Capítulo 6 - Monstros são reais, mas podem ser gentis

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1993

Eu não me continha de tanta felicidade. Até uns meses atrás minha vida estava fadada a falta de graça com meus planos de estudar, arrumar um emprego, me casar, fazer coisas que todo mundo faz e morrer. Agora um mundo completamente novo estava aberto a minha frente. A vida então era muito mais do que eu imaginava.

Tive aulas de transfiguração, feitiços, poções e depois do almoço a que eu mais esperava. Defesa Contra as Artes das Trevas. Assim que terminei de comer segui para a sala com meus colegas da Grifinória. Os alunos da Sonserina também tinham aula conosco. Papai nos recebeu com um grande sorriso no rosto. Eu tive que me conter para não correr e abraçá-lo. Durante as aulas tínhamos que manter nossa relação de aluna e professor.

- Boa tarde. Podem deixar as mochilas e os livros no fundo da sala e venham comigo.

Nós o seguimos até uma parte mais escura da sala.

- Alguns de vocês podem já conhecer um pouco sobre o que eu vou falar. Este é um ghoul - papai indicou uma criatura com uma aparência muito estranha aninhada em um fundo escuro da sala - aproximem-se.

Nós nos movíamos como dois grupos coesos, Grifinória e Sonserina. A criatura sorriu, ou melhor, mostrou os dentes para nós, e todos ficamos parados.

- Os ghouls em geral habitam os sótãos e celeiros de propriedades de bruxos e se alimentam de aranhas e mariposas - ouvíamos atentamente tudo que papai dizia. - Existe uma Força Tarefa para ghouls no Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas que os remove das casas dos bruxos quando essas são vendidas ao muggles.

- Minha avó tinha um desses na casa dela - comentou uma menina do meu lado.

- Sim, muitos bruxos os têm como animais de estimação.

- Eles são perigosos, professor? - perguntei.

- Não, - papai sorriu - eles gemem de vez em quando e podem atirar alguns objetos. Na pior das hipóteses eles rosnam.

Nos sentimos mais confiantes para nos aproximar. Ele tinha os dentes saltados e o corpo era bem estranho. A forma era humana, com certeza, mas bastante exótica. Durante o resto da aula continuamos observando a criatura. De início ele ficou apenas encolhido em um canto, mas no decorrer da aula ele também ficou mais relaxado e até nos deixou tocar nele. Ao final, papai pediu um rolo de pergaminho sobre os ghouls para a próxima aula.

Eu esperei até que todos os alunos saíssem e aproveitei para falar a sós com ele:

- Desculpa a formalidade - pedi me aproximando dele enquanto arrumava meus livros na mochila.

Ele sorriu - não se preocupe.

- Eu tive uma situação meio chata no trem ontem. Aquelas meninas que estavam na cabine comigo, eu falei que você é meu pai e elas queriam vantagens nas suas aulas e insinuaram que eu vou ter isso.

- Uma delas estava aqui, você percebeu? - perguntou papai.

- Na Grifinória? - perguntei.

- Não, na Sonserina.

- A outra não estava com ela?

- Não vi. Ela deve ter sido selecionada para Corvinal ou Lufa-Lufa, as aulas são em horários diferentes.

Concordei com um aceno de cabeça.

- Por falar em aula, você não tem uma agora?

- Nossa, tenho sim. Trato de Criaturas Mágicas - preciso correr. Fechei minha mochila e coloquei nas costas. - Estou ficando com saudade.

- Venha para o meu escritório no Sábado à tarde. Podemos tomar um chá e conversar.

Eu o abracei e ele me deu um beijo na cabeça. Depois saí correndo para fora do castelo em direção à cabana do professor Hagrid.

***
Saudades de quando papai dava aula! Ele foi um excelente professor!

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Livro 1 - Nada Permanece Igual...Onde histórias criam vida. Descubra agora