Capítulo 24 - Narradora/Autora

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A troca de turno de nossas personagens foi tranquila, ao ponto de Kaayra poder deixar o barco no piloto automático e descer para o seu quarto vazio. Antes disso, foi para o refeitório do barco, onde comeu cerca de 4 pilhas de panquecas azuis com muito chocolate.

Kaayra saiu de seu banho e colocou um shorts e seu top e, aproveitando a calmaria e a solidão momentânea, permitiu que suas asas saíssem de dentro de suas costas. A dor das asas rasgando sua coluna era reconfortante pra ela, fazendo-a se sentir viva com isso, mas sentindo que precisava de mais; aquela dor já não era mais suficiente para o seu masoquismo. Havia se acostumado com essa dor, então buscava novos meios de se sentir viva a partir de ferimentos.

Nossa protagonista pegou uma das facas dela que constantemente estavam nos bolsos daquele cinto mágico e, sentada de pernas cruzadas, dobrou uma delas, de forma que a panturrilha ficasse mais próxima de si e então começou: um corte, dois cortes, três, quatro, até que no décimo corte a dor não passasse de uma sensação de ser arranhado por um gato. E então ela começou a se esfaquear na panturrilha, fincava a faca inúmeras vezes e fazia o sangue coagular e fechar a ferida o mais perfeitamente para não criar cicatrizes notáveis demais, além de usar um pouco de água saída do box de seu banheiro para auxiliar na cura, já que seu controle de sangue ainda não era muito bom.

Ela ficou nesse processo por um certo tempo, até que uma fumacinha começou a aparecer na sua frente e a imagem de Johari Kalifa Kwame surgir em meio a ela, numa Mensagem de Íris, ocupada cortando alguns legumes e sem olhar diretamente para Kay.

Johari: *cansada* Kaayra, querida, desculpe ligar assim de repente, mas Quíron me disse que meu filho sumiu e *olho pra Kay e deixo a faca cair*
Kaayra: *gaguejando* senhora Kwame!? Digo, Johari!?

A imagem de sua possível sogra se formou tão rapidamente em sua frente, que Kaayra só teve tempo de jogar a faca longe, curar de vez sua panturrilha e fazer o sangue sumir. Contudo, suas asas estavam completamente amostra para a filha de Atena. Johari observava a futura nora, sem conseguir formar palavras por um certo tempo, enquanto Kay tentava desesperadamente se explicar para a moça em sua frente.

Kaayra: deuses, como eu vou explicar isso pra senhora? Não tem nem como, céus... Olha, é que... Não, assim não

Johari pegou a faca de onde havia caído e olhou atentamente para nossa protagonista, que imediatamente se silenciou.

Johari: agora faz sentido porque sempre senti que você era diferente de outros semideuses... E o motivo do meu klein Prins não falar sobre sua mãe
Kaayra: *nervosa* ele não...havia te contado ainda?

Johari: Jafari sempre mudava de assunto quando eu perguntava sobre sua mãe. Ela é um anjo então?
Kaayra: ahm...não... É uma história...complicada. Meu pai é um anjo, minha mãe é uma humana... Poseidon só me deu seu sangue pra que eu pudesse ficar segura

Johari: imagino que seu sobrenome, então, não seja um sobrenome
Kaayra: não... É apenas um nome que Poseidon queria em troca de me ajudar pouco depois de nascer. Em teoria eu não tenho um sobrenome, já que minha mãe também não tem exatamente

O semblante da cozinheira estava confuso e sério encarando nossa pequena anjinha, que logo começou a explicar, resumidamente, a história de seus pais.

Kaayra: meus pais existem faz muito tempo... Meu pai deve ter a mesma idade de Cronos, senão mais. Minha mãe é um pouco mais nova, eu diria... Ela existe desde a época do início da Babilônia, então os sobrenomes eram o nome de onde nasciam... Minha mãe se chama Shamira de En-Dor, mas muitos que a conhecem a mais de um século a chamam de Feiticeira ou Necromante de En-Dor... Meu pai tem os títulos dele enquanto anjo
Johari: entendi. Kaayra de En-Dor... Não soa tão mal *sorrio um pouco*

As Sete Pecadoras e o Deus do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora