Apenas Casos Contidianos de um Detetive

O Jogo de Beisebol

- Naomi Yamasaki -

Os tiros ecoavam alto pelo salão, seus sons eram estridentes como trovões de uma tempestade violenta, eu mantinha meus olhos sob o alvo na minha frente e tentava ao máximo não errar em nenhum dos pontos principais, estava no clube de tiro que costumava a frequentar de manhã em todos os finais de semana, de alguma forma aqueles sons me distraíram um pouco de tudo o que tinha visto nos primeiros dias de trabalho. Ao descarregar a minha arma, decidi dar uma pausa, saindo da sala de treino e indo comer um sanduíche que estava guardado em minha mochila, caminhando pelo piso brilhoso, tão limpo que podia enxergar meu reflexo conforme andava, meus pensamentos me distraíram por um momento até sentir algo vibrando no bolso da minha calça, rapidamente levei as mãos ao meu celular, atendendo e escutando aquela voz relaxada e tão conhecida do outro lado da linha.

- Uh, atrapalhei algo? Seu amiguinho policial precisa de ajuda, acredite, Megumi não está em bons dias e decidiu que toda aquela papelada deveria ficar conosco, estou atrapalhando? -

- não mesmo, tudo bem, onde você está? Estou indo para o trabalho, eu devo levar um café para você? -

- não precisa, está tudo bem, eu acho que pegamos um caso grande, é recente e ele tem uma certa urgência -

Me sentei em um sofá à espera da recepção do clube, dando pequenas mordidas no sanduíche, saboreando cada pedacinho enquanto pensava um pouco sobre o caso que iríamos resolver, apenas assenti rapidamente e Keiji sem demoras começou detalhar cada acontecimento do ocorrido.

- Bom, não sei se você é de assistir beisebol, muitas pessoas gostam de assistir essas coisas, o caso em questão aconteceu com um dos jogadores de segunda liga do time principal, aparentemente houve uma espécie de sabotagem no jogo -

- sabotagem? Que tipo de sabotagem? - as coisas estavam ficando interessantes

- aparentemente um dos jogadores da segunda liga foi atacado no vestiário antes do jogo começar, querem investigar quem foi o mandante do crime, foi uma briga bem feia, acredite -

- entendo, em meia hora estou por aí, eu vou pensar sobre isso, até mais tarde -

Antes que Keiji pudesse responder desliguei o celular, me levantando rapidamente e em passos rápidos caminhando até o ponto de táxi, meus pensamentos se direcionaram ao caso, havia muitas questões em jogo como o ataque exclusivo a um dos jogadores, principalmente de segunda liga, por um breve momento senti um arrepio na espinha, um pequeno choque gelado na nuca e em segundos senti aquele mal pressentimento, apertando levemente a bolsa que carregava em mãos enquanto mordia os lábios de nervosismo, já havia sentido aquilo antes e tudo o que veio foram longas noites acordada pela insônia. Balancei a cabeça de um lado para o outro, tentando afastar aqueles pensamentos ruins ao entrar no táxi e dar as ordens ao motorista que dirigia calmamente para fora do clube de tiro, passando por árvores e pequenos prédios comerciais.

Os dias têm sido tão corridos que sequer tive tempo para me adaptar à nova rotina, o amargo do café, meus novos parceiros de trabalho, a vida tão corriqueira que sonhava ter desde que era uma garotinha. Assim que cheguei na delegacia, sabia que meu parceiro me aguardava como sempre costumava a fazer, ele era um homem pontual o que me lembrou de alguns dias atrás, quando ele era totalmente estranho para mim, com uma aparência pouco confiante e o jeito mais reservado de ser, me admirei com seu jeito de trabalhar e os olhos certeiros para pequenos detalhes escondidos durante uma cena, apesar dos flertes, dos sorrisos atrevidos, de olhos cansados e indecifráveis, quase nunca podia adivinhar o que ele estava pensando, quando percebi que estava pensando longe demais dei de cara com o próprio que calmamente acenou preguiçosamente e começou a caminhar em minha direção.