1993
Papai ainda achava muito cedo para me ensinar o feitiço do Patronus, mas ele tinha algo a me ensinar...
- É um feitiço um pouco avançado. Portanto não se preocupe se você não conseguir executá-lo - ia dizendo enquanto andávamos. - Chegamos.
Nós entramos na sala de História da Magia. Havia um baú enorme em um canto.
- Você sabe alguma coisa sobre bichos-papões? - perguntou papai.
- Bichos-papões existem? - me surpreendi com a pergunta, afinal esses seres, até onde eu sabia, eram uma invenção para assustar crianças.
- Papai riu - não posso culpar você. Essa é uma das consequências de ter te criado como muggle. - Ele ficou do meu lado - eles existem, respondendo à sua primeira pergunta. São seres que não tem uma forma definida, eles assumem a forma do que a pessoa mais teme.
Eu olhei assustada para ele. Papai se abaixou na minha frente e me olhou nos olhos.
- O que repele um bicho-papão é o riso, então você precisa fazê-lo assumir a forma de algo que você ache engraçado. Tem um feitiço para isso. Riddikulus.
- Riddikulus - eu repeti.
- Isso - ele se levantou. - A melhor maneira de se combater um bicho-papão é em grupo - ele retirou a varinha de dentro das vestes. Eu também peguei a minha - isso porque o bicho-papão fica confuso sem saber em que se transformar - ele fez uma pausa e olhou para mim - pronta?
A pergunta me pegou de surpresa.
- Sim - respondi rápido.
Papai sorriu.
- Fique tranquila, eu estou aqui - disse ele, que estava de pé atrás de mim, ao meu ouvido.
Eu olhei para ele feliz, mas ao mesmo tempo com um pouco de medo.
- Vou abrir o baú.
Papai gesticulou com a varinha e destrancou o baú.
- Riddikulus - ele repetiu ao meu ouvido.
Confirmei balançando a cabeça rapidamente e segurei minha varinha com firmeza.
O baú se abriu. Durante alguns segundos nada aconteceu, mas de repente um corpo enorme foi arremessado para fora e ficou caído aos meus pés. Era um lobo muito grande, mas com longos braços e pernas aparentemente humanos. Ele estava muito ferido e uma poça de sangue começou a se espalhar pelo chão. O lobo quase não se movia e sua respiração era muito fraca.
- Riddiku... riddi... - eu não conseguia dizer o feitiço. Estava tremendo.
Papai passou à minha frente e se colocou entre eu e o bicho papão. Ele se transformou em uma bola brilhante. Uma lua, eu supus. Papai falou o feitiço e ele se transformou em uma bexiga que voou pela sala e foi presa novamente dentro do baú.
Papai se aproximou e me abraçou. Aos poucos fui parando de tremer e o abracei.
- Perdoe-me Lana, você não tinha que passar por isso - ele me conduziu até um lance de escada que havia no meio da sala e nos sentamos nos degraus. - Você ainda é muito nova, eu não devia ter feito isso...
Eu segurei o braço esquerdo dele e deitei minha cabeça sobre o seu ombro. Eu queria dizer alguma coisa para ele, mas não conseguia pensar em nada. O bicho-papão realmente havia se transformado no que eu mais temia. Meu pai, na forma de lobisomem, morto. Provavelmente por alguém que não sabia que ele não é perigoso.
- Chocolate? - ofereceu.
- Achei que só servia no caso de dementadores...
Papai sorriu timidamente. Eu peguei o chocolate e dei uma mordida.
- Me desculpe filha - pediu ele novamente. - Acho que me empolguei com o fato de você estar em Hogwarts.
- Não se preocupe papai. Só me prometa que aquilo nunca vai acontecer. Eu não suportaria perder você.
Levantei minha cabeça do ombro dele e nos olhamos.
- Fique tranquila. Não vai acontecer.
Deitei minha cabeça sobre o ombro dele novamente e me seguirei com mais força em seu braço. Com sua mão direita ele acariciou meus cabelos suavemente.
- Eu vou estar sempre com você. Eu prometo.
Mesmo com a promessa de papai, a visão daquele lobisomem semi-vivo demoraria bastante para sair da minha memória. Não sei se algum dia conseguiria enfrentar um bicho-papão.
***
Senti muito medo nesse dia. Só de lembrar já sinto um aperto no peito.
E vocês, em que o bicho-papão de vocês se transforma?Espero os comentários! E os votos também!
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Livro 1 - Nada Permanece Igual...
FanfictionMinha vida em Londres não era muito diferente das de outras meninas de 11 anos. Meus pais me amavam, eu estudava em uma boa escola e tinha uma amizade muito especial com meu padrinho, Remus Lupin. Porém, uma conversa ouvida sem querer revelou uma re...