24 | stuck in library

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📍Penn State library, Pensilvânia

- Ei, sn. - Escuto a voz de Gallagher, fraca e longe. - Porra sn, acorda.

Abro os meus olhos e dou de cara com um breu completo. A única coisa que iluminava o lugar onde eu estava dormindo eram luzes amarelas que vinham da rua.

Puta merda.

Me dei conta do que tinha acontecido quando olhei para os lados e dei de cara com várias estantes de livros. Aidan estava em pé, ao meu lado.

- Porque você não me acordou? - Gritei com ele, chateada.

- Eu falei pra você que iria esperar no carro. - Ele diz - E nem vem querer gritar comigo de novo, porque você estava acordada. Entrei pela janela e me trancaram aqui com você.

- Você não percebe que depois que você chegou só coisa deu errado na minha vida?

Raivosa, me levanto da mesa onde estava, andando metade da área do prédio e tentando - só tentando mesmo - abrir a porta de entrada. Merda merda merda e merda. Porque essas coisas só aconteciam comigo?

- Então parece que você vai ter que passar a noite comigo... - Aidan diz e ri. - Acordada.

- Eu odeio você!

Digo, apontando o dedo na cara de Aidan Gallagher. Puta que pariu. Eu não acredito que eu esteja passando por isso. Passando por isso com ele.

- Olha...nós podemos só conversar.

- Você nunca quer "só conversar" comigo, Gallagher. - Eu digo, fazendo aspas com as mãos.

- Você não mentiu. - Ele ri. - Mas podemos testar dessa vez.

Frustrada, me sento ao chão, encostada na prateleira de livros. Aidan estava sentado ao meu lado, e só agora vim perceber que ele usava uma bandana estilo Axel Rose.

Rindo, levei os dedos até a mecha caída na testa dele. Ajeitei o seu cabelo  úmido e voltei minha mão para onde ela estava. Surpreendentemente, ficamos nos olhando pelos próximos dez segundos, os dois quietos.

- Eu gosto dessa sua tatuagem. - Ele diz, pegando meus pulso e passando os dedos por cima. - E daquela que você tem no quadril.

- É a minha preferida.

Eu e Aidan rimos. Ele volta a olhar para mim, e depois diz "Espere aqui, eu já volto", e sai andando pela biblioteca escura.

Esperei Gallagher por cinco minutos inteiros. E eu o vi voltando com um violão em mãos, se sentando ao meu lado. Ele começou a dedilhar as notas nas cordas, e eu logo identifiquei a música que ele iria tocar.

"XO" do John Mayer começa a sair da boca de Aidan.

- Your love is bright as ever, even in the shadows. Baby kiss me, before they turn the lights out.

Ele sorria enquanto cantava, e um sorriso involuntário se formou nos meus lábios também. Aidan não precisava de letra, porque ele sabia a letra inteira.

- Your heart is glowing, and i'm crashing into you. Baby kiss me, kiss me, before they turn the lights out, love me in lights out.

Comecei a cantar junto com ele, com minha cabeça encostada na prateleira de livros atrás de mim. A única coisa que eu conseguia escutar era a voz de Aidan e as notas saindo das cordas do violão.

- In the darkest night hour. I'll search through the crowd. Your face is all that i see, I'll give you everything. Baby, love me lights out, baby, love me lights out. Ohh, you can turn my lights out.

A música acabou segundos depois, e Aidan deixou o violão no chão, ao lado de nós dois. Não faço ideia de que horas da noite eram, e eu também não fiz questão de olhar meu celular.

Em vez disso, fiz questão de aproveitar o momento. Era rara as vezes que eu conseguia ficar ao lado de Gallagher, sem estar o beijando ou gritando de raiva com ele.

- Que milagre. - Ele diz, um sorriso saindo pelos lábios.

- O que? - Pergunto em um sussurro.

- Você não tá gritando de raiva comigo. - Ele também fala em um sussurro.

- Você cantou John Mayer pra mim, como eu iria gritar com você?

Aidan ri, e volta a sua cabeça para a posição inicial, sem me olhar. Ficamos em silêncio por no máximo dois minutos, e teve um momento que os dois viraram e começaram a falar no mesmo momento.

- Você primeiro. - Ele diz.

- Eu só ia dizer que é legal não brigar com você. - Deve ser assim que as garotas se sentem ao lado dele, pensei. Sim, eu odeio o fato de que eu mesma apago a fantasia da minha cabeça.

- Que bom. - Ele começa. - Porque eu ia falar a mesma coisa pra você.

Rimos, e de novo voltamos a ficar quietos. Até que eu quebrei toda a onda de silêncio que existia entre nós.

- Onde você acha que vai estar daqui a três anos? - Perguntei.

- Começando a faculdade de direito, eu acho. - Ele diz, e me olha. - Porque?

- Mas e a banda?

- Nós vamos seguir caminhos diferentes em algum momento da vida, sn. - Ele responde, olhando pra mim. - Todo mundo aqui quer se formar em uma coisa diferente e eu não vejo nós juntos daqui a quatro, cinco, seis anos.

- Mas vocês são ótimos...

- É, eu sei. - Ele diz. - Mas somos uma banda de faculdade, formada três dias depois de todo mundo ter entrado aqui. E tem algumas coisas que você deixa na faculdade, porque não pertencem a sua vida fora disso.

- Eu não sei o que eu quero. - Por fim, digo. - Quer dizer, eu sei que queria ser advogado desde os 10 anos de idade. Mas quando eu cheguei no último ano do ensino médio, tudo mudou da água pro vinho.

- Eu sei como é isso. - Eu respondo. - Entrei nessa faculdade por conta da bolsa de estudos no time de futebol americano, e acabei criando uma banda no final das contas.

- Eu tirei um ano sabático pra ver se as coisas iam se encaixar de novo na minha cabeça. - Digo. - Mas eu sinto que as coisas só pioraram.

- Ei. - Ele diz, colocando o braço nos meus ombros. - Dê tempo ao tempo ok?

Em resposta, solto um sorriso. Aidan beija a minha testa e eu deito a cabeça em seu ombro. Pego o celular, conecto o fone de ouvido e entrego um deles para Aidan. "Pretty Boy" do The Neighborhood começa a tocar, e eu e ele ficamos assim o resto da noite.

𝟱𝟬𝟱 ✗ aidan gallagher (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora