - Alice perguntou a Sara que simplesmente não respondeu apenas correu dali o mais rápido que pode .
— Droga !
— Você deveria ter avisado que traria ela, você é louco ? - Alice deu um puxão de orelha no rapaz.
— Eu não achei que ela teria essa reação, e que se talvez visse o Mateo pudesse ajudar.
— Pelo jeito não ajudou.
— É - colocando as mãos na cara — Eu vou ver se encontro ela, obrigada por vir desculpa.
— Avisa quando encontrar .
— Tá.
Ele antes de sair buscou o sorvete favorito dela e levou para o carro onde a morena estaria.
— Sar,  o que foi porque correu daquele jeito? - entregando o sorvete para ela.
— Eu não sei tive medo, aquele menino não me era estranho.
— Quem? O Mateo? Ele é filho do Gil, por isso não é estranho você já deve ter visto foto dele no escritório.
— Sim, ontem eu vi sim a foto dele no escritório do Gil, mas ele me deu uma sensação estranha. Como se eu conhecesse ele de outro lugar.
— Como assim?
— Deixa pra lá, vamos eu quero fazer uma limpeza no meu guarda roupa.
— Você quem manda.
Os dois saíram dali e só foram parar no apartamento,  Sara estava exausta não sabia de que, só sentia pesada e precisava tirar tudo que tava na cabeça. Pra isso nada melhor que organizar seu closet, tirar peças que não usa doar, peças velhas jogar fora e redecorar o restante das coisas utilizáveis.

— Hank! - chamou mas não teve resposta então foi até cômodo onde ele estava — Hank - se apavorou com à cena.
— Sara - falou fraco e entre suspiros.
— Meu amor não fala , eu vou chamar a ambulância, aguenta ok? - ia saindo quando ele a puxou.
— Liga pro Grissom – ele segurou firme em seu braço.
— Tá - naquele momento ela só queria ajudar e se ele pediu por Grissom ela iria ligar.
Sara já com a voz chorosa ligou para o mesmo que imediatamente largou tudo que estava fazendo pra ir até ela, no caminho chamou a ambulância.
— Hank, o Gil já está chegando ok? Aguenta firme, não dorme fica comigo.
— Sara ...- respirou fundo — Você precisa saber de algo , algo que eu Grissom te escondemos, mas não brigue com ele ou sinta raiva ele fez isso por você, por seu bem – a respirada foi funda dessa vez pois a dor era grande — Gil te ama Sara, ele é louco e perdidamente apaixonado por você, esse tempo que você ficou em coma teve sequelas, e uma delas é a perda de memória, você não se lembra dos últimos anos ...– passou a mão no rosto da morena que estava assustada com tudo que ouvia — confia em mim, ele te ama assim como eu te amei, ele e você são casados e tem uma linda vida juntos, Sara... aquele menino o da sorveteria ele é...- nessa hora ele sentiu uma pontada muito forte que não aguentou e acabou desmaiando.
— Hank,  Hank meu amor não me deixa, Hank fica acordado por favor. - Ela abraçou ele forte.
Nesse momento Gil chegou e também os paramédicos, a cena era terrível , Hank deitado pálido e Sara chorando.
— Moça a senhora vai ter que dar licença, precisamos ver os sinais dele.- disse um dos paramédicos.
— Vem Sara - Gil a puxou sutilmente para outro canto da sala mas não tão longe.
— Gil ele não pode me deixar - chorava nos braços dele.
— Ele não vai - abraçou forte e naquele momento não conseguiu segurar as lágrimas. Ele aprendeu que perdão gera paz interior, e ele havia perdoado Hank no segundo que ele se propôs a sair da vida de Sara por não querer magoar ou fazer coisas que já não competia com ele.
— Desculpe senhores, a gente fez tudo estava ao nosso alcance - um dos paramédicos disse ao se levantar do local seguido pelo outro que apenas abaixou a cabeça.
— Não - Sara se abaixou no corpo já sem vida de Hank — Hank, por favor volta pra mim – batia no peito nu já que o mesmo havia recebido massagem e descarga elétrica em seu coração.
— Sara - Gil tentou puxa-la com calma para longe mas sem resultado. — Podem ir eu cuido disso - mostrou o distintivo.
— Ok Sr, sinto muito.
Foram as últimas palavras ditas daquele local, pois após a saída deles só se ouvia o choro de Sara, que também dizia alguns versos silenciosos. Gil fez menção de sair mas foi puxado pela mesma.
— Hank não tinha família, somente eu e aparentemente confiava muito em você, o que vamos fazer?
— Não sei, estou a suas ordens - abaixou a nível dela.
— Ok. - secou as lágrimas e foi até seu quarto. — Pode vir aqui Gil..  - vendo que o mesmo não saiu do local.
— Tá. - foi até ela.
Então em silêncio ela escolheu a roupa, o perfume que queria que ele usasse naquele momento, Gil em poucas palavras e gestos disse que cuidaria da papelada enquanto o corpo ainda estava deitado apenas coberto por um lençol, era o momento mais doloroso. Sara ficou muda o tempo todo, não quis fazer uma cerimônia apenas pediu para Gil trazer o doutor Robbs para assinar o atestado, que desse alguns minutos para que ela pudesse despedir se do amor da vida dela. Gil ouviu cada parte e acatou, primeiramente avisou os colegas, Ecklie e Alice sobre o ocorrido após isso pediu para que seu amigo e padrinho Dr Robbs viesse ao seu encontro.
A despedida foi a pior possível após tal ato Sara foi amparada por Gil e Robbs, a roupa foi mera casualidade pois a mesma decidiu seguir o que Hank queria, ser cremado e jogado ao mar para ser finalmente livre.
No laboratório todos estavam aflitos, queriam ir ao encontro da amiga mas Ecklie havia os abarrotado de coisas pra fazer e o mesmo os aconselhou que esperassem um pouco antes de invadir esse momento. Sara estava precisando de um tempo, um momento pra assimilar o que havia acontecido ali no 2° andar daquele apartamento, a poucos dias estava vivendo um sonho e agora toda vez que olhasse para aquele canto entre a sala e banheiro se lembraria que foi bem ali onde seu grande amor lhe disse adeus.

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