Capturada por amor || Z.M.

03%

Abro os olhos ouvindo um barulho estranho em minha casa, olho no relógio ao lado de minha cama, são 09:40. --- Quem deve estar fazendo bagunça lá em baixo a essa hora? --- me pergunto. Papai estava em uma viagem, e mamãe não acordava essas horas.

Levanto-me da cama com muito esforço, por estar com dor no corpo inteiro.

Desço as escadas. Todas as luzes estão apagadas, mas dá para enxergar graças a luz do dia.

Passo pela sala indo direto para a cozinha. Está tudo arrumado, o que é muito estranho, então continuo a andar.

Quando chego a cozinha, lá está minha mãe, colocando café na xícara.

--- Mãe? --- falo acendendo a luz.

--- Bom dia. Te acordei? --- pergunta ela se virando para mim e me entregando uma xícara.

--- Bom dia. Não me acordou, não --- peguei a xícara. --- O que faz acordada? --- perguntei olhando ao redor e me lembrando que a casa está completamente limpa --- e que horas você acordou?

Mamãe não costumava acordar cedo --- para nós, antes das 12:00 é cedo ---, piorou arrumando a casa. "Primeiro tenho que acordar" é o que ela diz.

--- Na verdade, nem dormi. Estou muito ansiosa para o seu primeiro dia, e quis estar presente antes do grande dia começar.

Acho que ela se referia ao emprego.

--- Mãe, não precisava --- falei colocando mais café para mim e a oferecendo. Ela recusou. --- Pode ir dormir se quiser, só vou comer algo, me arrumar e vou para o emprego, pode ficar tranquila.

--- Tudo bem. Vou ficar aqui enquanto você come --- falou ela me olhando. --- Como foi a luta ontem? Você chegou já indo dormir, nem deu tempo de conversarmos.

--- Verdade, estava muito cansada ---mordi um pedaço da torrada. --- Mas foi divertido lutar com ele --- falei com a mão de frente a boca.

--- Filha, é falta de educação falar com comida na boca --- repreeendeu-me. "Desculpa". --- Tudo bem. Então por isso está toda dolorida --- assenti. --- Querida, você deveria parar. Você luta perfeitamente bem, e ainda mais que agora vai começar a trabalhar, você não vai aguentar.

"Como você pode me dizer isso?" --- penso.
Luto desde pequena, e não posso desistir, não agora.
Como mamãe pode dizer isso? Eu não... ela sabe que eu não, nunca largaria a academia de luta agora, não posso. Mas, por um lado, ela infelizmente está certa, eu não vou aguentar.

Vou começar a ir ao meu emprego de tarde, estudar de noite e descansar de manhã. E vou para a academia todo domingo. Sábados geralmente saio com meus pais. Deus, que vida corrida.

--- É, acho que a senhora está certa, vou falar com o Victor.

--- Okay. Filha, tenho de ir, não aguento mais ficar acordada. Bom dia --- mamãe falou depositando um beijo demorado em minha testa.

--- Bom dia.

[...]

Coloquei os fones, peguei minha bolsa e coloquei uma música --- Radioactive, Imagine Dragons --- para tocar.

Estou no ponto de ônibus aguardando tal chegar.

Será que me darei bem no emprego hoje? Acho que me dei bem com o meu chefe, um ponto para mim. "Meu chefe", duas palavras que nunca saíram de minha boca, o que acaba se tornando estranho para mim, pois este é o meu primeiro emprego.

Eu deveria estar nervosa, como qualquer outra pessoa normal, mas não, estou bem, estou me sentindo como se nos conhecemos a semanas, meses e até anos.

Acordo dos meus pensamentos quando vejo que o ônibus que espero está estacionando logo a minha frente, então entro no mesmo.

[...]

Chego já entrando no restaurante, pois a porta está aberta, mas parece não ter ninguém aqui, então sento-me na cadeira de uma das mesas, colocando a bolsa por cima das mesmas e tirando a blusa, tentando afastar o calor de meu corpo.

--- Melanie? --- diz Matthew, saindo da cozinha. --- O que faz aqui tão cedo? --- pergunta-me olhando para o relógio em seu pulso. --- São 11:45, você tem de estar aqui às 12:00.

--- Desculpa. Acho que saí cedo demais. Tem problema se eu ficar aqui com o senhor? --- perguntei envergonhada.

--- Você --- ele falou me corrigindo. --- Não, não tem problema, é até melhor que você aprende algumas coisas, ou prefere descansar?

--- Aprender é sempre melhor --- comentei sorrindo.

--- Já gostei de você --- falou sorrindo de volta para mim e pegando em minha mão. --- Venha, vou te mostrar o restaurante.

[...]

--- Trarei o seu pedido --- falei anotando o número da mesa do cliente e dando um sorriso logo em seguida.

Matthew havia me ensinado algumas coisas, alguns preços, o que me ajudou muito, pois a quase todo momento os clientes perguntam quanto custa, mesmo o preço estando no cardápio.

Já estou aqui à cinco horas, o que fez com que eu me acostumasse um pouco com toda essa correria. Matthew havia também ensinado Amy e Becky, o que me ajudou muito, claro, eu não conseguiria dar conta de cinquenta e quatro mesas sozinha.

--- Carlos, mais um pedido --- grito na cozinha.

Carlos é o cozinheiro do restaurante, aliás, sua comida é muito boa --- muito boa mesmo. Eles me deixaram experimentar um pouco de seu macarrão com queijo, que estava uma delícia.

Zayn a todo momento vai nas mesas, na cozinha, para ver como está, se está tudo em seu devido lugar.

--- Tá aqui, seu macarrão com queijo, coca-cola latinha e, seu pudim de sobremesa --- falei colocando tudo na mesa.

--- Obrigado, pode me trazer a conta, por favor? --- perguntou o cliente.

--- Claro --- falei, indo calcular o valor de sua refeição.

Aqui todos os clientes e funcionários são muito gentis comigo e com as garotas. Quem diria que ter um emprego seria tão bom.

Marquei a sua refeição completa e calculei tal.

--- Está aqui --- entrego a folha com o valor.

--- Você vem sempre aqui? --- perguntou ele, remexendo em sua carteira.

--- Na verdade, hoje é o meu primeiro dia --- sorrio amarelo.

--- Graças a você e ao ótimo atendimento, e claro, a ótima comida, irei almoçar aqui todo dia --- falou finalmente tirando o dinheiro da carteira e fechando a mesma. --- Aqui --- me entregou o dinheiro.

Como Matthew me ensinou, devo contar sempre para ver se tem dinheiro faltando. Mas no meu caso, havia dinheiro sobrando.

O homem havia se levantado, então chamei sua atenção.

--- Tem cinquenta dólares a mais aqui --- comentei entregando o dinheiro a ele.

--- Isso é para você --- falou empurrando minha mão que estava com o dinheiro. --- Obrigado pelo ótimo atendimento e pela ótima comida --- ele sorriu, se virou, e foi embora.

[...]