Eu pedi para Alessa me esperar exatamente onde estava — o canto ao lado da janela — e mantive meus olhos nela o tempo todo conforme atravessava a multidão com empurrões nada gentis. Luca e Love pareciam imersos numa discussão, mas não me importei. O álcool em excesso já havia diminuído minhas inibições, baixado minhas barreiras de timidez e vergonha. Segurei o braço do meu irmão e ele se virou como se fosse me dar um soco, mas relaxou quando me viu.— Você vai beber hoje? — Perguntei aproximando minha cabeça da dele para ser ouvido sobre o barulho fodido da música.
— Eu não bebo. — Luca disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Eu balancei a cabeça me lembrando de que Luca não bebia depois da reabilitação. — Porque?
— Eu e Alessa queremos beber, mas eu não posso ficar bêbado sem saber que você manterá um olho sobre nós, principalmente sobre ela. Principalmente sobre ela. — Luca me encarou arqueando as sobrancelhas, mas assentiu prontamente.
— Bebam, se divirtam, eu não vou tirar os olhos de vocês. Vou vigiar o tempo todo. — Luca garantiu.
— Você se preocupa muito com a Alessa, isso é bonito. — Love comentou se apoiando no braço do meu irmão.
— Ela é tudo para mim. — As palavras saíram sem que eu pensasse sobre elas. As sobrancelhas de Luca se arquearam e Love abriu um sorriso gentil; não esperei que eles dissessem nada sobre minha declaração involuntária, apenas me virei e retornei para Alessa, empurrando vários corpos dançantes até conseguir encontrá-la onde eu havia deixado-a. — Você confia em mim?
Alessa não hesitou em responder:
— Claro.
Tirei do bolso interno do sobretudo uma cartela com dois comprimidos coloridos. Os olhos de Alessa se arregalaram quando destaquei as pílulas e dei uma a ela. Por um momento, ela só encarou minha mão estendida.
— Isso é droga?
— Ecstasy.
— O que…
— Nós vamos ficar felizes por longas horas, nos divertir, nos misturar. — Falei ao colocar minha mão livre sobre o ombro dela. — Acredite em mim quando eu digo que eu tenho controle total sobre o que estou fazendo e que isso, só hoje, não vai te fazer mal algum.
Era verdade. Cocaína, heroína, injeções de morfina; isso destruía pessoas. Uma dose de Ecstasy, como o próprio nome dizia, nos deixaria apenas em êxtase. Era uma saída fácil para a dor fodida que nos acompanhava. Alessa ergueu a mão com cuidado e segurou a pílula entre os dedos como se fosse morde-la a qualquer momento. Porque tamanha hesitação? Ela ainda não havia entendido que eu cuidaria dela? A morena colocou o comprimido na boca e eu peguei no beiral da janela a garrafa com um resto de whisky no fundo, estendendo para ela um segundo depois. Dessa vez, Alessa não hesitou ao beber. Coloquei minha própria pílula colorida na boca e engoli com a saliva.
— O que isso faz? — Alessa perguntou com curiosidade e excitação. Eu estava feliz por vê-la começando a relaxar.
— O ecstasy atua diretamente no cérebro, alterando a função de substâncias que fazem a ligação entre as células nervosas, os neurotransmissores. A droga também faz a pressão arterial, a temperatura corporal e a freqüência cardíaca aumentar. — Dei de ombros, me sentindo estranho por dar aquela explicação laboratorial em uma festa. Eu realmente não era bom em me misturar. —
O ecstasy age diretamente sobre os neurônios que utilizam a serotonina como neurotransmissor. A serotonina é um dos neurotransmissores que agem sobre as emoções como: agressão, sexualidade, dor, sono e humor. Daí a conotação de ser uma droga que facilitaria as relações entre as pessoas. Basicamente, te deixa com mais vontade de socializar, tocar, ser tocado, conversar…
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INQUEBRÁVEL - Saga Inevitável: Livro 4.
RomanceINQUEBRÁVEL: Aquele que não pode ser quebrado, que não pode ser partido. Nino Parisi e Alessa Vacchiano tinham uma coisa em comum: haviam sido machucados pelas pessoas que deviam protegê-los. Duas almas destruídas, dois seres humanos lutando todos...