Mary
São exatamente 05:00 da manhã em Nova Orleans, como de costume apesar do horário o ar já esta bem abafado, meu relógio de cabeceira meramente ilustrativo esta com seu som rotineiro irritante na tentativa de me fazer despertar, eu poderia imaginar mais de mil cenários diferentes de como gostaria de estar vivendo o dia de hoje, porém como uma grande parte de nossas vidas nós não temos o direito de escolha, fazem semanas que não sei o significado de dormir, estou sentada em frente ao espelho analisando o longo vestido pendurado de alças finas e cor escura que tão relutante me obriguei a levantar e vesti-lo, é pai de todos os seus mistérios nunca imaginei que mandaria fazer um vestido para ocasião em questão nem que teria essa enorme fenda lateral, em meio aos meus pensamentos que estão cada vez mais distantes ouço a batida rotineira na porta e por trás dela ecoa a doce voz feminina da minha governanta Lilyan.
''Senhorita Carson, estão solicitando sua presença imediatamente no salão principal, senhor Petrova está aqui para lhe acompanhar, espero a senhorita depois da reunião em seu quarto, por favor não deixe de tomar o café da manhã''
Ao mencionar o nome de Gregory meu estomago se revira, droga, estranhamente havia uma esperança sobre mim de que ele não estaria lá mas isso obviamente seria impossível de acontecer, me aproximo da porta e respondo. ''Obrigada Lilyan já estou indo''
Ouço seus paços se distanciando da porta seguro a maçaneta respiro fundo e a abro, assim revelando a alta figura de cabelos pretos e húmidos com seu terno giz perfeitamente alinhado, o cheiro de seu perfume amadeirado invade meus sentidos como se fosse uma antiga lembrança na qual desejava esquecer, com seus olhos castanhos e seu sorriso de canto característico ele me analisa de cima abaixo como de costume, pai o senhor fez grandes coisas na vida mas poderia ter deixado o garoto avião ser morto, evitaria 50% do meu estresse diário.
''Bom dia Mary Rose você está linda apesar do trágico momento''
''Não me recordo do dia em que dei liberdade para me chamar assim senhor Petrova, agora se me der licença.'' Fechei a porta e me dirigi ao corredor.
''Tenho assuntos importantes tanto que indesejáveis a tratar'' Voltei a andar no longo e escuro corredor, com suas enormes paredes de madeira e o chão forrado por um sem fim carpete vermelho, a esta hora só avisto os seguranças nas portas dos quartos e a sombra de Gregory me seguindo, me sinto aliviada que apesar de sua presença ser indesejada ele parece estar menos inconveniente, acho que o senso pairou sobre seu cérebro em questão ao atual cenário.
''Olha Maryene, você sabe que não precisa fazer isso, sabe que eu posso cuidar muito bem de todos nós.'' É eu pensei cedo demais, claro.
''não vai mudar nada na sua vida, poderá seguir com sua faculdade e eu cuido dos negócios sei que seria isso que seu pai iria querer'' Mediante a essa última fala paro de andar e viro para encara-lo.
''Isso seria o que meu pai iria querer?'' Abafo uma risada irônica com meu cenho já franzido. ''Gregory com todo o respeito que e tento ter sobre você eu digo, você não conheceu meu pai! Ele salvou a sua vida, colocou você no meio da nossa família mas isso não mudou nada, eu sei toda a verdade suja sobre você, essa sua imagem de valorizar a minha família é um completo teatro'' Em um movimento brusco ele agarra meu pescoço com uma das mãos e me pressiona contra a parede, tira um dos meus fios de cabelo que havia caído sobre meu rosto, e com seu hálito de cigarro barato suas palavras saem lentamente.
''Entenda de uma vez por todas, eu vou liderar essa família você estando viva ou morta'' Por um instante ele hesita sua fala em seguida completa ''Bom... Pensando por esse lado, assim que assinar aquele papel e sentar naquela poltrona você será o maior alvo desse continente meu docinho, não se faça de desentendida porque eu sei que por trás desses lindos olhos tem um belo cérebro, uma pena que tão pouco tempo será útil" A fúria eminente invade totalmente os meus sentidos, sempre soube que Greg era um lobo vestido de cordeiro porem como de costume há uma esperança que persiste em estar comigo de que todas as pessoas tem o seu lado bom, o único lado bom dessa história e que agora não preciso considerar o senhor Petrova como uma pessoa, em um rápido movimento ergo meu joelho atingindo sua área sensível, ele solta meu pescoço e se afasta produzindo um grunhido extremamente dramático pressionando suas mãos sobre a área, com os joelhos flexionados ele me fita com ódio nos olhos.
''Bonjour Gregory, ou melhor deveria dizer Buon Giorno'' Em paços lentos me aproximo e seguro sua mandíbula firmemente, seu rosto esta pálido com a expressão assustada, aparentemente sabe do que estou falando. ''Mande lembranças minhas ao Dom Francesco agradeça a ele pela bela cesta de condolências, e como forma da minha imensa gratidão lhe enviei um pacote bem especial mas creio que não conseguirá contato com a tau figura" Solto seu rosto rudemente, passo minhas mãos sobre o vestido e volto a andar em direção ao salão principal.
Aos poucos que me aproximo escuto as vozes presentes cada vez mais altas; ao pé da escada observo os rostos familiares presentes, afilhados, caporegimes, soldados e alguns dos associados, consigliere Donavan se esconde muito bem por trás de seus óculos escuros e a barba por fazer, durante os meus quase 24 anos nunca o vi nesse estado, o terno esta amaçado os cabelos desgrenhados e seus sapatos tão pouco lustrosos, como de costume o copo de whisky persiste em sua mão, não demorou muito para que o salão notasse minha presença sobre o pé da escada, neste momento sinto meu corpo enrijecer, apesar de todos presentes serem minha família e pessoas muito próximas, faziam exatamente 20 dias do falecimento do meu pai, exatamente 20 dias que não saia do quarto, que não os via ou falava, não faço a mínima ideia do que tem ocorrido e confesso que pode ter sido uma forma egoísta de se agir já que não estou sozinha sobre dor, mas... Eu não poderia, não conseguiria falar com eles assim como não consigo agora, seguro no corrimão da longa escada de madeira, o silencio vai se tornando predominante sobre o salão, me aproximo do meu padrinho Donavam e o abraço, desde criança sempre disse que ele era dono do melhor 2 abraço do mundo, uma sensação de paz e um peso de uma tonelada é retirada sobre mim neste momento, ele ergue seus óculos escuros expondo um par de olhos azuis inchados pelo que imagino ser, noites mal dormidas ou simplesmente seu tabaco italiano, mas nessas circunstancias aposto nas duas opções.
''Sentimos sua falta Diamante.'' Ele força um sorriso sutil ao dizer o apelido que meu pai me deu aos 5 anos, estou me segurando até o ultimo fio de cabelo para não desabar aqui ou simplesmente correr de volta para o meu quarto, mas hoje não, hoje não posso fazer isso, estava prestes a responde-lo quando o testamenteiro adentra o salão com uma enorme pasta preta de couro acompanhado por dois guardas. Ele se assenta sobre uma das cadeiras da enorme mesa de jantar com decoração vitoriana, ao redor as luzes estão reduzidas e o enorme lustre desligado, o clima esta com uma pesada sensação de sufoco, ele abre a maleta e me encara.
''Bom dia a todos, peço que por favor os interessados que foram convocados a estarem nessa leitura se assentem, estarei lendo os testamento deixado pelo Sr Carson... Só uma questão sabem onde esta a senhora Carson?'' Bom testamenteiro até mesmo eu gostaria de saber, como demonstração de sua fraternidade rotineira não se sabe o paradeiro Jade Leblanc, e sinceramente tão pouco me faz alguma diferença.
''Bom dia'' Um senhor que não aparenta ter mais de 50 anos se levanta ajeitando seu terno. ''Me chamo Falcon, estou aqui para representar a viúva Sra. Carson, ela não esta em condições para estar presente.'' Em condições, sobre tradução literal, não se deu o trabalho de vir, o testamenteiro pigarreia e inicia sua leitura.
''Certo pois bem, em primeiro lugar este testamento foi alterado uma semana antes de sua morte, não irei mencionar as alterações feitas a pedido do falecido, Maryene Carson, como minha única e amada filha a deixo responsável por assumir o legado da família, sendo assim tomara a frente sobre as decisões, ações, atos e demais adjetivos relacionados ao nome Carson's , sendo assim o meu lugar será o seu.'' Estou paralisada, o testamenteiro foi interrompido em sua fala pela eminente e instantânea confusão causada pelo que havia dito, ouço gritos nos quais dizem (Isso é um absurdo), (Ele estava louco, não pode ser verdade), (deixou nossas vidas nas mãos de uma garota), consigliere Donavan enxerga o espanto em meus olhos levanta de sua cadeira e com suas duas mãos bate sobre a mesa causando um estrondo que ecoa sobre o salão, no mesmo instante o silencio volta a reinar.
''Espero que o próximo estrondo que escutem não seja o tiro de uma arma, calem a boca vieram para escutar e não debater, e se quiserem debater ficarei grato em participar desta discussão fora desta sala''
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Carson's
Teen FictionO ano era 1920, no campus da Universidade Berkeley da Califórnia, com seus longos cabelos negros amarrados em alto coque se escondia por traz do seu jaleco branco de laboratório, Cindy Campbell, os olhos cores de safira fitavam os tubos de ensaio e...