Aurora estava sentada no chão de seu quarto, escorada em sua cama enquanto tentava terminar de ler seu livro, mesmo que em sua mente focasse apenas na fisionomia do homem engravatado parado na escada rolante, pousando seus olhos sobre ela. Perdera as contas de quantas vezes leu e releu a frase que dava início a mais um capítulo do seu livro de romance. Nunca havia demorado tanto com uma leitura, como estava acontecendo.Estava se sentindo sufocada em seu quarto e isso não era de acontecer. Mantinha sempre a janela aberta para que o ambiente ficasse arejado. Com o vento frio que fazia, normalmente nem ligava o seu ventilador de teto para dormir a noite. Não precisava se preocupar nem com os mosquitos, já que sua mãe fez questão de colar em cada parede da casa um spray com remédio perfumado.
Suspirou pesadamente e desistiu de sua leitura diária. Fechou o livro com o marcador na página que parou e deixou sobre sua estante junto ao notebook. Tentaria ler mais tarde.
Maldito olhos verdes, pensou.
Decidiu sair de seu quarto para fazer um lanche e aproveitar um pouco a sala e a sua TV, aproveitando que seu pai havia ido para o restaurante. Provavelmente sua mãe iria aparecer a qualquer momento, devido ao horário. O barulho de seus passos descendo as escadas ecoavam pela casa. Tinha mania de andar de chinelo, independente do chão limpo. Andar descalço deixava seus pés grossos e não gastava com cremes caros atoa. Ao chegar na cozinha, abriu a geladeira e analisou o que poderia usar para fazer um sanduíche. Aproveitou o frango desfiado que sobrara de uma torta salgada que seu pai havia feito para o almoço, pegou o vidro de azeitona e o requeijão na prateleira da porta, fechando-a assim que retirou uma jarra de suco, com o líquido laranja avermelhado bem concentrado, que sequer sabia o sabor. Poderia chutar uns três nomes. Manga, laranja com acerola e tangerina com morango. Somente provando saberia. Retirou um dos pães de batata que seu pai assou e o partiu ao meio. Passou uma camada de requeijão em cada fatia, despejou o frango e, por cima, as azeitonas sem caroço. Fechou seu pão recheado e o colocou sobre um prato que estava no escorredor. Abriu o armário embutido na parede e retirou um copo, despejando o suco. Ainda com tudo sobre a bancada, correu para a sala e se deliciou com seu lanche da tarde.
— Tangerina com morango. – disse com satisfação ao sentir o sabor de imediato em contato com sua língua ao ingeri-lo.
Quando ligou a televisão, como de costume, passava um dos programas de culinária que seu pai sempre assistia. Trocava os canais com o controle remoto até conhecer o filme que amava assistir, mesmo que fosse repetido. Eclipse tomava conta da TV, deixando Aurora totalmente envolvida e derretida na parte que Edward se declara para Bella e a pede em casamento.
Enquanto Aurora estava entretida no filme de romance que envolvia vampiros e lobisomens, sua mãe abria a porta, chegando de seu serviço. Ao ouvir o barulho que vinha da sala, rapidamente chamou pela filha. Sabia que seu marido essa hora da noite ainda estaria no restaurante.
Devido ao barulho e por estar distraída imaginando sua vida como no filme, com um romance clichê, que a derretesse, Aurora não ouviu o chamar de sua mãe.
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Doce Aurora
RomansaAurora não sabia o que era estar aficionada por alguém até encontrar Christian, o homem engravatado de olhos verdes que quase a atropelara. Entretanto, o pequeno contato foi o suficiente para ambos se conectarem, mesmo que talvez nunca se vissem out...