a manhã depois que eu me matei eu acordei e nem sai da cama. Me apaixonei nessa manhã, mas não pelo menino com quem convivia todos os dias ou pela menina que me olhava diferente no refeitório da escola, mas sim pela forma que meu irmão abraçava o travesseiro e pedia desculpas achando que era culpado por aquilo ter acontecido, eu tentei explicar que ele não era o culpado. Me encantei pelo meu pai sentado na frente da gaveta de cartas folheando os desenhos e bilhetinhos que eu dei pra ele, me encantei vendo ele chorar e se arrepender de não ter dito que me amava tanto quanto devia, eu tentei responder. Desabei quando vi minha mãe, chorando na cama enquanto folheava fotos antigas, tentando procurar indícios mínimos de uma possível depressão, mas as mesmas não davam nenhum mínimo indício de que eu chegaria a esse nivel, ela lembrava das incansáveis vezes que eu pedi ajuda e ela dizia que uma hora ela iria me levar no psicólogo, eu tentei explicar que tava tudo bem e que eu tava melhor assim. No final do dia eu tentei voltar, queria abraçar meu irmão e dizer que ele não era o culpado, abraçar meu pai e dizer que tava tudo bem ele não ter dito tantos "eu te amo" para mim, dizer verdades pra minha mãe e explicar que eu precisava morrer pra me sentir viva, mas não consegui levantar, não consegui sair daquele lugar com aparência estranha e gelada. Pelo jeito já era tarde de mais pra tentar recomeçar, até porque não tem muito o que fazer quando já se é a manhã seguinte.
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Tudo que não digo em voz alta- Ma_Black
RandomTextos soltos que nasceram de dias cansativos e cheios de pensamentos mal organizados. Não é uma história e nem tem uma sequência lógica, são apenas textos soltos que talvez, mas só talvez façam sentido para você. espero que gostem Encerrada por mo...