Capítulo 1: Fuga

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P.O.V SIMON

Já faziam duas semanas desde que saí de casa. Carregando apenas minha mochila com algumas roupas de frio, água, comida, dinheiro e kit de primeiro socorros. A essa altura, já conseguia ver nitidamente o colorido outonal da floresta, mesmo que estivesse tão no alto, com um pouco de dificuldade, eu tentava escalar aquela maldita montanha, procurei por entradas mais fáceis, mas o lugar foi feito para afastar humanos como eu, então é claro que seria difícil. Mesmo com toda a dificuldade, eu estava ansioso por isso, e não ia desistir até registrar tudo que encontrasse lá, meu caderno andava comigo, assim como minha máquina fotográfica de bolso, velha e de péssima qualidade, mas que me renderia detalhes da vida daqueles seres tão misteriosos, que já moravam aqui na ilha a milênios antes de nós camponeses acabarmos aqui.

Quando finalmente cheguei á floresta, após quatro dias inteiros escalando, parando apenas para descansar e comer por alguns minutos, consegui analisar cada detalhe das árvores, das folhas, do gramado e tudo o mais que aquela exuberante entrada natural me fornecia. Meus olhos brilhavam, claro, e eu estava com medo também, não é por eu ser um explorador que isso não me assustaria, a ideia de trombar com seres dos quais eu não sabia nada sobre, seres que poderiam ser tão perigosos, era de causar arrepios em qualquer ser humano, de fato.

A noite veio, e com ela a necessidade de encontrar um esconderijo, não queria ser pego de surpresa por alguém. Me aconcheguei em uma espécie de caverna que tinha ali a 10 minutos de caminhada desde a entrada, era bonita, espaçosa, e a grama ali era fofa o suficiente para que eu me deitasse sem problemas. Não conseguia dormir apesar disso, muita euforia e energia, queria continuar andando e explorando, mas já era tão tarde, e tão perigoso.

Não passei meia hora deitado, levantei, deixei minhas coisas ali encostadas e sai pra me sentar na parte de fora. Tão rápido quanto eu saí do esconderijo, barulhos estranhos começaram, algumas farfalhadas talvez, não sabia distinguir, pés apressados e pouco barulhentos, estavam se aproximando, imediatamente me assustei e voltei pra dentro, tropeçando nas rochas que tinham em volta, cai dentro do esconderijo e permaneci imóvel, não queria denunciar minha presença. E então o peso de alguém caindo sobre mim, Meu coração parou no mesmo segundo, e segurei a respiração, já começava a me arrepender da ideia de ter saído da segurança da aldeia. Seja lá quem fosse, começou a se levantar, reclamando de dor, mas parou no instante em que me percebeu ali, parou, analisou, e saiu sobressaltado se encostando na parede, olhei de volta com a mesma cara de assustado.
-O que...você é? -Finalmente tive coragem de perguntar, me sentando de frente pra ele, e o observando atentamente, detalhe por detalhe, das orelhas pontudas com adornos dourados, ou eram de ouro? Até os olhos castanhos e assustados, tinha um belo rosto, era uma criatura fascinante, e usava uma coroa de folhas caída nos ombros.

Mas ele não me respondeu, apenas me olhou, esperando que eu desistisse, aquela coisa...tinha medo de mim?
Me aproximei com cuidado, e passei a mão no rosto macio dele, tentando notar cada detalhe.

-Você está com medo de mim? Isso é meio engraçado por que supostamente eu que deveria ter medo de você, afinal eu sou o humano sem vantagens aqui. -Disse dando uma gargalhada baixa para não atrair outros.

Ele me encarou ainda mais curioso e finalmente disse algo:
-Então, você não vai me caçar ou algo do tipo? Me torturar, me prender e me levar pra um laboratório pra fazer experimentos?
Assim que ouvi aquilo comecei a gargalhar ainda mais alto, engatinhei pra sair do esconderijo e quando cheguei na parte de fora, me levantei, voltei o olhar pra ele e estendi minha mão.

-Você vem?
E então ele finalmente saiu e veio.

-Eu não sou caçador, não acho que existam muitos humanos caçadores, ao menos todos os que eu conheço tem medo demais pra vir aqui, imagine caçar vocês.

-Hm, não parece com as histórias das quais estou acostumado, ao menos cinco pessoas da minha linhagem já foram caçadas e sumiram completamente. Mas supondo que eu possa acreditar em você, já que não tentou me matar ainda, mesmo eu sendo um ótimo troféu devido a minha família, vou responder sua pergunta, eu sou uma espécie de elfo, existem muitos tipos, eu sou da família real, então, não existem muitos da minha espécie, mas existem milhares de elfos aqui, estou surpreso que eu seja o primeiro que você veja, mesmo tão próximo a beira da montanha ainda há muitas casas de elfos menores.

-Uau isso é incrível, posso? - apontei para a roupa dele.

-O que? Você quer roupas? Vocês não tem muitas lá? -Ele parecia tão confuso e perdido que o fazia ser ainda mais fascinante, me pergunto o que eles realmente sabem sobre os camponeses.

-Não não não, calma, eu só quero passar a mão pra descobrir a textura, quero saber se vcs utilizam os mesmos tipos de tecido que a gente, já que o modelo de roupa é claramente diferente. -Em seguida ele acenou com a cabeça, ainda meio confuso, e então eu me aproximei e passei as mãos por cima das roupas, um macacão de tecido fino, parecia algo realmente de elite, nao tínhamos muito daquilo na aldeia. Alguns barulhos começaram a vir da parte mais de dentro da floresta, e em um segundo, aumentaram bruscamente, como trotadas, ao ouvir o mesmo que eu, o menino-elfo me empurrou atrás de uma árvore e colocou a mão na minha boca antes que eu pudesse questionar, deitado por cima de mim, ainda estávamos com metade do corpo a vista pra quem estivesse vindo, e então passaram, não um, mas cinco cavalos rápidos e controlados por o que eu assumi serem mais elfos, de cabelos dourados, adornos nas orelhas, roupas de guerreiros, espadas e mochilas de couro, olharam por em volta e eu poderia jurar que nos viram, mas não. Quando já estavam longe, ele soltou a mão, respirando fundo.
-Droga, essa foi por pouco.
-O que foi isso? Quem eram?
-Guardas, estão me procurando, eu não deveria ter saído de casa, mas não aguentava mais aquele lugar, meu pai deve ter colocado eles a postos pra me procurar, a Rainha elfo, minha mãe, não deixaria ele vir me procurar sozinho, ela se preocupa demais se tem guardas o suficiente na minha cola, pra que eu não acabe nas mãos de...caçadores humanos.

-Isso é muito estranho, nunca vi um caçador humano que fosse na minha vida, juro, eu sou um dos primeiros que se atreve a vir pra cá, e como eles não nos viram? Sua tentativa de me esconder não foi das melhores.

-Cara, eu sou literalmente um ser elemental, de uma família real dentro de uma floresta mágica, o que te faz achar que eu não tenho poderes de camuflagem?

-Ah, certo, as vezes eu me esqueço. -Digo sarcasticamente e anoto o que ele contou no caderno. Tiro a câmera do bolso e o fotógrafo.

- O que você fez? -O menino começa a se coçar incessantemente, extremamente desconfiado. E eu começo a dar risadas, obviamente, seres elementais são uma piada ambulante. Ele me olha intrigado, mas logo relaxa o rosto e sorri de volta.

-Fica tranquilo, é só pra colocar no meu caderno, veja -Balanço a fotografia que sai da câmera e mostro a imagem pra ele. -Ta lindo, vamos, me diga seu nome pra que eu possa colocar aqui.

-Wilhelm. -Ele diz sorrindo e estende a mão.
-Wilhelm...entendi, não sabia que vocês conheciam o aperto de mão, piadas a parte, muito prazer te conhecer Wilhelm, espero que você possa me ajudar, assim eu te ajudo a não ser encontrado também. -Devolvo o sorriso e aperto a mão dele, que é tão macia e mágica quanto o rosto.

Two Worlds, One Love (Wilmon fanfic-Young Royals)Onde histórias criam vida. Descubra agora