16. NINO.

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— Você tem medo de que Alessa se afaste de você depois de você ter cuidado de Clarice? — Fiora perguntou estreitando os olhos.

— Ela viu isso como uma traição. — Respondi. — Clarice chamou Alessa de vadia sonsa, a tratou com total desrespeito, e ela acha que eu estava escolhendo Clarice ao invés dela, mas eu só não podia ignorar uma mulher ferida aos meu pés!

Comecei falando baixo, mas por fim estava gritando e tremendo. Fiora se colocou de pé e me olhou com conhecimento.

— Nino… Alessa parou de falar com você outra vez?

— Sim! — Gritei de novo, os olhos queimando pelas lágrimas de tristeza e desespero. — Ela me deixou!

— Nino. Eu entendo que você a ame, que você goste da companhia dela, mas você não deve depositar todas suas fichas em uma só pessoa, você…

— Você não entende, porra! Ela é tudo para mim, tudo! Eu não posso viver sem ela!

— Nino, shhhhh. — Fiora se aproximou colocando as mãos nos meus ombros quando as lágrimas desceram por meu rosto. — Você pode viver sem ela. Você só não pode viver sem você mesmo.

— O que eu vou fazer? — Perguntei num sussurro quebrado.

— Por enquanto? Nós vamos trabalhar juntos para que você entenda que nenhuma outra pessoa pode ser o único motivo da sua felicidade. — Fiora disse gentilmente. — Ela não pode ser tudo para você, Nino. Não pode. Nenhuma pessoa pode. Pessoas são passageiras e olha como você fica a cada vez que Alessa se afasta… Você não pode deixar que ninguém tenha tanto poder sobre você. A dependência emocional também pode ser uma doença perigosa, Nino.

— Mas eu a amo…

— Eu sei, Nino. Eu sei. Mas você precisa aprender a amar sem se doar tanto. Você precisa aprender a amar sem se diminuir, sem anular você mesmo, sem se destruir.

Setenta e duas horas inteiras sem uma palavra de Alessa. Ela havia simplesmente ido embora sem se despedir e ignorou totalmente minhas mensagens e ligações. O que eu deveria ter feito? Deixar Clarice sangrar em minha frente? Porra. Eu teria ido contra todos os meus princípios e feito isso se soubesse que Alessa pararia de falar comigo. Manoel Giordano e sua comitiva chegariam em algumas horas e tudo que eu conseguia pensar era no quanto eu era substituível, descartável. Eu jamais deixaria Alessa sozinha, jamais pararia de falar com ela porque ela me magoou, mas ela o fazia sem remorso algum. Eu estava fodido. Fiora tinha razão sobre o poder que ela exercia sobre mim e eu não conseguia parar de me sentir mal. Terminei de fumar o cigarro e levantei minha camisa, apagando-o na pele do meu estômago; mal registrei a dor. Saí dos jardins e entrei em casa pela porta da cozinha, encontrando Nico parado perto do balcão. 

— Levante sua camiseta. — Não parecia um pedido. 

— Porque? 

— Eu só quero ter certeza de que eu vi   mesmo você apagando o cigarro na barriga. — Os olhos de Nico estavam duros e eu respirei fundo ao olha para as janelas da cozinha; grandes e largas, dando uma visão privilegiada de onde eu estava. 

Encarei Nico fixamente, nada disposto a deixá-lo comprovar sua teoria. Sem esperar por uma resposta, meu irmão atravessou a distância entre nós e agarrou a barra da minha camisa, mas eu o impedi de levanta-la ao segurar seu pulso com força. 

INQUEBRÁVEL - Saga Inevitável: Livro 4.Onde histórias criam vida. Descubra agora