Where do you belong?

Capítulo 7

*Notas da autora*
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Preto. Por que era preto?

Meus olhos não estavam abertos a nem uma hora e eu já queria fecha-los de novo. Como se não bastasse o dia anterior conturbado e a noite mal dormida, Genya havia aparecido com um sorriso, segurando o que deveria ser o meu kefta - escuro como o breu da noite.

— Não é a coisa mais linda que você já viu? — ela perguntou, suas mãos se espalhando pelo tecido. — Vai dar inveja em qualquer outro Grisha.

Minha boca se abriu. Eu deveria falar algo. Por Zeus! Eu tinha tanto a falar, tanto a perguntar. Genya não estava machucada ou com os olhos vermelhos de choro. O Darkling não havia feito nada por ela não ter me impedido de sair sozinha? Ele não estava bravo? Não era por isso que mandou seus oprichniki? Até em Novyi Zem era conhecido que em Ravka o único Grisha autorizado a usar preto era ele. Por que meu kefta foi feito nas cores dele?

— Pelos Santos! Diga alguma coisa.

— É... — eu não sabia por onde começar com aquilo a minha frente.

O kefta tinha um corte impecável, parecia muito bem feito para algo apenas medido num uniforme do Primeiro Exército. Era como um casaco, com certeza bateria próximo aos meus joelhos. Não consegui identificar o tecido, mas as pontas se ondulavam graciosamente conforme Genya se mexia. O preto era liso e total, nenhuma variação em si, a não ser pelos fios em ouro bordados pela peça. Havia um brilho naquele oásis de cor, como raios de Sol irrompendo ao final da madrugada.

— Tudo bem, eu falo por você — disse Genya, com um suspiro, admirando-o em sua mão. — É de longe o kefta mais luxuoso que alguém em séculos já teve. Você vai ficar ótima de preto.

— Preto é a cor dele.

— É um símbolo de seu favor, Alina. Você vai se destacar de todos os outros — ela falava como se fosse óbvio, como se fosse bom.

— Eu deveria usar outra cor.

As sobrancelhas de Genya se juntaram formando uma ruga impossível em sua testa.

— É claro que não. Isso — disse ela balançando‐ o. — mostra o seu status, a sua preferência, o quão importante você é.

Percebi o contraste entre o kefta creme e dourado de Genya e o que ela segurava. Ela usava as mesmas cores que vi nos servos do Grande Palácio. Estava claro por que ela considerava o maior benefício de todos usar as cores de um dos homens mais poderosos de Ravka.

— Ele não brigou com você? — perguntei, sem saber o que dizer sobre minha nova roupa.

— Não.

Percebi seus olhos vagarem para o chão de repente.

— Foram dois oprochiniki que me trouxeram de volta para cá, pensei que ele...

— Ele não é um monstro, Alina — pareceu falso, a voz da impetuosa doce e leve de mais. — O Darkling só quer o nosso bem, o bem para todos os Grishas.

— Sem ao menos uma bronca, então?

— Bem... — ela hesitou. — Sabe, seria compreensível da parte dele. Você é nova por aqui, ele te confiou a mim e eu a deixei sair sem companhia. Foi tolo e irresponsável da minha parte.

— Eu praticamente fugi, Genya. E acho que você só estava confusa de mais para pensar em correr atrás de mim — suspirei profundamente, era verdade, eu tinha fugido dos problemas. — Ele não quebrou os seus braços ou algo do tipo e você parece normal por que se curou, não é?