Axioma.

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A crua realidade de que havia entregado-se completamente, não apenas de corpo, como também de alma, para outra pessoa que não fosse Taehyung, assustou Soojin como o inferno antes de pegar no sono. Ela teve Shuhua ao seu lado durante toda noite, não ousou levantar sua voz para mandar a mulher ir embora do quarto porquê... Porquê simplesmente não sentia que deveria deixá-la ir.

E, por mais clichê e exacerbado que vá parecer, Soojin talvez nunca tenha tido uma noite de sono tão confortável como aquela. Ali, com seus corpos grudados como se fossem ímãs e sentindo os batimentos cardíacos de Shuhua suaves à medida em que pegava no sono, Soojin poderia dizer que, pela primeira vez em muito tempo, conseguira dormir. Não houve preocupações em seus pensamentos de que, em uma possibilidade distante, pudesse ser atacada, apesar dela ainda existir.

A coreana apenas... Sentiu-se tão acalentada com o calor do corpo de Shuhua, com suas carícias recheadas por uma gentileza incomparável e a velocidade maluca que seu coração pulava, que fora difícil resistir ao sono. Dormira com um grande sorriso no rosto, apesar de sentir-se confusa.

O que eram todos aqueles sentimentos que ela sabia que existiam, afinal de contas?

Veja bem, Soojin fora criada pelos costumes antigos de seu pai e, até poucos anos atrás, compartilhava do pensamento que Taehyung seria o homem para o resto de sua vida. Ela o amava, e não haviam conflitos ou confusões a serem discutidos em relação a esse assunto. Por isso, nunca se imaginou deitando-se com outra pessoa... Não compartilhava de desejos carnais, o que mudara por completo ao conhecer Shuhua.

Por isso a resistência desde o começo, entendem?!

Fora, é claro, o fato de que sua cultura e religião a ensinava que estar com outra mulher era errado.

Mas naquela noite... Soojin apenas não pensou. Ela mandou todos aqueles pensamentos que estavam a atormentando para o fundo da caixa e se permitiu viver... E, caramba, ela nunca se sentiu tão viva como quando Shuhua a tocava, quando a beijava e a puxava contra sua pele.

Um misto de fascínio e tormento para alguém que, definitivamente não sabe muito bem como lidar com sentimentos novos.

- Pergunta. - Shuhua entrelaçou seus dedos ao de Soojin com uma pequena risada presa entre seus lábios. - Cor favorita?

Passaram grande parte da madrugada assim - agora vestidas - quando acordaram com um barulho do lado de fora porquê aparentemente Hanse era muito mais paranoico com a segurança do que Soojin, e, depois disso, não conseguiram mais dormir. De primeira instância, as coisas ficaram um pouco constrangedoras porquê nenhuma das duas sabiam o que dizer. Poxa, elas haviam feito algo realmente íntimo e sim, Soojin considerava aquilo demais porquê ela definitivamente não tinha sexo casual com ninguém.

Então, para tentar descontrair, Shuhua começou a fazer um jogo de perguntas para conhecê-la e vice-versa. Depois de um tempo, nenhuma das duas haviam se dado conta de que a luz irradiava do lado de fora.

- Azul, definitivamente. - observou sua mão entrelaçada a de Shuhua e suspirou. - Animal favorito?

- Amo cachorros. - lambeu os lábios. - Mas gatos são uma gracinha. Não me faça escolher! Eu me recuso! - apontou ameaçadora, ganhando um riso baixo de Soojin. - Pergunta. Qual a sua tatuagem favorita?

- É difícil dizer. - a coreana virou-se de frente para Shuhua, sem intenção em desentrelaçar seus dedos. - Mas eu sou apaixonada pelo número romano em meu quadril.

- O que significa? - perguntou curiosa.

- É o aniversário de meu pai. - sorriu fraco.

- Você era muito próxima dele? - Shuhua parecia receosa ao perguntar. Não queria entrar em terrenos perigosos pois sabia que Soojin poderia voltar a se fechar para ela, e não era isso que desejava. Tudo o que Shuhua queria, era estar próxima da coreana.

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