Abrir os olhos foi uma enorme luta. Parecia que meus olhos foram colados com cimento ainda há pouco. A primeira coisa em que foquei foi no que estava no meu colo. Uma pequena mancha vermelha. Uma única mancha. Pequena demais. Parecia sangue.
Mas quando pisquei, a marca sumiu. Minha cabeça doeu. Olhei para o lado direito e vi apenas uma cortina branca. Eu devia estar no hospital. Nenhum quarto na Katharine é assim, branco.
Ao olhar para a esquerda me deparei com uma pessoa. Ele estava em uma cadeira de plástico, daquelas velhas e que não deixa ninguém confortável, Eu não o conhecia, mas ele estava lendo um gibi da Marvel. Não consegui ler o titulo. Minha cabeça ainda latejava, começava dos lados e atrás dos olhos... Parecia que eu havia caído de um lugar bem alto e ouvido alguma coisa que fez meus ouvidos ficarem com esse zumbido. Um barulho estridente.
Mas claro que sei o que aconteceu e me parece impossível que depois de ter desmaiado no meu próprio vômito, eu esteja vivo. E limpo. Ah, droga, alguém me limpou. Sinto minha vergonha crescer e imediatamente quero sumir.
O garoto que lia percebeu que eu estava desperto e veio até mim. Ele usava o uniforme da Katharine. Um aluno.
Pisquei para afastar a ardência atrás dos meus olhos. Malditas luzes fortes.
— Como você está?
Eu ainda precisava de tempo para descobrir.
— Bem — acabo dizendo —, quem me trouxe?
— Eu. E Fênix. E Linda.
Acabo gemendo de frustração. Linda. É claro.
— Ela está lá fora há alguns minutos — o estranho diz —, conversando no telefone. E Fênix teve que voltar para a escola porque ele ainda tinha trabalho a fazer. Ele também não gosta de hospitais.
— Entendo ele — digo e o estranho ri.
Sinceramente, eu ainda ouvia o zumbido nos meus ouvidos e ainda sentia cheiro de vômito. Eu queria voltar a dormir, mas não sentia mais vontade de fazer isso, sentia vontade de fazer perguntas.
— Você me achou?
— Sim.
— E eu estava...
— Com a cara no vômito. Literalmente.
Franzo o nariz.
Não acredito...
— Quem fez aquilo? Você podia ter morrido.
— Nicholas — resmungo.
O estranho, que analisando melhor já que está mais perto de mim, tem cabelos pretos que vão até um pouco das sobrancelhas. E os olhos dele são castanhos intensos. Mas não com pontinhas verdes no centro, nem parecem castanho-avermelhados. Um tipo simples de castanho, mas que é bem bonito. Ele matinha um sorriso no rosto. Até mesmo quando falei de Nicholas.
Meu estômago afundou e me perguntei na possibilidade de vomitar mais coisas sendo que não comi nada.
Minha boca secou.
— Você é amigo dele? — Em outras palavras: Está aqui para terminar aquela brincadeira?
O sorriso dele morreu um pouco.
— Não. Ele também já fez uma brincadeira comigo. Estou na lista dele. Somos dois, ao que parece.
Acabo rindo e isso faz uma pontada de dor surgir nas minhas costelas. Então me lembro de algo.
— Linda... Ela me viu?
— Viu. Mas não viu seus hematomas. Eu vi quando... Enfim... Eu te levantei e vi.
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Entrelinhas (Romance Gay)
Любовные романыAtlas tem esse nome por causa do seu pai. Aliás, seu pai está comandando tudo em sua vida, até mesmo em seus estudos. Atlas foi parar, de um dia para o outro, na Katharine, uma escola de elite que se mostra tão perigosa quanto mesquinha. Há segredos...