Thirtieth-second Chapter

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Linda morena, fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vó te desfrutar
Morena tropicana
Eu quero teu sabor

LÍRIO VILHENA

Funguei e mais uma vez ouvi Rigoni dar risada, me fazendo outra vez desabar em lágrimas vendo o biquinho que Tiago fazia após ter tomado as primeiras vacinas antes de receber alta. Estava chorando desde o momento que entrei na salinha de vacinação, depois chorei porque estava com medo de ele sentir dor, e chorei mais ainda quando ele gritou ao sentir a picada da agulha.

— Moreno, não tem graça. — Resmungo brava, ainda sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. — Doeu muito e ele ficou chateado, não foi meu ramo?

— Amor ele é um bebê, e as vacinas fazem parte. — Disse, dando a seta entrando na rua da nossa casa. — Se for chorar todas as vezes que ele precisar de uma picadinha, vai precisar beber muita água. — Sorriu ao me olhar pelo espelho e soltei um beijinho no ar para ele.

Estávamos indo finalmente para a casa e confesso que deixei o medo me consumir, até porque seria tudo muito novo, um bebê trás uma reviravolta nas rotinas. Na maternidade era tudo mais fácil e pratico, as enfermeiras ajudavam muito nós dois, que para pais de primeira viagem, éramos ótimos trocadora de fraudas e de dar banho. Levamos de letra.

Mas em coisas como: cólicas, dores, atraso na mamadeira, e fora tantas outras coisas, tinha receio de sermos péssimos e acabar decepcionando nosso filho.

Nosso filho, era de certeza forma, uma delícia poder falar e pensar sobre isso. Saber que Tiago também carregava meu sobrenome, me fazendo sorrir boba toda vez que olho para certidão de nascimento e ver: Tiago Rigoni Vilhena. Era sem dúvidas motivo maior para ficar com medo.

— Será que ele vai gostar da nossa casa? — Pergunto, ao chegarmos. Mordi o lábio receosa e segurei a mão direita de Tiago, que a perto meu dedo no mesmo instante.

— Não me resta dúvidas. — Respondeu confiante, e parando na garagem.

Rigoni saiu do carro logo em seguida e fiz o mesmo, dando a volta no veículo e retirando com cuidado o bebê conforto que o nenê estava. Ajustei o mesmo no carrinho, pegamos todas as bolsas e seguimos para dentro de casa, já encontrado Cris e companhia.

— Ô meu Deus, cadê o tesouro do vovô? — Meu pai perguntou, levantando rapidamente e vindo em nossa direção. — Aposto que é a minha cara.

— Pai, é óbvio que não. — Digo, e todos são risada. — Ele é a minha cara. — Brinco e recebo um beijo seu em minha testa, logo em seguida um abraço.

— Você só me dá orgulho, meu ramo. — Sussurrou ao meu ouvido e fez mais uma vez meu olhos encherem de lágrimas.

— Deixa eu ver meu afilhado. — Floribella disse, tomando nossa atenção e já fazendo menção de pegar Tiago no colo.

— Não vai pegar ele no colo. — Emiliano respondeu rápido, puxando um pouco o carrinho e fazendo todos franzirem o cenho. — Ele tomou vacina e Lírio já estava chorando por causa disso, imagina se alguém magoar a perna dele. Ela morre.

Todos deram uma risada, e fechei o meu sorriso, o olhando brava.

— Eu já disse que foi porque doeu, né amor meu. — Digo, olhando-o se remexer e choramingar. — Vou por ele na cama e já volto.

— E que fique claro, eu sou a madrinha do Tiago. — Cris disse e minha irmã deu de ombros, nos fazendo rir outra vez.

Pego o pequeno no colo e retiro os tênis ao passar pelo corredor, deixando mais uma vez meus pés descalços. Caminhamos os três em direção ao quarto e antes que eu tenta-se abrir, Rigoni passou em minha frente e assim o fez.

Assim que entramos, fiz questão de apresentar o quartinho para o pequeno que não estava muito confortável em meus braços, então decidindo realmente o por no berço. Feito isso, o cobri com uma mantinha fina e liguei a babá eletrônica, levando uma comigo.

— É real, ele está aqui agora. — Moreno disse, ao sairmos para fora do quarto e fechar a porta.

— Estou feliz e nervosa, por finalmente ter ele com a gente e estar construindo algo nosso, mesmo que adoidado. — Digo, o puxando para perto e passando meus braços por seu pescoço.

— Eu amo muito nossa família, e amo muito a gente. — Sorriu e lhe dei um selinho demorado.

O apertei em um abraço, sentindo a mesma sensação de como se fosse a primeira vez, seu coração literalmente batia junto ao meu e estava me sentindo em casa. Atrás da porta estava dormindo um bebê que não nasceu do meu ventre e nem que eu carreguei por nove meses, mas sim um que nasceu no meu coração e que eu vou criar pelo resto da minha vida.

— Amor, o quadro continua torto. — Digo, ao olhar para porta e ver que realmente ele estava penso.

— Eu desisto. — Bufou e me fez gargalhar.

— Arrumamos isso depois. — Afirmo e lhe dou outro selinho.

*

A noite era a parte mais complicada, já que era o horário que Tiago, dizia: "Não vou dormir e vocês que se virem amanhã", porque sinceramente eu não sabia o complô dele com estar acordada as duas da manhã.

— O que foi filho, você não está com fome e nem com dor, sua frauda está limpinha, tá acontecendo o que? — Indago preocupada, mesmo sabendo que ele não me responderia.

Fiz carinho em seu rosto, mesmo ele estando ainda dentro do moisés ao lado da nossa cama, onde o outro lado estava vazio já que meu namorado, limpava a bagunça que a cozinha estava graças às mamadeiras sujas que ele mesmo deixou.

— Quer somente conversar? — Ele resmungou como resposta a minha pergunta. — Acho que não temos muito em comum, mas eu amo muito você pequenino, e eu sei que você ainda não entende o que é o amor. — Sussurro, já sentindo um no em minha garganta.

Era realmente difícil não falar com ele sem me emocionar e poder sentir uma resposta dele.

— Mesmo que eu não seja, sinto que sou sua mãe e por mais que isso venha possivelmente afetar nós dois no futuro, eu vou lutar pra que tenhamos a melhor relação de mãe e filho. — Seguro em sua mão e a beijo, dando um cheirinho depois.

Com outro resmungo em resposta, decidi pega-lo por fim no colo, levantando e caminhando até a cadeira de amamentação que tinha perto das janelas que mostravam o jardim, sentei-me ali e continuei com o carinho em seu rostinho.

— Você é um ramo, e sabe o que isso significa? — Sussurro outra vez, sentindo a maciez de sua bochecha. — Significa que você é uma multiplicação. Com as plantinhas, nós chamamos isso de reprodução, que se renovam toda vez que são replantadas. — Explico devagar para dar tempo ele decorar, mesmo sendo impossível. — No seu caso, você é a multiplicação do amor entre seu papai e eu, quando você tiver irmãos, também serão ramos.

— Ramos de amor, ótimo título de livro. — Ouço e levanto a cabeça rapidamente, vendo Rigoni escorado no batente da porta.

— Tem razão, vou informar a Cris. — Digo e o chamo para mais perto. — A quanto tempo está aí? — Indago e faço bico, recebendo uma bitoca logo em seguida.

— Tempo suficiente para saber que você é a melhor mãe que esse garotão poderia ter. — Respondeu, dando um beijo no topo da cabeça de Tiago, ouvindo o filho resmungar. — Também te amo.

— Acho que ele me ama mais e do que ama você. — Afirmo e ele faz careta, me causando um sorriso.

— Óbvio que não, ele me ama. — Retrucou e fiz bico, indicando que queria outro selinho.

Neguei com a cabeça, e tando decidi levar o pequeno até a cama novamente, na expectativa de que ele e nós dormíssemos bem o restante da noite. Como o esperando, ele logo se aconchegou assim que o deitei sobre a superfície macia.

Suspirei aliviada e me deitei na cama, sentindo Rigoni passar os braços ao meu redor e me puxar para perto, sussurrando um boa noite ao meu ouvido e iniciando um carinho com os dedos na minha barriga.

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"meu mel não diga adeus..."
queria que não fosse verdade
q dor 💔

𝐒𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬 & 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐬 ━━ Emiliano Rigoni Onde histórias criam vida. Descubra agora