"Se não pode escolher, pra que escolher?"

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Era apenas mais um dia pós-classes para o pessoal de Conhecimento, se não fosse por Carina ter feito uma pergunta na qual Jouki estava enfiando no fundo de seu subconsciente por tanto tempo. 

"E aí, você sabe de quem gosta?"

Deuses, que pergunta difícil! Não era porque Joui estava na classe da Magistrada que se considerava inteligente ou esperto, na verdade, considerava-se algo bem médio, conseguindo se destacar apenas em atividades físicas que envolvessem estratégias — jogos que simulavam batalhas entre classes eram seus preferidos, quase sempre levando a classe de Conhecimento a vitória se não fosse sua grande rival: a classe de Morte. 

— Carina... — resmungou baixinho, apertando com força a alça da mochila que segurava em seu ombro enquanto encarava a melhor amiga organizar seu material.

— Ai, Joui, quanto mais esperas, mais corre o risco de perder! Já não bastasse o tempo que o Balu demorou para se confessar pro senhor Verissimo e quase perdeu ele pra um noivado forçado? — Parecia estar citando uma novela mexicana, contudo, era somente mais uma situação cotidiana dos dramas da escola e esse tinha rendido grande confusão, até mesmo algumas brigas, mas agora os dois adultos tinham se acertado e o clima ao redor deles era tão confortável que qualquer aluno desamparado sente-se bem com eles. 

— Isso... — parou pra pensar no quanto havia ficado preocupado com os dois adultos, chegando a derramar lágrimas de alívio quando eles se acertaram — você me pegou nessa. 

— Viu? Vamos, Jojo, seja sincero consigo — viu a expressão do japonês entristecer e o olhou preocupado, colocando a mão em seu ombro — por que essa tristeza na face?

— Meu pai jamais aprovaria — murmurou, abaixando o olhar pro chão — e eu não quero que eles tenham que ouvir ou conhecer meu pai, que seja, eu quero eles bem longe dele.

Carina endureceu um pouco a expressão em uma expressão irritadiça, contudo, não era dirigida para o garoto em sua frente, mas sim ao progenitor deste. Como um garoto de coração tão bom como o de Joui poderia ter um pai tão podre? O garoto era cheio de gentilezas e bondade até com quem já o fez mal, inclusive ainda tem alguma fé que seu pai se torne alguém bom em algum momento, mas, mesmo assim, apenas sofria pedradas de quem estendia sua gentileza. 

— Jo, você devia falar com eles sobre, sabe disso né? — Abraçou-o de lado enquanto saiam da classe juntos. Era fácil para si, pois o garoto era bem mais baixo.

— Eu sei, eu sei!... Mas... — Carina quase entrou em pânico quando viu lágrimas se acumularem nos olhos do japonês.

— Ei, ei, desculpa, não queria te pressionar — segurou-lhe o rosto e deu um beijo em sua bochecha — desculpa, tá?

— Você tá certa, Carina — suspirou abaixando a cabeça — é apenas difícil, se meu pai não aceitaria um namorado, imagine dois?

— Dois?

— Eh? — Olhou-a e foi corando fortemente ao longo de que era encarado pela italiana que sorria maliciosa — v-você entendeu!

— Que você quer os dois? Sim, nossa, Joui, jamais imaginaria esse lado seu, to surpresa — a garota riu ainda mais quando o japonês quase enfiou a cara na parede pela vergonha — ei, calma, calma. Eu tenho uma pergunta verídica.

— Qual é? — Olhou-a, meio choroso.

— Você daria pros dois?

— CARINA!!!!!

— Eu falei que era verídico!

O japonês que antes quase se tornava um com a parede, agora, estava pronto para se jogar da janela do segundo andar na esperança de desaparecer da vista da melhor amiga para evitar mais constrangimento se não fosse pela Magistrada e Morte estarem a passar por ali e, como o bom aluno fã da senhorita, parou e se virou para eles, se curvando.

é mais gostoso a 3 - Joelsar.Onde histórias criam vida. Descubra agora