Rude - ShiIta

Único

— Eu vou pedi-lo em casamento.

Fugaku engasgou com o café e molhou a própria roupa com o líquido quente. O terno caríssimo arruinado não importava nem um pouco, porém. Não quando seu genro havia acabado de dizer tamanho absurdo.

O homem colocou o copo sobre a mesa de forma calma e riu com certo nervosismo antes de voltar os olhos para Shisui, pronto para iniciar o sermão sobre fazê-lo perder tempo com aquelas brincadeiras.

O sorriso se esvaiu pouco a pouco, no entanto, quando viu o olhar de expectativa do jovem sobre si.

Ele não podia estar falando sério, não é?

(...)

Dias antes

Era um fim de tarde fresco de primavera, havia um vento leve que fazia os cabelos soltos de Itachi voarem sobre seu rosto, fazendo-o sentir o aroma gostoso que se desprendia dos fios e rir baixo pelas cócegas que faziam em sua pele. Cada ruído, porém, era silenciado pelo mais novo que o olhava com uma expressão de desagrado toda vez que ele insistia em colocar uma flor nas madeixas longas, ainda que soubesse que o vento as levaria embora.

O vislumbre dos lindos cabelos de Itachi enfeitado com as flores da decoração era belo demais, ainda que durasse poucos segundos.

Por conta disso, Shisui não poderia atender aos pedidos do namorado para que prestasse atenção na cerimônia de casamento do próprio primo. Obito e Kakashi estavam belíssimos, assim como todo o ambiente, o campo decorado com inúmeras flores vermelhas e cadeiras brancas.

A imagem era incrível, mas o sorriso leve de Itachi enquanto ouvia os votos era ainda mais.

— Eles parecem tão felizes — Shisui demorou a perceber que o sussurro era dirigido a si e Itachi o encarou com uma expressão confusa, o rosto avermelhando-se levemente ao se ver alvo de toda aquela atenção — Amor?

O mais velho riu baixo, antes de passar o braço sobre os ombros do outro, trazendo-o para perto de si depois de beijar sua bochecha.

— Sim, eles parecem — Concordou, sorrindo enquanto aspirava o cheiro dos cabelos de Itachi.

O restante da cerimônia foi rápido e, após Itachi comer uma quantidade exorbitante de doces, os dois foram até a margem do rio que havia ali perto e Shisui não demorou a deitar sobre o colo do namorado, fechando os olhos ao sentir os dedos dele acariciando seus fios com ternura.

— Você sente vontade de se casar? — O mais novo falou após algum tempo e o outro o encarou, vendo seu olhar distante.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, atento ao som do balançar das árvores e da respiração baixa de Itachi enquanto pensava. Assistir ao casamento de Obito o trouxe boas sensações e, sendo o romântico que era, não pode deixar de imaginar ele e o namorado naquela situação.

As mãos dadas enquanto olhavam nos olhos do outro, tão imersos nos próprios sentimentos que sequer ouviriam as palavras do juiz de paz. Ele conseguia imaginar até mesmo o sorriso contido de Itachi e a forma com a qual ele desviaria o olhar momentaneamente, rindo baixo antes de sorrir mais abertamente. Aquele sorriso maravilhoso dedicado somente a si e que seus convidados teriam a oportunidade de ver naquele momento tão especial.

— Sim — Ele respondeu, voltando a fechar os olhos, mas não sem antes ver o princípio daquele sorriso nos lábios do namorado.

Mais tarde, naquele dia, enquanto Itachi dormia sobre seu peito, ele se flagrou divagando sobre os pensamentos que teve mais cedo. Em meio a reflexão, questionou-se acerca do significado de um casamento. Shisui estava prestes a se formar em direito e seu primeiro pensamento foi, involuntariamente, acerca do contrato que esse laço significava entre as partes.