Capitulo 1

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Alissa POV:

Dizer que estava cansada era, no mínimo, eufemismo, mas estava contente. Chego no sobrado do bairro remoto da cidade onde vivo e me jogo no sofá, seguida de Timoty, com Cristal e Jolie gargalhando.

- mais um serviço concluído com sucesso - Timoty comemora, jogando os braços para cima.

Retiro da pequena bolsa algumas joias, quase sentindo meus olhos brilharem.

- este ficará lindo com aquele vestido azul seu - Cristal aponta para um delicado colar que eu concordo, rindo.

- mais uma vez, conseguimos! - digo me levantando animada - teremos, como sempre, nossa semana de folga. Depois, trabalharemos no plano para o próximo serviço que eu já tenho em mente.

Um sorriso maléfico brinca em meus lábios, enquanto Jolie chega com vinho caro e as taças.

- trabalharemos vírgula. Você sempre planeja tudo, nós apenas ajudamos - ela serve a cada um - não que eu esteja reclamando, claro. Mas quero dizer que você é genial sozinha, não sei porquê manter mais três pessoas aumentando as probabilidades de captura.

Eu reviro os olhos.

- vocês têm especialidades únicas e incríveis. Não sairia tão perfeito sem vocês - tomo um gole da bebida em minha mão - sem contar que estamos juntos desde sempre. Somos uma família!

- eu concordo. E não reclamo. Pode trabalhar nos planos, já que ficam sempre infalíveis. Enquanto isso, vamos à faculdade e baladas, fingindo que não fazemos nada demais além de roubar milhares de dólares a cada duas semanas - Timoty sorri divertido, fazendo o resto de nós rir.

É verdade que quem saía sempre nas manchetes era eu, mas eu me certificava de que as identidades de meus amigos ficassem totalmente sigilosas. Talvez a polícia nem ao menos saiba que tenho ajuda. E não faço isso por egoísmo, mas sim para que diminua as chances deles serem pegos caso dê algo errado e para que possam ter vidas "normais" nas semanas que não fazemos nada.

Meus planos sempre tinham três passos básicos:

1. Estudar

2. Planejar

3. Atacar

Sem distrações. Sem erros.

E, caso desse algo errado comigo, eles fugiam.

Este é o lema: juntos até dar merda.

Por isso, ter apenas meu rosto em exposição, é algo relativamente bom. Agora, o porquê de me chamarem de "Luxury" eu ainda quero saber.

- ei, vocês sabem de onde surgiu o apelido Luxury? - pergunto casualmente enquanto Cristal e Jolie experimentavam joias.

- pelo que sei foi através de uma entrevista de um segurança daquele banco de março. Ele disse que você era tão sedutora quanto a própria personificação da luxúria - Timoty ri - particularmente acho um apelido totalmente válido. Você realmente não perdoa nas provocações.

Sorrio de canto, um tanto orgulhosa.

- ter piedade não está nos meus planos.

- ainda acho que um dia terá alguém que irá te dominar e fazer você abaixar essa bola toda - Jolie responde, rindo.

- quem sabe no dia que eu for pega - tomo mais um gole de vinho, sabendo que aquilo era um tanto absurdo.

Connor POV:

Mal eram três da tarde quando pousei em minha cidade natal. Ser do FBI me fazia ter muitas viagens, mas ser transferido de volta para onde nasci foi algo realmente assustador de início.

Talvez pelo fato de ter que encarar todo um passado deixado no fundo do baú. Ou de ter minha mãe enchendo minha cabeça com preocupações sobre meu serviço.

- senhor Allen? - vejo um homem mais baixo que eu perguntar, nervoso, enquanto eu andava pelo aeroporto - sou David Becker, senhor. Assistente do delegado Keller.

- delegados agora precisam de secretários? - pergunto com um sorriso ladino - agora entendo porque me transferiram para cá.

Ele arruma o óculos, ansioso.

- o delegado está esperando o senhor e com urgência. Houve um roubo mais cedo, mais um do caso Luxury - eu suspiro, cansado.

Oito horas de vôo não haviam sido o suficiente, é claro que teria um caso assim que eu chegasse.

- certo, melhor irmos então - ele se apressou em minha frente e eu o segui, apertando um pouco a alça da minha mochila e puxando minha mala de rodas.

No carro não conversamos nada. O tal Becker parecia nervoso demais para sequer formar uma palavra. E eu apreciava o silêncio, claro. Tudo o que eu menos queria era uma pessoa tagarelando em minha cabeça logo após oito cansativas horas de vôo. Já me bastava ter de ir até a delegacia.

No meio do caminho, meu celular toca, indicando no visor o número salvo como "mãe". Eu suspiro e atendo, já sabendo bem o que iria acontecer:

— oi, dona Noelia - atendo com um sorriso de canto.

oi? É tudo que tem a me dizer depois de meses sem me ligar? Eu sequer sabia que voltaria, Connor! - ouço ela estourar do outro lado da linha.

É verdade. Eu saí de casa para Washington, capital dos EUA, com dezenove anos para o meu estágio no FBI. Quando fui aceito, nem sequer voltei, apenas avisei meus pais por telefone e recomecei lá. Eu vinha no natal e nos aniversários para ficar com eles, mas nunca muito tempo. Faz quatro meses que sequer ligo para minha mãe, vivo viajando. Quando me avisaram da integração e transferência para minha cidade, eu não avisei para não causar uma balbúrdia ou algo do tipo, mas talvez eu realmente devesse ter dito algo.

— era surpresa, mãe - invento uma desculpa, olhando janela afora.

me poupe, Allen! Sabe como me senti ao saber pelo vizinho que voltaria? E só soube porque o pai dele é policial e irá trabalhar com você! Senão você nem iria dizer nada, não é?

— claro que ia, mãe, eu- - ela não me deixou terminar.

olhe, eu não sei onde irá passar esse tempo, mas pelo visto não será aqui. Venha nos ver, se conseguir. Ou melhor, se quiser. Eu sei que voltar não eram seus planos e muito menos desejos, mas se está aqui é por algum motivo, e não só o trabalho. Qualquer coisa me ligue, se lembrar que tem mãe para isso - e desligou.

Eu bufei, irritado. Vi Becker me olhar de canto, mas quando grudei meus olhos nele, ele rapidamente desviou. Guardei meu celular e mexi nervosamente nos cabelos.

Serão longas semanas...

Between WorldsOnde histórias criam vida. Descubra agora