Capítulo 9

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O ruivo estava pronto para bater, quando a porta foi aberta por Langa, que parecia estar com muita pressa para sair, mas a surpresa o fez parar.

— Reki? — era quase como se Langa não estivesse acreditando no que via. — Estava mesmo indo para sua casa. Pensei que poderíamos ir para o S hoje.

— Eu estava pensando quase a mesma coisa, por isso apareci de última hora — Reki bagunçou as mechas vermelhas, sentindo certo nervosismo agora que estava em frente do canadense. Não era por causa do S que tinha ido até a casa de Langa. Por que ele sempre ficava sem saber o que dizer quando a situação era importante?

— Você quer entrar Reki? — ofereceu Langa, depois de passado um curto silêncio e imobilidade, totalmente estranho e constrangedor para a amizade dos dois.

— Valeu.

Reki manteve a prancha de baixo do braço, sem saber como começar. Ele tinha decidido ver Langa, mas agora estava com dificuldade para achar as palavras que gostaria de dizer a ele. Seus sentimentos pareciam claros, mas a forma de expô-los não.

Os dois permaneciam em pé na sala, cada um agarrado a própria prancha como se fosse um salva-vidas.

— Langa, eu queria dizer...

— Me desculpe Reki — o canadense cortou a fala do ruivo de repente. — Não deveria ter colocado você naquela situação. Fui eu que comecei tudo quando quase te beijei durante a peça, óbvio que você iria se irritar... Mas eu prometo que nunca mais irei invadir seu espaço pessoal dessa maneira, mas a última coisa que quero é perder sua amizade e... you are the most amazing person I know... você é o meu melhor amigo... but that kiss was the most wonderful moment...

O canadense quase não juntava o fôlego para falar, de tão rápido que atropelava as palavras em uma mistura do japonês com o inglês, o que impediu o ruivo de entender grande parte do que o garoto de cabelos claros estava dizendo; não que Reki fosse grande coisa quando envolvia o inglês, mas nem o japonês era compreensível, só que Langa não parava de falar mesmo assim.

Não aguentando mais, Reki deixou a prancha no chão com um leve baque e se aproximou de Langa, sem conseguir pensar em outra forma melhor de interromper o monólogo bilíngue, o ruivo envolveu o rosto do mais alto com as mãos e o aproximou, até que estivessem com os lábios colados e Langa não ser capaz de pronunciar nenhuma palavra, qualquer que fosse o idioma.

Com certeza, aquilo era a última coisa que Langa esperava que Reki fizesse, mas mesmo sem saber o que viria depois, o mais alto optou por aproveitar aquele momento, já que não tinha ideia do quanto poderia durar daquela vez.

Quando o oxigênio foi se fazendo cada vez mais necessário, eles foram obrigados a se afastar, para grande decepção do canadense.

— Langa — tentou falar Reki enquanto buscava formular o que dizer. — Você não tem que se desculpar. Eu é que devia fazer isso, só que... — ele desviou o olhar do rosto de Langa, querendo criar coragem. — Mesmo que estivesse pensando em pedir desculpa pelo que aconteceu, eu não estaria sendo sincero, por isso não vou fazer isso. Não é certo.

— Não é certo?

— Pois é, do que iria adiantar pedir desculpa, se o que quero fazer é tudo de novo, várias e várias vezes?

Reki viu o momento em que Langa ficou totalmente focado nele, como se estivesse com medo de despertar de algum sonho.

— O que você quer dizer com isso, Reki? — Langa se apoiou na parede mais próxima e deslizou até que estivesse sentado no chão, como se não conseguisse sustentar o próprio peso por conta da revelação.

Um Conto de Fadas RadicalOnde histórias criam vida. Descubra agora