Capítulo 14 - Choque

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- É a empresária, é ela, é Sarah Andrade! Alguém chama uma ambulância, alguém faz alguma coisa, não toquem nela.... Sarah? Sarah está me ouvindo?

Eu ouvia aquelas pessoas gritarem e me chamarem a todo momento. Alguns com uma voz desesperada, outros de forma doce falando meu nome. Eu mal conseguia me mexer, mal conseguia juntar uma sílaba. Senti meus olhos se arregalarem e alguém se aproximar.

- SARAH, meu amor! Calma Sarah, você vai ficar bem, a ambulância está a caminho. Fica comigo, está me ouvindo? Fica comigo! Você vai ficar bem!

Era como se eu estivesse vendo tudo aquilo, mas fora do meu corpo. Quando ouvi um intenso barulho, não sei de onde aquilo veio, era como um apito seguido de uma intensa dor na minha cabeça. Tudo ficou preto.

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- Vamos levá-la para uma Unidade de Pronto Atendimento próxima. - disse o paramédico.

- Não, não, não... Levem ela pro Albert Einstein! Ela consegue chegar até lá, não é?

- Sim, senhorita, o corpo dela desligou, provavelmente pela pancada, mas ela aguenta os 20 minutos. Sabe se ela tem recurso para pagar o hospital?

- Isso não é problema. Levem ela para lá, eu vou junto, rápido!

- Ei, você vai comigo?

- An?

- Anda, não podemos perder mais tempo.

POV JULIETTE

Eu estava na entrada do restaurante ainda, não conseguia decidir o que fazer, estava confusa e formulando mais outras mil teorias quando meu celular tocou.

Olhei o visor por um segundo e meu coração parecia que ia sair do meu peito: Abadia. Algo ruim aconteceu, eu sabia... Eu sabia! Juntei todas as forças que ainda me restavam e levei o celular ao ouvido com as mãos trêmulas.

- Dona Abadia? - falei com a voz trêmula.

- JULIETTE! JULIETTE MINHA FILHA, A SARAH! A SARAH... A SARAH ELA...

Deus... Abadia estava chorando e gritando no telefone, ela mal conseguia falar uma frase com sentido.

- Dona Abadia, tenta respirar! Já estou chamando o Bill, para onde eu devo ir? O que aconteceu?

Eu tentava manter a calma enquanto tudo ao meu redor girava só de ter ouvido aquele nome: Sarah. As minhas pernas ficaram bambas e eu tremia ainda mais. Coloquei Abadia no viva voz e mandei mensagem para o Bill, que prontamente me respondeu e estava a caminho.

- Juliette... A... Sa... Sarah sofreu um acidente. - disse a mulher entre soluços.

Eu já sabia. Nesse momento parecia que haviam tirado o meu chão. De repente tudo ficou preto e branco, sem cor. Tive que respirar fundo para não gritar alí mesmo. Dei alguns passos para trás e sentei no degrau do restaurante. Enfiei a cabeça entre as minhas pernas enquanto aquele cheiro de margaridas do La Tambouille se misturava com o ar gélido de São Paulo, fazendo meu estômago embrulhar.

Seja forte, Juliette. Seja forte.

- A minha Sarah... Juliette, a minha menina... Ela... Ela...

Por um momento esqueci que ainda estava em chamada com a mãe dela. Era a mãe de Sarah, eu precisava ser forte por nós duas. Respirei fundo deixando algumas lágrimas caírem.

- O Bill chegou, dona Abadia. Onde ela está?

- Albert Einstein. - falou entre suspiros.

- A senhora tem alguém para te levar ou quer que eu passe aí?

À Beira do Penhasco - SARIETTEOnde histórias criam vida. Descubra agora