1. Uma tal de Hope

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Vejo muitas imagens passando, imagens que fazem pouco sentido, me vejo matando um monstro enorme; me vejo sendo tão feroz em uma luta, que mal me reconheço; vejo alguém igual a mim, e ela me entrega alguma medalha ou algo assim; vejo um deserto que está inundado e seco na mesma fração de segundo (se eu olho por muito tempo, minha mente fica confusa); por fim, vejo meu quarto, e eu estou ali, dormindo, não a mais ferocidade em mim, não tem luta, sou só eu dormindo, e então que...

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Hope acorda, não fazia diferença o sonho que ela teve, ela precisava levantar, tomar um banho e se arrumar para a escola, estava atrasada, o que era normal, ela dormia tarde por está lendo, ou por está jogando qualquer jogo que ela pudesse jogar sozinha. Esse hábito noturno já vinha de tanto tempo, que o cansaço estava estampado em sua cara, "dormir 6 horas por dia era o suficiente", ela tentava se enganar dizendo isso, mas os olhos fundos, as quedas de pressão, uma notória dificuldade em aprender e se concentrar, faziam ela perceber que aquilo era mentira.

Hope se "arrumou" (tomou banho e colocou o uniforme, o que claramente não é uma arrumação descente), seu cabelo estava bagunçado como sempre, as unhas ruídas, suas roupas levemente manchadas, apesar de estarem lavadas; qualquer um que olhasse rápido, acharia que ela era uma moradora de rua, que doaram um uniforme, mas não era bem esse o caso

Hope vai à escola, chegando lá faz o de sempre, vai até a sala da diretora, sua mãe, antes de entrar na sala, ela houve uma voz forte vindo de dentro -Tonton?- ela indaga enquanto aproxima o rosto da porta, pra tentar ouvir do que se trata a conversa. A porta se abriu antes que ela escutasse qualquer coisa, por sorte, ela não estava encostada na porta, então ela consegue disfarçar a falha tentativa de espiar. Da porta sai um irritado "Tonton"

-Bom dia supervisor Toronto- ela diz em um tom normal, que podia parecer animado pra alguém muito triste, ou bem seco pra alguém muito animado

-Senhorita Santiago- ele a saúda com a cabeça e segue seu caminho, sem dá muita atenção para a garota, ele não parecia irritado, ele estava neutro como sempre, apático num nível que você poderia dizer que ele não tinha alma, o que talvez fosse verdade

Tomás Toronto ou "Tonton", que era como a maioria se referia a ele, era o supervisor geral de todas as escolas, era comum ver ele nos corredores, boatos diziam que o Tonton tinha clones, e tinha "um dele" em cada escola, mero boato, ele só organizava bem o tempo, o suficiente pra passar em todas as escolas, todos os dias, ele sim é alguém que ama o emprego, e com certeza nasceu pra isso

Hope bateu na porta, e pediu permissão para entrar, apesar de parecer uma menina jogada, ela era de fato bem educada, em especial com a sua mãe

-Entre- disse a diretora, ela sempre tinha esse tom firme e autoritário, mas isso não era incômodo

Hope entra fechando a porta -A senhora pensou no meu pedido de sempre?- era estranho, da primeira vez que ela pediu talvez tivesse ficado nervosa, agora, depois de tantas vezes, já era algo natural

-Todos os dias você vem aqui, pede a mesma coisa, eu nego, você não questiona, vai embora e volta no dia seguinte, hoje iremos fazer diferente, vou acatar seu pedido, aproveite seu último dia aqui Hope

Hope estava muito feliz, como poderia ser diferente, sua mãe havia aceito seu pedido, agora tudo ia mudar, agora tudo ia ser diferente, agora ela iria realizar um sonho, ao menos é isso que ela pensa agora

-Agradeço a essa oportunidade Diretora, prometo que tudo ocorrerá de forma tranquila

-Assim espero, se houver qualquer problema não a poderia ajudar, está por sua conta, agora, arrume suas coisas, amanhã cedo alguém irá lhe buscar, já resolvi todas as pendências, sua transferência para outra escola, já é uma certeza

-A senhora estava resolvendo isso desde ontem?

-Isso não lhe diz respeito, só aproveite a minha gentileza

-Mais uma vez obrigado diretora, irei me retirar agora

Assim que se tocou na maçaneta da porta, Hope conseguiu ouvir sua mãe dizer baixinho: "tome cuidado Hope", apesar de tentar ser a diretora durona, ela ainda era uma mãe preocupada

Hope então sai da sala da diretora, e saltita de alegria pelos corredores, não parecia em nada a garota que falará com a diretora 5 minutos atrás

Era o último dia de Hope naquela escola, ela iria se despedir de algumas pessoas, arrumar suas coisas e ir, então ela foi para a sua primeira aula super alegre

A alegria de Hope se dissipou quando entrou na sala e percebeu que estava super atrasada, a aula já estava na metade, o quadro estava cheio, e havia um menino em pé sorrindo para ela, ela concluiu rapidamente duas coisas, uma é que era aula de álgebra, a segunda foi que o menino que ia resolver a questão no quadro, não ia mais ter que resolver

Ex Hex: Escola Onde histórias criam vida. Descubra agora