Pirulito Cor-de-Rosa

30 - O Som da Queda!

30 – O Som da Queda!

Ela tinha absoluta certeza disso.

Quando o advogado a encontrou no saguão do hotel, lhe entregou os papéis. Ela leu com cuidado cada um deles, e a cada palavra que assegurava a ela, o direito de ser mãe de Ben, fazia seu coração bater mais forte.

O advogado fez um comentário incomum, sobre a maioria das jovens da idade dela, darem os filhos para a adoção na idade de Úrsula, e ela está fazendo o contrário.

Mas ninguém precisava saber do que se passava no seu intimo. Ela amava Ben – desde que vira sua carinha feliz sorrindo para ela.

-E aqui! – indicou o advogado no papel aonde ela teria que assinar pela última vez.

-Tudo bem – disse Úrsula respirando fundo, estava um pouco nervosa. – Quando poderei buscar Ben.

-Hoje à tarde! – disse o advogado.

Fazia quatro dias, desde que a decisão do juiz saira. E quando ela ligara para os pais para explicar o motivo da demora em voltar para casa, ela contou o que tinha ocorrido, a mãe quase explodira. Gritando onde ela estava com a cabeça para pensar em adotar uma criança.

Úrsula foi o mais complacente possível. Disse que sentia que tinha que fazer isso, e agora sua vida parecia ter mais sentido. E que Ben precisava dela, assim como ela dele.

O pai ralhou um bocado – mas no fim, disse que ela era adulta. Faria o que achasse melhor para si.

Ela tinha certeza de tudo.

Eric encostou a cabeça na parede e ficou apreensivo.

-Vamos demorar muito? – Edward o chamará para passear. Mas a mãe dele ligou pedindo algumas coisas do supermercado, e eles foram comprar para ela.

E agora estavam presos a quarenta e cinco minutos numa fila que parecia não acabar.

-Você pode ir embora se quiser! – disse Edward trocando de mão a cesta de compras que segurava.

-Tudo bem – disse Eric. – Eu quero ficar. Mas é que... Por que todas as pessoas resolveram fazer compras nesse horário?

-Eu não sei – respondeu Edward rindo.

Eric bufou um pouco, já com as pernas doendo. E olhou ao redor, tentando encontrar alguma distração. Quando viu os cachos castanhos familiares a sua mente.

Leonard.

O dono dos cachos estava com uma jaqueta preta por cima da camisa de botões branca, e passou olhando para as prateleiras procurando algo na sessão dos enlatados.

-Volto num instante! – disse a Edward e saiu atrás de Leonard.

Saiu da fila quase correndo – sem pensar por um instante, na recusa de Leonard em falar com ele. Ele poderia simplesmente ignorá-lo quando Eric se aproximasse. E ele parou para pensar durante um segundo, por que essa súbita vontade ir vê-lo.

Gostava dele tanto assim? Mais do que poderia admitir para si mesmo.

Mas era irrefreável, e quando ele pensou em voltar, já estava parado de frente para Leonard que agora o encarava absorto.

O corredor vazio. O silêncio mortal.

Então Eric correu até Leonard. E Leonard correu até ele. Como se os dois se atraíssem ao efeito magnético de seus corpos. E Eric passou os braços pelo pescoço de Leonard. A respiração acelerada, o coração martelando dentro do peito. Então...