Capítulo único.

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O incessante batuque dos dedos contra a mesa, os suspiros constantes e a falta de interesse em qualquer coisa dedurava o mal humor de Ningguang. O motivo? Há vários; as noites mal-dormidas, a preocupação, a ansiedade, e acima de tudo, a saudade. Arcontes, como ela odiava sentir saudades. Beidou havia partido para Inazuma com a Viajante há semanas, isso começou a incomodar Ningguang, a pirata nunca tinha passado tanto tempo na Nação da Eternidade. Ela ouviu algumas coisas sobre a situação atual de Inazuma e duvidava que a namorada não se meteria em problemas, não fazia o estilo dela.

Sem mais nenhum pingo de paciência para o trabalho, a Quixing levanta de sua mesa e caminha para fora da Câmara de Jade, abandonado toneladas de papel esperando para serem assinados.

Ao abrir a porta de casa se depara com a sala de estar organizada e um silêncio descomunal. Ela suspira, percebendo que a namorada ainda não havia chegado. Tirando o salto e se joga no sofá, se perguntando se Beidou iria demorar muito para chegar. Se ela de alguns meses atrás a visse agora, iria entrar em pânico e se perguntar como havia chegado a esse ponto. Na verdade, a resposta é bem simples: amor. Ningguang sempre teve uma queda pela pirata, mas se negava a aceitar isso. Até que se viu pensando em Beidou durante horas ou querendo sua companhia a todo momento e não pôde mais negligenciar seus sentimentos por ela. Teve de admitir a si mesma que estava apaixonada. Mas isso demorou, o bastante para Beidou perder a paciência com a enrolação de Ningguang e lhe roubar um beijo durante uma de suas reuniões sobre as infrações que Beidou vinha cometendo. Ningguang riu, se lembrando da cena. Seu rosto havia ficado vermelho de vergonha.

A Quixing se levantou e caminhou até o quarto, dando uma olhada rápida pela sala vazia e escura.

- Ah, como você faz falta.

...

Na manhã seguinte, Ningguang acorda mais cedo que o normal e sozinha na cama, respirou fundo se preparando para mais um dia longe de Beidou e foi para o banheiro.

...

Ningguang estava perdida em pensamentos quando ouviu uma batida na porta do escritório. Murmurou um 'entre' voltando a atenção para a porta.

- Srta. Ningguang? - Ganyu colocou apenas a cabeça para dentro do cômodo. Ela sabia do mal-humor da Quixing, então tentava ao máximo não incomoda-lá, - Tem alguém querendo vê-la. - mas isso era do interesse de Ningguang.

- Diga para vir depois, estou ocupada. - a Quixing se enterrou novamente no trabalho assinando alguns contratos.

- É que...

- Agora não, Ganyu. - Ningguang estava estranhando o comportamento da assistente. Ela entendia que um 'não' é um 'não'.

- Ela já está vindo.

- O quê?

A adeptus não teve tempo de explicar, a porta foi brutalmente aberta e Beidou andou sorridente até a poltrona de couro em frente à mesa de sua namorada.

- Oi loirinha! - a pirata indagou com um sorriso ladino olhando diretamente para Ningguang. A Quixing fez um sinal rápido com a cabeça para a assistente que se retirou do cômodo fechando a porta, deixando Ningguang e Beidou a sós. - Sentiu saudades?

Ningguang não a respondeu de imediato, apenas se levantou da cadeira e caminhou até a namorada se sentando em seu colo e a abraçando-a.

- Muita. - Beidou soltou uma risada anasalada passando os braços pela nuca da loira e a puxou para um beijo singelo. A pirata abraçou a loira e deitou sua cabeça na dela.

- Eu também.

As duas passaram um tempo apenas aproveitando a companhia uma da outra, até Ningguang quebrar o silêncio.

- Como foi a viajem?

- Horrível. Nós quase morremos.

- Já esperava por isso. E Kazuha? - Ningguang se lembrou do garoto que Beidou trouxe em uma de suas viagens à Inazuma. Beidou a infernizou alegando que ele agora era filho delas. Ningguang gostou dele de cara, Kazuha era calmo e um doce de pessoa. O maior prazer da Quixing se tornou ouvir os poemas de Kazuha.

- Ele está ótimo, você tinha que vê-lo lutando! Foi incrível!

Ningguang riu e se acomodou mais no colo da namorada. Ela sabia que estava ficando tarde e que em pouco tempo teria de voltar ao trabalho, mas iria aproveitar até o último segundo possível agarrada a pirata. Afinal, ela precisava matar a saudade.

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