Anjos da Noite

Capítulo 48- Sonhos

Team estava terminando suas voltas na piscina com a supervisão de seus seniores Pruk e Win, naquele dia em especial ele havia praticado pela manhã e a tarde para compensar sua falta no dia anterior, quando os irmãos Ae e Can chegaram para encontrá-lo, eles tinham algumas coisas para fazer e aguardavam as coordenadas do irmão mais velho. Os jovens cumprimentaram os nadadores que orientavam Team e foram se sentar pacientes na arquibancada, aproveitando para admirarem com orgulho o desempenho de seu Phi, esses dois pequenos tinham uma grande adoração por seus quatro "guardiões", pois eles realmente não sabiam o que teria sido deles se aqueles anjos não tivessem aparecido em seus caminhos.

Can e Ae sentiam uma imensa gratidão por seus irmãos terem os acolhido e cuidado tão bem deles. Depois da morte de sua mãe, com o repentino maus tratos do pai que virou alcoólatra e a frustração de não encontrarem o único parente que lhes restara, sem sombra de dúvidas, aqueles quatro lutadores fora a melhor coisa que lhes aconteceu na vida. E, esse ato, talvez tenha sido o motivo por eles amarem tanto seus irmãos, pois eles não tinham nenhum motivo para ajudá-los, mas o fizeram sem pestanejar e, continuaram fazendo isso por outros, o que os tornavam especiais aos seus olhos. Eles podiam se considerar pessoas sortudas por estarem ancorados em uma família forte que sempre estaria com eles, para o que der e vier.

- Phi, você acha que um dia vamos encontrar nosso tio? - Ae jogou para Can, enquanto olhava para o outro irmão na piscina.

- O que é isso assim de repente, Nong?- Can retrucou surpreso. - Eu de fato não penso muito nisso. - Confessou ele.

- Humm... É que essa sorte da N'Mali e P'Pay... Me fizeram pensar... Será que ele nos procura também? - Ae encarou o irmão com olhos brilhantes.

- Não crie esperanças irmão!- Can bagunçou o cabelo do menor com um sorriso reconfortante. - E, ainda... Cuidado com o que deseja, P'Pay é muito legal, mas olhe para o pai delas! - Advertiu ele com carinho, não queria que seu irmão caçula se decepcionasse mais uma vez .

- Phi, se não tivéssemos esperança acho que não estaríamos aqui!- Ae encarou seu irmão com olhos doces, mostrando ao mais velho outra perspectiva, se não houvesse nenhuma esperança em seus corações, eles jamais sairiam de casa.

- Ei, quando foi que meu irmãozinho ficou tão sábio?- Can perguntou depois de alguns minutos refletindo sobre o que o menino ao seu lado disse. - Pois bem... Sigamos com esperança! - Acrescentou ele passando o braço em volta do ombro do irmão caçula.

- Sim! Sigamos ao lado de nossa família!- Ae retribuiu o sorriso.

E, os dois meninos ficaram ali acomodando todos os seus pensamentos enquanto assistiam o final do treino do irmão mais velho, que assim que saiu da piscina foi direto falar com eles e, obviamente os dois seniores que verificavam seu treino foram junto saudar os Nongs corretamente. Team pediu para que Can e Ae aguardassem mais um pouco, enquanto ele se trocava e, correu para o vestiário, deixando seus irmãos na companhia de Pruk e Win, os pequenos gostavam muito daqueles jovens e vice-versa, então não foi nenhum incômodo para eles. Os nadadores, também, gostavam de passar o tempo com a família de seus Nongs preferidos, eles sempre tinham uma atmosfera agradável e muito a ensinar, sempre ofereciam um olhar sobre novas perspectivas.

- Os Nongs vieram passear um pouco? - Pruk perguntou casualmente.

- Phi, nós viemos entregar algumas coisas ao P'Team e, aproveitamos para vê-lo praticar. - Ae contou com um sorriso.

- Os Nongs tem muito orgulho de Team!- Win sorriu compartilhando o sentimento. - Do jeito que o Nong está se desenvolvendo ele trará muitas medalhas para o clube. - Comentou ele satisfeito.

- P'Team sempre foi muito talentoso e obstinado, com certeza ele fará. - Can sorriu e, passaram a conversar sobre o planejamento que Pruk estava fazendo para a noite de jogos tão esperada pelos meninos.

-Vamos Nongs? - Team falou retornando ao grupo que conversava animado. - Os outros estão aguardando no estacionamento. - Informou ele pegando o envelope que Can o entregava. - Vocês confiriram?- Ele questionou nitidamente sem querer abrir o envelope ali.

- Sim, P'Boss também revisou. - Ae informou confiante no trabalho deles, como Team, Intoch, Pharm e Manaow ficavam quase sempre com as partes mais pesadas, porque queriam evitar ao máximo a exposição deles aquele mundo obscuro, eles faziam o máximo, também, para ajudar a diminuir o fardo.

- Ok!- Team deu um sorriso para os dois meninos a sua frente e se voltou para seus mais velhos. - Phis nós vamos primeiro, obrigado pela ajuda na prática. - Ele cumprimentou seguido por seus irmãos.

- Até Nongs, vão com cuidado! - Pruk respondeu amigável.

- Qualquer coisa que precisarem basta ligar. - Win olhou sério para os meninos, algo lhe deixava aflito quando percebia que as falas não eram totalmente ditas, ele ficava em cólicas de preocupação.

- Pode deixar Hia, tudo correrá bem! - Team deu um sorriso ladino e seguiu com seus irmãos.

Depois de deixar seus pequenos com os demais irmãos, Team partiu sozinho, mesmo sobe o protesto de todos, ele não via necessidade, já que era uma simples tarefa de entrega e, logo ele chegava ao seu destino. O Nong entrou em um pequeno café mal movimentado, tanto que não foi difícil identificar o homem que estava a sua espera. Ele caminhou até a mesa e, assim que o Sr. O avistou fez sinal para que se sentasse, como o homem estava ao telefone , Team fez um Wai respeitoso em silêncio e se sentou para aguardar. O Sr. Tinha uma xícara de café a sua frente e empurrou o pedaço de torta que estava no meio da mesa em direção ao Team, gesticulando para ele comer, ao que o pequeno sorriu aceitando de bom grado aquela sobremesa.

- Desculpe, mas era meu filho e, como é raro ele se dispor a me ligar...- O senhor sorriu se desculpando.

- Tudo bem tio! - O menino o tranquilizou entre as garfadas em sua torta. - O Sr. Faz bem em aproveitar o tempo para cuidar da família. - Team sorriu pesaroso, nem todos tinham uma sorte daquelas.

- Você, mais do que eu deveria seguir seu conselho. - O senhor o olhou sério, levantando sua xícara para beber um pouco do seu café. - Meu sonho é ver vocês fora das ruas e sossegados em casa cuidando da família. - Ele suspirou.

- E, o que fazemos não é cuidar da família?- Team questionou sorridente. - Só ampliamos o sentido de família. - Ele deu de ombros.

- Vocês são muito novos para essa vida perigosa. - O senhor falou quase para se mesmo.

- Éramos muito novos para sermos abandonados, sermos abusados de todas as formas, excluídos ... E, assim mesmo fomos... - Team refletiu amargamente. - E, nem por isso fomos derrotados, então porque não aproveitar essa força para ajudar os outros?- O menino argumentou.

- Eu não vou mesmo persuadir vocês?- O homem questionou triste, ele sempre que tinha oportunidade gostava de se encontrar pessoalmente com aquelas crianças, tinha esperança que um dia elas o ouvissem, mesmo que isso significasse perder seus melhores olhos e ouvidos nas ruas.

- Não... realmente não o faremos!- Team comentou com um sorriso. - Se não trabalharmos com vocês, vamos trabalhar sozinhos, mais ainda continuaremos monitorando as ruas.- O Nong afirmou.

- Prefiro vocês sobe meus olhos e proteção. - Bufou o homem a frente de Team, fazendo o menino sorrir abertamente.

- Ok! Agora toma...- Team terminou sua torta e retirou o envelope da mochila. - Aqui está todo o material que conseguimos reunir. - Ele colocou o material sobre a mesa.

- Obrigado, isso irá nos ajudar bastante. - O senhor tinha que concordar que eles eram muito bons no que se propunham a fazer e, mesmo quando recebiam tarefas mínimas eles iam além. - E, como vão todos? - Ele sempre gostava de afastar um pouco o lado profissional para criar laços com aquelas crianças, eles eram muito especiais.

Os dois pediram mais tortas e cafés e ficaram um bom tempo conversando sobre diversas coisas sem muito aprofundar já que ambos eram muito reservados, mas o respeito, o carinho e a preocupação estava sempre presente naquele homem. E, depois de se despedirem cada um seguiu um caminho diferente.