1994
Aquele meu primeiro ano foi incrível. Consegui me sair bem em todas as matérias. Nas quais não consegui atingir a nota máxima, cheguei bem perto. Mesmo em poções, que eu achei que o professor Snape fosse me dar uma nota baixa, me saí muito bem. Mas o final do período letivo não foi tão tranquilo assim. Sirius Black, prisioneiro fugitivo de Azkaban, apareceu em Hogwarts, mas ele não era culpado do crime pelo qual fora condenado conforme papai me explicou. Papai inclusive ficou feliz ao descobrir isso, pois ele e Sirius são muito amigos.
No entanto, essa não foi a única verdade que foi revelada. Papai se transformou em lobisomem nos terrenos da escola e quase atacou Harry, Rony, Hermione e o professor Snape. No dia seguinte, esse era único comentário entre os alunos. As meninas que eu havia conhecido no trem, e sabiam que Remus era meu pai, passaram a me evitar. Acho que ficaram com medo de mim. Mas eu não me importei com aquilo. O que eu tentava no momento era convencer meu pai a não deixar Hogwarts.
- Mas pai... - eu estava de pé em frente à escrivaninha dele enquanto papai organizava o que iria levar. - Você já ficou por um ano, o fato de agora todos estarem sabendo não muda nada, afinal já passaram um ano com um professor lobisomem - a última palavra quase não saiu. Eu não gostava de me referir a meu pai desse jeito.
- Lana, já tomei minha decisão - papai empilhou 10 livros em cima da mesa. - Eu não deveria ter aceito o cargo desde o início. É perigoso. E não se fala mais nisso.
Não adiantava continuar insistindo. Discutir com papai era inútil. Soltei meu corpo sobre uma cadeira próxima.
- Vou sentir sua falta - falei entristecida.
- Vamos continuar a nos falar - disse ele.
- Mas não vai ser a mesma coisa...
Papai parou o que estava fazendo e abriu os braços. Eu me levantei e o abracei. Ele retribuiu o abraço.
- Fiquei feliz de acompanhar seu primeiro ano aqui em Hogwarts. Você é uma excelente aluna e vai se tornar uma bruxa excepcional - ele me deu um beijo na cabeça.
Eu o abracei ainda com mais força.
- Harry - ele disse de repente.
Papai apontava para um mapa de Hogwarts que estava sobre a mesa dele. Nele havia o nome de várias pessoas se mexendo e Harry estava vindo exatamente na direção da sala do papai.
- Vou esperar você na frente do castelo - disse.
Sabia que papai tinha dado algumas aulas particulares para ele durante aquele ano, e que Harry estava com papai na noite anterior enquanto ele havia se transformado. Com todas essas informações, presumi que os dois deveriam querer conversar em particular.
Saí do escritório e atravessei a sala de aula. Encontrei Harry no corredor.
- Oi - ele me cumprimentou.
- Oi, Harry - respondi. Essa não era a primeira vez que ele me encontrava saindo da sala de papai. Provavelmente já estava começando a ficar curioso sobre esse fato.
- O professor está na sala?
- Sim. Papai está arrumando as coisas para ir embora.
- Ele vai mesmo?
- Não há nada que o faça mudar de ideia.
- Uma pena, o professor Lupin é o melhor professor de Defesa Contra as Artes das Trevas que já tivemos.
Eu sorri. Harry se virou para entrar na sala e eu já começava a me afastar quando ele falou novamente:
- Papai? - perguntou Harry. - O professor Lupin é seu pai?
- É sim - sorri.
- Que legal! Não sabia que o professor tinha uma filha!
- Ninguém sabia Harry. Bom, quase ninguém. Os professores sabem, e duas meninas com quem dividi a cabine no Expresso de Hogwarts. Na verdade foi por causa delas que mantivemos segredo, mas acho que elas mesmas vão se encarregar de espalhar para todo mundo. Mas eu não me importo. Eu já andava querendo contar para todo mundo.
Eu sorri e ele me respondeu com um sorriso.
- Tenho que ir. Quero conversar com o professor antes que ele se vá.
- Vai lá - respondi sorrindo.
Harry entrou na sala e eu segui para a entrada do castelo.
*
Fiquei sentada na escadaria ao lado da porta até quando papai apareceu. Ele mancava um pouco e por isso usava uma bengala como ponto e apoio. Eu peguei a mala que ele trazia para que não precisasse carregá-la. Fomos andando em direção aos portões da escola.- Pai, o que você vai fazer?
- Sobre?
- Em que vai trabalhar?
- Particularmente não sei. Com as leis restritivas a lobisomens não sei como conseguirei um novo emprego... - papai fez uma pausa. - Mas você não deve se preocupar com isso, tá bom?
Eu olhei para ele sem poder responder. Claro que eu me preocuparia. Sem dizer nada, no entanto, eu sorri.
Chegamos ao portão, onde uma carruagem o esperava. Ela era muito estranha, pois aparentemente nada a puxava.
- Você vai estar em Kings Cross quando eu voltar? - perguntei devolvendo a mala.
- Estarei lá - ele respondeu sorrindo.
Nos abraçamos e depois ele subiu no coche. Fiquei de pé perto do portão enquanto papai se afastava. Senti-me um pouco sozinha, com um nó na garganta e uma vontade de chorar, mas tinha que manter acesa a esperança de que tudo ficaria bem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Livro 1 - Nada Permanece Igual...
FanficMinha vida em Londres não era muito diferente das de outras meninas de 11 anos. Meus pais me amavam, eu estudava em uma boa escola e tinha uma amizade muito especial com meu padrinho, Remus Lupin. Porém, uma conversa ouvida sem querer revelou uma re...