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O céu estava pintado de um cinza opaco, onde nuvens carregadas despejavam uma chuva fina e persistente sobre a cidade. Cada gota caía com precisão, criando poças nos paralelepípedos das calçadas já molhadas. O som da chuva, um murmúrio constante e reconfortante, competia com o burburinho abafado dos transeuntes apressados. Minha jornada começou nos corredores imponentes da Universidade de Londres, onde mergulhei de cabeça no estudo do design de moda, até me tornar uma pós-graduada.

Meus dias eram preenchidos com a exploração de tecidos, experimentação de cortes e a busca incessante por inspiração nas tendências e no estilo. Meu objetivo era claro: triunfar na competitiva cena da moda londrina e, mais especificamente, fazer parte da equipe da renomada Angelina Jolie, a “Imperatriz da Moda”. Admirava não apenas sua destreza criativa, mas também sua independência e a forma como desafiava as convenções da indústria.

No entanto, antes de alcançar meu sonho, eu precisava trilhar um caminho menos glamoroso. Enquanto ainda estudava, assumi o papel de sua secretária, uma posição que exigia organização impecável e um toque de diplomacia. Meu dia começava cedo, coordenando seus compromissos, garantindo que cada detalhe de sua agenda fosse perfeito. Além disso, uma das minhas responsabilidades era até mesmo buscar seu café favorito nas manhãs chuvosas como aquela. Embora fosse um trabalho distante dos desfiles e das criações inovadoras, cada tarefa cumprida me aproximava um pouco mais do meu sonho de ser reconhecida como uma talentosa estilista ao lado de Angelina.

Ao entrar apressada na cafeteria, meu reflexo no espelho revelou um cabelo usualmente impecável agora desgrenhado, teimando em saltar em todas as direções. Suspirei frustrada enquanto tentava em vão ajeitá-lo com as mãos. Meus olhos cansados encontraram meu próprio olhar no espelho, refletindo a ansiedade que eu tentava disfarçar. Dirigi-me ao caixa com pressa para pedir um cappuccino e um muffin para começar o dia. Contudo, percebi que a cafeteria estava excepcionalmente movimentada, aumentando minha inquietação.

Não podia me dar ao luxo de perder tempo — especialmente não agora, com a pressão aumentada desde que fui promovida à posição de secretária-chefe de Angelina, após a saída repentina de minha antecessora. Sentia como se a Sra. Jolie estivesse sempre observando cada passo meu, e qualquer atraso poderia ser interpretado como falta de comprometimento.

Enquanto aguardava na fila, minha mente se voltava para os altos e baixos do meu trabalho junto a Angelina. Havia momentos emocionantes e gratificantes, onde me sentia parte integrante de seu mundo criativo. No entanto, havia também momentos em que ansiava por um respiro, por um tempo para mim mesma sem ter que dar explicações ou justificativas constantemente. Ao chegar minha vez, apressei-me até o balcão da cafeteria, pedi e paguei minha bebida e bolinho rapidamente. Ignorando os olhares de reprovação e alguns murmúrios irritados dos outros clientes que acidentalmente esbarrei no caminho, peguei meu cappuccino e muffin e saí da cafeteria às pressas.

Cheguei ao hall da empresa e, após uma nova corrida até o elevador, recuperei o fôlego enquanto esperava pacientemente que as portas se abrissem. Apertei o botão do 22º andar com determinação. Quando as portas se abriram novamente, exausta mas focada, dirigi-me à minha mesa, depositando rapidamente minhas coisas e peguei meu tablet e as revistas que precisava colocar na mesa dela antes de sua chegada. Porém, ao virar para entrar em seu escritório, deparei-me com o olhar severo e penetrante de minha chefe, a única, Angelina Jolie.

Com um calor crescente no rosto, entrei na sala dela e imediatamente percebi a atmosfera carregada de tensão, a maneira como ela já começava a demonstrar impaciência, batendo o pé no chão sem sequer erguer os olhos para mim, como era seu costume. Rapidamente, comecei a organizar as revistas sobre sua mesa, posicionando-as com cuidado ao lado do cappuccino.