Pode ela ser aquilo que eu tanto buscava? Estar com ela é... inexplicável. Seu jeito carinhoso e romântico me atrai como se eu fosse um barco perdido em meio aos oceanos até encontrar um farol. Uma luz. Ela se abriu comigo e, de alguma maneira, eu me senti confortável o suficiente para proferir palavras, que antes estavam entaladas em minha garganta, sobre uma história quebrada e cheia de defeitos e culpa. Ter escutado o que escutei ontem, me fez querer protegê-la de todo o mal. Abraçá-la e simplesmente mostrar que eu estou ali, mesmo que em silêncio. Ela não merecia passar pelo o que passou. Ninguém merecia, especialmente ela. Dona de um coração tão puro que a muito vinha se curando de uma maneira errônea. Eu estou aqui agora, e se ela me permitir, eu ficarei.
Fecho meu diário e olho atrás da janela do meu quarto. O dia estava quase amanhecendo. A algumas horas atrás eu havia partilhado algo único com Kara e, acho que por esse motivo eu simplesmente não consegui dormir. Abro um pouco a janela e logo sinto o vento gelado tocando meu rosto. Respiro fundo e fecho meus olhos. Sinto o cheiro de grama molhada em decorrência do dia chuvoso que se teve ontem. Essa época do ano era simplesmente uma das minhas preferidas. A mudança do outono para o inverno deixava esse clima gostoso de frio, mas ao mesmo tempo com vistas e paisagens esplêndidas.
Me afasto da janela e coloco um casaco fofinho, me protegendo do frio que ali se instalara. Calço as pantufas que estavam ao lado da cama e abro a porta com cuidado, a fim de não fazer muito barulho. Desço as longas e extensas escadas e caminho até a sala de estar que mais parecia um salão de tão grande, apesar de aconchegante.
Assim que entro, vejo uma figura loira sentada no sofá que logo percebi ser Kara. Ela escuta meus passos e vira a cabeça me lançando um sorriso.
— Ei — Ela fala — Não conseguiu dormir também?
— Não... — me sento ao seu lado e ela me puxa para mais perto
— Eu também não... o dia já está quase amanhecendo e tenho certeza que vou me arrepender de não ter dormido até mais tarde — fala e dá uma risada linda e eu a acompanho sorrindo apenas
Seus olhos estavam mais claros, seu cabelo um pouco bagunçado e seu sorriso lindo como sempre. Ficamos em silêncio e, por um momento, só o que se escutava era o barulho gostoso da madeira queimando na lareira. Observo suas feições e ela me encarava com a mesma adoração, até decidir falar alguma coisa.
— O que acha de tentarmos dormir um pouco? — me pergunta sorrindo e eu apenas assinto
Ela se ajeita melhor no sofá, deitando logo em seguida. Como se me esperasse, levanta a cabeça e me lança um olhar questionador. Abre os braços e logo me aconchego junto ao seu corpo. O cheiro que ela emanava, sempre de rosas, me deixava maravilhada. Com a cabeça deitada em seu peito e o meu rosto rente ao seu pescoço, conseguia sentir seus batimentos cardíacos. Uma frequência acelerada se passava ali e aquilo aquecia o meu coração. Me concentrei no som dos seus batimentos e finalmente fechei os olhos. Antes de adormecer por completo, pude sentir um beijo sendo plantado em minha cabeça e um cobertor sendo colocado acima de mim enquanto eu me aconchegava cada vez mais naquele corpo que mais se assemelha a um travesseiro quentinho.
...
Acordo primeiro que Kara. Tiro um tempo apenas para observá-la. Sua feição serena e de paz alegrava-me de tal forma que me fazia pensar como seria acordar desse jeito todos os dias. Olho ao meu redor e vejo que ninguém havia acordado ainda. "Graças a Deus" — penso. Quando penso em me levantar, com todo o cuidado do mundo para não acordá-la, assim que me mexo, Kara resmunga e me puxa, enfiando sua cabeça no vão do meu pescoço, me abraçando fortemente.
Aquilo aqueceu o meu corpo e me repreendi mentalmente por isso. Seu nariz roçando no meu pescoço, assim como seu hálito quente estava me deixando arrepiada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A estação
FanfictionLena é uma mulher completamente segura de si, mas completamente insegura quando o assunto é amor devido a acontecimentos passados. No auge dos seus 27 anos, Lena sai de Paris, sua terra natal, para enfim encarar a gerência da maior sede da empresa d...