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Niki P.O.V

Eu queria rir, mas sabia que levaria um tapa caso o fizesse. Sunoo estava enrolado em si mesmo, como uma bolinha no canto do sofá. Ele se recusava a vestir a camisa do pijama de antes, porque ela estava "toda grudenta" por causa do licor - e ele também estava um pouquinho -.

- Se quiser põe essa camisa você, eu não vou vestir ela nem fodendo. - Sunoo dizia com a voz abafada contra os próprios joelhos, em posição fetal.
Inegável que ele estivesse meio bêbado, seu tom arrastado e preguiçoso denunciava algo á mais que cansaço.

- Hm, mas você tem que tomar banho antes de dormir, e os banheiros ficam do outro lado do avião, neném. Prefere ir sem? - Me espreguiçei, logo me juntando ao garoto na ponta contrária do estofado. Talvez eu tenha sentido meus ossos estalarem, mas a idade chega pra todos.

- Quanto tempo ainda falta pra chegarmos em Okayama? - o Kim perguntou com uma voz preguiçosa, erguendo o rostinho inchado por meio-segundo e ainda abraçando os próprios joelhos.

Olhei o relógio, 02:34 da manhã.

- Menos de 5 Horas.

- Então eu vou ficar por aqui mesmo, até lá decido o que fazer. - Ele voltou a afundar o rosto entre os próprios joelhos, na mesma velocidade que o levantou segundos atrás. Agora eu realmente ri, me esticando e puxando o garoto pela cintura até mim novamente, e mesmo escutando alguns protestos do mesmo,  o abracei por trás e apoiei meu rosto no vão do seu pescoço, inalando ali seu perfume agora misturado com o cheiro que frutas vermelhas e álcool do licor de hoje mais cedo. Como ele estava sem a parte de cima do pijama, pude sentir com mais clareza.

Ele riu baixinho, provavelmente pelas cócegas em seu pescoço, e só por isso eu comecei a deixar alguns beijinhos estalados sob as marcas em seu pescoço e ombros, colando seu corpo ao meu novamente.

- Para, seu gay! - O Kim disse entre risos tentando tirar meus braços do entorno de sua cintura, o que era inútil pois eu ainda era mais forte.

- Gay é meu pau na sua cara. - Respondi em um falso tom malcriado.

- Olha a boca, capeta! - Sunoo me repreendeu, olhando feio.

- Nela também. - Agora não foi um olhar feio, e sim uma cotovelada, na ponta da minha costela. O oxigênio em meus pulmões sumiram por meio segundo e me afastei do mais velho, envolvendo meu próprio corpo com os dois braços pra tentar amenizar a dor e para me proteger de eventuais futuras agressões da parte do menor também - Ai Ai, porra!

- Pra você parar de gracinha. - Pude ver um sorriso satisfeito querendo se formar nos lábios do Kim quando ele se virou pra mim e o disse.

Fiz um biquinho inconformado, ainda envolvendo meus braços ao redor do corpo e agora quem se encolheu em posição fetal fui eu.

- E precisava furar meu pulmão pra isso? - Finjo uma falta de ar e digo com uma voz afetada, como se estivesse sufocando.

- Precisava, você não para quieto enquanto a gente estiver só falando. E para de ser dramático, nem foi tão forte. - Fiz uma expressão ofendida ao escutar tais palavras.

- Que calúnia! E eu não sou dramático,  quando alguém enfiar uma faca no teu pulmão eu também vou rir, tá? -  Dei língua ao mesmo e desviei de uma almofada voadora. - Se queria tanto calar minha boca era só ter me b-

Não terminei a frase, pois seus lábios se chocaram contra os meus mais uma vez, em um selinho breve. Fiquei estático. O Kim sorriu enquanto subia mais uma vez em meu colo, suas mãos puxavam meus braços para si e logo pousaram os mesmos ao redor de sua cintura, segurando meu rosto com sua destra antes de juntar nossas bocas novamente, não demorando para aprofundar o contato .

Me surpreendi com os atos do mesmo, pois sou sempre eu que tomo iniciativa quando quero algo, e nunca ele. Sunoo era esquivo e tímido comigo, sempre na defensiva,  por mais que parecesse sempre desinibido  e confiante na frente de outras pessoas.

Sunoo sabia mexer com minhas emoções, sempre soube, mas ultimamente ele tem se superado. Cada ato seu quando estamos sozinhos me faz vibrar internamente, cada sorriso me aquece, o que me faz pensar que a mania que temos de implicar um com o outro talvez seja para equilibrar essas sensações, pelo menos da minha parte. Costumamos nos odiar na frente dos outros, mas quando estamos sozinhos é quando realmente entramos em sintonia.

Retribui seu beijo na mesma intensidade, o puxando para mais perto e encaixando-o em meu colo com cuidado. Ele estava calmo, mas algo em seu jeito denunciava um tom brincalhão, como se estivesse se divertindo além da conta ali. Talvez ele estivesse, se divertindo com meu coração em suas mãos, como um brinquedo.

Mas eu não reclamaria caso estivesse.

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- Sunnie, nós já vamos chegar, acorda gay! - Takara sacudia o amigo que dormia calmamente com meio quilo de base em seu pescoço e mandíbula, mesmo usando uma camiseta preta de alguma banda de rock que não mostrava muita coisa. Melhor prevenir do que remediar.

- Você me disse isso meia hora atrás, acho melhor agora realmente estarmos perto porque se não eu te jogo desse avião, me deixa dormir, porra! - O coreano abriu os dois olhos e resmungou, com uma expressão nada amigável para a japonesa á sua frente.

- Para de reclamar, já tá todo mundo acordado, só você que não. O que você tava fazendo que não tava dormindo quando era pra dormir, puta de esquina? - Takara desviou da pantufa fofinha que Sunoo arremessou em sua direção.

- Nada, e puta de esquina é você. Se liga hein, gata. - O Kim ergueu uma das sombrancelhas e encarou a melhor amiga de canto de olho, arrumando um fio de sua franja que havia caído  ao arremessar a coitada da pantufa.

- O negócio tava tão bom que até de roupa você precisou trocar né, onde foi parar seu pijama? - Minji apareceu por trás de Takara e a abraçou, dizendo só por brincadeira, mas o rubor nas bochechas de Sunoo o entregou, mesmo que ele tenha virado o rosto para disfarçar. - Espera aí, então eu tô-

- Vocês duas não estão nada, lésbicas futuristas. Vão se arrumar  por que ao que parece agora a gente já tá chegando mesmo. - Jungwon apareceu atrás das duas junto com Hanse e Niki, interrompendo Minji e empurrando as duas sem força, apenas tirá-las dali, o que funcionou.

Atrás dele, Niki manteve sua expressão serena enquanto encarava o Kim, mas estava mais do que claro que ele queria rir.

Sunoo o encarou com deboche e foi até Jungwon e Hanse, abraçando o Do primeiro e resmungando um "bom dia" ao mesmo. Logo em seguida repetiu o ato com Jungwon, murmurando um agradecimento á ele, que respondeu um "Se você já está no inferno, deve abraçar o satanás" carregado de indiretas que Sunoo não se deu o trabalho de pegar, não agora.

Quando os dois saíram, Sunoo planejava se virar para ir até Jay que tinha acabado de sair do banheiro, mas Niki segurou seu pulso antes, se aproximando mais.

- E o meu bom dia, Kim?

- Vai pro inferno, Nishimura.

𝐈&𝐜𝐫𝐞𝐝𝐢𝐛𝐥𝐞.(hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora