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Renée sempre foi uma menina incomum.

Sempre desconectada da sua realidade, desde quando era uma menina, nunca foi muito animada ou comunicativa.

Não porque não conseguia, mas por que nunca sentiu que precisava se expressar além do necessário.

Seus pais não a entendiam muito bem, mas não é como se tivessem tentado muito. Tinham bastante com o que se preocupar tendo que lidar com Dolores, sua filha mais velha que ficou muito doente pouco depois do nascimento de Renée.

Eles até sabiam que havia algo errado com ela, uma peça fora do lugar, mas como ela era boa na escola e não os atrapalhava, então, sempre que lhes eram perguntados apenas diziam que era uma boa menina, apenas um pouco fechada.

Nunca estudou na mesma escola por mais de um ano, até que com quinze anos seus pais decidiram que estudar em casa, seria uma alternativa melhor.

Afinal, era muito mais fácil não ter que se preocupar com documentação ou mudar pra uma casa perto de escolas sempre que escolhessem mudar o tratamento de Dolores.

Renée não se importava. Honestamente? não se importava com muitas coisas. Gostava de música, e gostava de escrever. Tinha uma mente bastante criativa, apenas não tinha interesse algum em expressar isso para o mundo, sempre preferindo manter tudo só pra ela.

Com sua vida mediana, Renée se considerava moderadamente feliz até o infame episódio do dia 29 de fevereiro.

Era seu aniversário de 19 anos, e, distraída com seu último conto, mal percebeu que já tinha entardecido.
Até que um desconhecido se aproximou e disse que ela devia passar tudo que tinha, e bem rápido!

Renée disse que não tinha nada além de seu caderno e umas canetas. E era verdade! O que mais uma garota como Renée poderia carregar consigo?

Mal teve tempo de se explicar!
Um movimento atrás dela assustou o homem, o levando a acertar bem no seu ombro.
O corte foi fundo, mas ela nem registrou a dor, só a urgência de sair correndo sem olhar pra trás!

Enquanto se afastava, mal podia escutar a gritaria dos surfistas que imobilizaram o homem, ou o som do mar que parecia mais agitado do que nunca, com as ondas chegando a tocar os pés de Renée.

Só conseguia escutar seu coração acelerado e sentir o sangue escorrendo por todo o seu vestido branco.

Darya - Short StoryOnde histórias criam vida. Descubra agora