A estação

Capítulo 5

Encaro seu rosto com aquele sorrisinho convencido e entediante estampado. Mesmo depois de anos, Jack continuava charmoso como sempre fora. Seu cabelo que antes era curto, quase raspado, agora estava grande, além de sua barba, claro. Tinha um porte diferente, ficou mais curvado com os anos, mas nunca deixava de perder a postura. Ele me olhava de forma estranha, e já estava começando a me incomodar esses olhares por toda a extensão do meu corpo.

Tentava falar algo, mas simplesmente não conseguia. Estava estática e suando frio. Quando penso que ficaria uma eternidade sem me mexer, ele começa a andar para frente, mas o paro ali mesmo do lado de fora do elevador.

— O que faz aqui? — Falo grossa e séria

— Lena Luthor! Realmente os anos lhe caíram bem — percorre de novo os olhos por meu corpo

— O que faz aqui Jackson? — repito e ele sorri de lado

— Quando os advogados avisaram no conselho que a L-Corp havia assinado contrato com o Danvers Hospital e ainda por cima tinha sido você, não acreditei, tinha que vim ver com meus próprios olhos — Fala e só então percebi seu uniforme de trabalho, tinha escolhido ser médico então. "Finalmente tomou rumo na vida"

— Bom, já viu, agora já pode se retirar — cruzo os braços e arqueio minha sobrancelha

— Ah, mas que isso, eu esperava uma recepção mais calorosa Leninha... o que acha de sairmos para tomar um café? Relembrar os velhos tempos? — Fala e imediatamente sinto a raiva me consumir

— Escuta aqui Jackson porque eu vou falar só uma vez — Respiro fundo — Primeiro, não me chame assim, sempre odiei esse apelido e não tenho mais quinze anos de idade, segundo, o que esperava quando eu te visse? Que agisse como um poço de felicidade? Por acaso esqueceu todas as coisas que você me fez passar seu crápula? E terceiro, do mesmo jeito que você entrou, pode sair — falo e seu semblante muda na hora para sério

Anda para trás, aperta o elevador e, perto das portas metálicas à minha frente se fecharem, ele profere olhando em meus olhos — Isso não vai ficar assim — As portas se fecham e coloco a mão em meu peito, respirando pesadamente. Sinto as lágrimas se acumularem em meus olhos e respiro fundo.

— Senhorita Luthor? — Jess pergunta e me viro vendo seu semblante preocupado — A senhorita quer alguma coisa? Uma água, um chá? Há algo que eu possa fazer?

— Não Jess, obrigada — Enxugo as lágrimas e lhe sorrio — só deixe avisado na recepção que este homem não deve entrar aqui em hipótese alguma certo? Quero todos os funcionários avisados quanto a isso. Se depender de mim, esse crápula não pisará nem na calçada — falo com raiva

— Sim senhorita — assente assustada

— Boa noite Jess, pode ir para casa — falo e entro no elevador apertando o térreo

Assim que saio da empresa respiro o ar natural proveniente da rua. Levanto a mão e chamo um táxi. Quando o senhor me pergunta o lugar, apenas peço que me deixe no bar mais próximo. Pego meu celular e ligo para meu pai.

— Pai — falo com a voz de choro

— Minha pequena, o que houve? — Me pergunta preocupado

— Jack voltou...

— O QUE? — grita em meu ouvido — Desculpe, o que esse crápula fez agora? Como assim cariño, me explique isso direito

— O contrato que assinamos... aparentemente ele é um dos médicos influentes de lá e acabou descobrindo que eu que estou no comando da L-Corp agora. Pai, não estou com cabeça para pensar nisso agora... — falo massageando minhas têmporas