PROCURA ☾

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Depois de alguns minutos em completo silêncio, Gizelly resolveu tentar desenvolver o que tanto gostaria de falar para a mineira que aguardava pacientemente do outro lado da linha.

Já havia algum tempo que a chamada havia sido iniciada, mas Gizelly parecia desesperada para justificar o porquê de ter pedido para conversarem tão repentinamente, então Rafaella acabou aceitando que a outra começasse a falar o que quisesse antes dela.

— Olha Rafa, eu queria muito falar com você. Eu estava com saudades das nossas conversas. Saudades de ouvir sua voz... — sua voz parecia receosa a cada nova palavra. — Mas eu também queria que pudéssemos falar sobre o que aconteceu. A gente tem muita coisa para resolver. Me desculpe por ter ligado tão tarde, mas só consegui arrumar tempo agora — as coisas realmente estavam corridas para a advogada, mas a falta de coragem também foi um dos empecilhos para que pudessem finalmente se falar.

— Eu entendo, Gi. As coisas andam corridas ultimamente para todos nós. E... —  sorriu antes de continuar. — Marcella acabou deixando escapar que você está trabalhando num projeto para um programa seu. Imagino que isso deve estar tomando bastante do seu tempo.

— Ah, ela falou? — riu sem graça.  — É verdade, tudo anda uma loucura desde que começamos a decidir sobre. Acho que dessa vez vem aí algo legal de verdade. Estou torcendo por isso, pelo menos.

— Sei que sim. Você tem muito talento para isso. Com certeza vai brilhar — suspirou antes de voltar a falar. — Eu não sei muito por onde começar, Gi. Mas antes de qualquer coisa, tenho que me desculpar. Desculpa pelo que fiz no passado, eu errei feio. Nunca te dei a chance de tentar nos ajudar. Eu fui covarde o suficiente para não nos dar uma chance de modo que deveria. E me arrependo muito disso tudo.

— Não vamos ser injustas, Rafa. Você errou, eu errei. Nós duas temos nossa parcela de culpa para que hoje em dia nossa relação esteja como está — afirmou e, mesmo que não pudesse ver, sabia que Rafa concordava pois ouviu um murmuro que afirmava isso. — Eu errei quando pus como condição que expusesse tudo o que acontecia entre nós, para mim permanecer. Me arrependo, e peço desculpas. E você errou quando quis decidir tudo do seu jeito, ignorando o mundo a sua volta. Mas se arrepende.

— É, errei — sua voz saiu em forma de sussurro, e Gizelly pôde perceber que a mineira ainda pensava muito sobre aquilo. Ela a entendia, nada que fizeram até ali foi algo que poderiam se orgulhar. — Uma só, fez escolhas que feriram as duas. Sinto muito por ter feito as coisas acontecerem desse jeito. Eu errei um milhão de vezes mais com você, e por mais que você me desculpe por isso, eu não me perdoo. Eu...

— Tudo bem, já passou, Rafa. E... 

— Não, Gi — interrompeu antes que Gizelly falasse qualquer coisa. — Eu preciso me desculpar por tudo. Eu só... eu preciso disso — ouviu a outra concordar do outro lado, então continuou: — Eu te fiz muitas promessas das quais eu não cumpri. Disse que faria dar certo, mesmo que tudo fosse difícil demais. E eu não consegui. E, além de tudo isso, eu ainda te culpei por tudo. Joguei a culpa em você por algo que fui eu quem fiz. Eu sofri, e te fiz sofrer. Me desculpa por tudo isso. Me desculpa por ter estragado tudo entre a gente. Gi, eu sinto sua falta. Já tem tanto tempo desde a última vez que estivemos juntas...Eu sinto muita falta dos nosso momentos juntas, mas nada me faria mais feliz do que se você pudesse me perdoar por tudo que eu fiz. Sei que não é fácil, mas...

— Eu também sinto sua falta — falou antes que a outra pudesse continuar. — E às vezes, bem às vezes mesmo, eu sinto vontade de fingir que a gente nunca fez nenhuma besteira, só pra voltar para como era antes. Mas não tem como, Rafa. Não tem como apagar algo que já aconteceu.

— Mas tem como ressignificar os momentos que já se passaram, e definir um novo futuro! — a mineira falou com tanto entusiasmo que Gizelly até ficou um pouco mal ao ter que negar aquilo.

— Clichês não funcionam com a gente, Rafa. Sinto muito mas, acho que não éramos para ser. Talvez nunca vamos ser... — suspirou antes de continuar. — Eu tenho outra pessoa agora e, sei lá, talvez ele seja meu futuro, talvez seja o meu para sempre. Eu amei muito você. Eu amo muito você. Mas acho que não da mesma forma que antes. Eu amo nossa amizade, amo nossos momentos juntas, amo sorrir e rir ao seu lado. Amo estar na sua presença e eu sinto muita falta disso. Eu queria poder voltar para como tudo era antes mas, acho que podemos ser melhores. Podemos nos reconhecer novamente e sermos apenas Gi e Rafa, sem o nosso shipp, sem as expectativas impostas, sem cobranças. Só a gente.

A capixaba ficou em silêncio por alguns segundos esperando que Rafaella dissesse qualquer coisa. Podia jurar que a outra havia desligado o telefone pelo silêncio, mas não podia imaginar a confusão e frustração que habitavam a mente da mineira.

— Rafa...

— Gi, eu... ah — a mulher parecia meio desnorteada, mas mesmo assim continuou. — Bem, eu não sabia o que esperar da nossa conversa hoje. Talvez eu tenha ido muito além, talvez eu tenha sonhado alto demais — disse a última parte tão baixo que Gizelly mal conseguiu ouvir. — Mas, talvez você tenha razão. A gente pode tentar voltar com a nossa amizade, recomeçar ela, ou algo assim. Quem sabe da próxima vez que estiver em São Paulo você não venha aqui 'pra casa e a gente possa passar um tempo juntas. Marcella está sempre por aqui, Euzébio também. Podemos chamar a Manu e... sei lá, aproveitarmos como era antes.

— Eu adoraria. Mas ei, não precisa ser necessariamente assim, sabe? A gente pode passar momentos juntas sem envolver muita gente. Sem tornar isso um evento como sempre fazemos. Sei que tem toda uma questão de sermos figuras públicas e tal, mas quero passar momentos com você como amizades normais fazem. Saindo para almoçar juntas em algum lugar aleatório ou assistir à algum filme. Sei que é meio difícil, mas podemos fazer isso dar certo.

 — Acha que podemos fazer isso dar certo?

— Vamos fazer dar certo.


***

Notas da Autora:

Hey fanfiqueiras, como estão? Sinto muito por esse tempo todo sem aparecer aqui mas tenho motivos.

Bem, nesse tempo que se passou, infelizmente eu já não faço mais parte do fandom GiRafa e não acompanho mais as meninas por alguns motivos que fazem sentido para mim. Atualmente eu não tenho a intenção de continuar com a fanfic porque, honestamente, eu nem sei mais qual era minha intenção inicial com ela. Comummente os autores têm planejamentos todos bem organizados para sua escrita, mas eu não. Posso dizer que somente agora estou estudando melhor para isso e que esse ano uma de minhas metas é focar mais na escrita.

Esse capítulo em questão, se não me engano foi iniciado a mais de um ano atrás e só hoje peguei para escrever o fim dele. Por isso, se não estiver condizente com os capítulos anteriores, me desculpem, faz muito tempo desde a última vez em que li os capítulos. 

A partir disso, deixo em aberto o futuro da fic. O capítulo atual pode nos levar a muitos caminhos e talvez um dia a gente descubra para qual ele nos leva. 

Pretendo publicar uma fanfic de um outro shipp mais para frente quando eu já estiver adiantada na escrita e, quem shippa ou só quer uma história nova para acompanhar, Your Melody em breve estará entre nós contando uma história bonita e mais elaborada. 

Dito tudo isso, espero ver vocês por aí, em breve. Isso não é um adeus, mas sim um até mais.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 05, 2023 ⏰

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