Socorro!

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Ah! Você finalmente está aqui, que bom te ver! Bom, creio eu que você não consegue me ver, não é? Pois bem, vou me descrever brevemente porque preciso urgentemente da sua ajuda! Meu nome é Fábio Junior, mas me chamam de Juninho e eu tenho cabelos loiros e curtos, eles são cacheados e estão levemente bagunçados, não tive muito tempo de pentea-los, minha pele é clara, mas está meio suja de terra e eu estou usando uma camisa social preta com bolinhas vermelhas espalhadas aleatoriamente como se fosse um spray, além de calças jeans marrons-acizentadas e sapatos marrons-escuro, um cachecol vermelho felpudo está envolvido no meu pescoço.

A verdade é que tem alguém atrás de mim, eu não sei o que fazer, ele matou brutalmente meus dois amigos ontem a noite e por sorte, eu consegui fugir. Bom, não sei bem se foi sorte, um homem estranho me deu esse cachecol e me prometeu que mal algum jamais me alcançaria enquanto eu usasse ele, talvez seja por isso que eu consegui fugir daquele terrível monstro ontem a noite, mas eu não posso me arriscar, você precisa pedir ajudar, impedir de algum jeito que ele me alcance, você precisa contatar quem quer que consiga mudar essa história!

No momento eu estou em casa, no meu jardim, estou tentando não surtar, não sei o que fazer, o sol está novamente se pondo e ele pode estar a espreita, esperando o momento certo para me atacar. A memória dos meus dois melhores amigos, Nicollas e Jenny, sendo brutalmente assassinados por aquele maníaco não sai da minha cabeça, eles eram absolutamente tudo para mim. Eu vou me armar, vou me preparar para enfrenta-lo, enquanto isso, por favor, tente chamar ajuda e não me abandone!

Meu pai guarda um facão aqui em casa, ele está meio sujo de barro, porém tenho certeza que corta bem qualquer coisa, então, a primeira coisa que eu faço é colocar o cinto com a bainha e guardar o facão nela. Em seguida, eu passo pela porta que dava para o jardim, entrando novamente em minha casa e dando direto na cozinha, a apreensão não me permitiu comer nas últimas horas, mas agora eu meio que não tenho opção, não vou aguentar correr do meu perseguidor de estômago vazio. Abro então a geladeira e retiro um pote com queijo muçarela de lá, pego duas fatias de pão no armário ao lado da geladeira e corto um pedaço do laticínio, colocando-o entre as fatias e devorando o sanduíche rapidamente. Pego então uma garrafa de água na geladeira e começo a tomar com certa pressa.

Entretanto, antes que eu pudesse acabar, um enorme estrondo ecoa da porta da frente, ela havia acabado de ser arrombada, fazendo com que eu quase me engasgasse. Eu solto aquela garrafa no mesmo instante, espalhando água pelo piso da cozinha, e disparo na direção de onde veio o som, me deparando com um enorme homem que segurava um revólver em suas mãos firmes, o rosto oculto nas sombras, eu pude sentir sua intensão assassina na minha pele. Não havia para onde fugir, ele então avista o facão em minhas mãos e aponta a arma de fogo no meu peito, disparando um tiro mortal, entretanto, graças a adrenalina que flui no meu corpo, eu pude desviar com um salto para a direita, me chocando contra a televisão da sala de estar e a derrubando no chão, a bala passara de raspão pelo meu cachecol, abrindo um buraco em sua ponta. Meu ombro arde com uma dor escaldante, mas não havia tempo para me preocupar com aquilo, preciso me manter vivo de qualquer jeito.

Por favor, impeça que ele me mate, você precisa interromper esse destino, está tudo em suas mãos!

Ah não, não tem tempo, ele já está apontando para mim novamente! Eu tenho que atacar! Sem esperar por nada, avanço com toda as minhas forças na direção do homem, virando o facão em sua direção, ele aperta o gatilho da arma e eu fecho os meus olhos, esse definitivamente é o meu fim. Um som do resolver falhando atravessou meu ouvido no mesmo instante, me fazendo abrir os olhos e vendo a expressão de confusão no rosto do homem, mas não havia tempo para um segundo disparo, meu facão elabora um corte vertical da ponta do umbigo até o queixo, fazendo o homem cair no chão.

Disparo então a correr novamente, eu passo pela saída dos fundos da minha casa, acabando na rua, que nesse momento estava praticamente deserta, exceto por um homem, mas isso não é possível, eu não posso acreditar no que meus olhos estão vendo, ele está ali, na rua, me esperando, sem nenhum corte sem nada, estava perfeitamente intacto e pronto para me perseguir. Eu passo a correr, virando na primeira esquerda na rua, com o homem me seguindo incansavelmente. Eu preciso de sua ajuda, eu não sei como ele fez isso, isso não deveria ser possível, por favor, faça o que for possível para me ajudar.

Eu de repente viro e entro no meio de um pequeno matagal que dividia dois bairros da minha cidade, um pequeno riacho passava entre as árvores, e, com destreza, eu passo entre os troncos, desviando com habilidade de cada obstáculo no caminho e pulo por cima do corpo da água, pisando em algumas pedras que se sobressaiam da água, finalmente chegando do outro lado. Me dou então ao luxo de olhar para trás, apenas para ver o assassino passar por uma teia de aranha e, no desespero, tropeçar e cair no chão, batendo com força a cabeça na pedra e não se levantando mais. Poxa, talvez esse cachecol realmente sirva de algo não é? Eu acho que agora ele não me alcança mais!

Então, volto meu olhar para frente mas não posso acreditar no que estou vendo, ele está ali, na frente, apontando uma arma para mim! Será que eu nunca vou me livrar desse homem? Eu acabei de ver ele cair, como pode estar ali já? Não tem como eu fugir disso, eu tenho que atacar mais uma vez, então, saco com rapidez o meu facão e avanço contra ele, que atira em mim, mas as balas apenas não me acertavam, mesmo ele estando bem a minha frente. Enquanto eu dou minha investida, acerto a ponta do facão na arma de fogo do assassino, fazendo o derrubar e… não, espera, me ajuda, por favor não deixe eles me peg…

Fábio, em seu avanço desesperado, enrosca o seu cachecol em um galho de árvore, perdendo o acessório e, no mesmo instante, o quarto policial percebe o que estava acontecendo e dispara três vezes contra ele, tentando proteger seu companheiro contra o ataque do assassino. A primeira bala atravessa a barriga de Junior, misturando o seu sangue com o de seus amigos, aniquilados brutalmente por ele, na sua camisa. O segundo disparo acerta a sua cabeça, misturando o líquido escarlate com o barro proveniente de seu jardim, onde ele havia enterrado suas vítimas. O terceiro e último disparo acerta em sua mão, fazendo-o largar a arma do crime. Agora, as quase 24 horas de apreensão que aquele monstro havia lançado sobre a cidade finalmente haviam acabado e os pais das vítimas poderiam descansar em paz, sabendo que a justiça havia sido feita, os dois polícias mortos por ele na perseguição, um pelo corte de uma lâmina e o outro por um acidente na perseguição seriam lembrados posteriormente como heróis. Aquele caso ainda não estava totalmente resolvido, todo os passos de Junior haviam sido capturados em câmeras e mesmo assim sempre tinha algo que dificultava sua captura, e, o homem ao qual ele havia recebido aquele cachecol e que possivelmente estava envolvido no crime nunca fora identificado ou encontrado.

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