𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝚅𝙸𝙸

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O Festival


Ryan

1 de Julho de 2007, SermonWest

Do quarto consigo ouvir os risos de lá de baixo, da sala. Ao que parece, o senhor guarda, no outro dia vindo cá fazer uma visita, combinou com eles irmos todos a um festival de virada de lua, na taberna da aldeia. No início teimei com o Brandon que não queria ir, mas o bastardo não me deixava em paz, então aceitei. Não lhe disse que aceitei pela Clara, ela ia gostar que eu fosse e conhece-se melhor o seu novo interesse romântico. Ao que parece, ela e a Amber só falam nele ultimamente.

Alguém bate de leve na porta do quarto. Amber abre a porta.

— Ryan. — Ela olha de cima a baixo para mim deitado na cama, ainda de calções e tronco nu. — Uau, tu tens de tapar esses tanquinho antes que me esqueça do que eu ia a dizer. — Ela tapa os olhos com a mão e volta-se novamente para mim. — Bem, porquê que ainda não estás vestido, seu idiota? — Rosna.

Sento-me na ponta da cama.

— Que raio de nome é Michael? — Pergunto a picá-la.

— É Mike. — Diz. — M I K E, Ryan. — Bate as mãos uma contra a outra cada vez que pronuncia uma letra. — Pelo amor de Buda.

— Tanto faz. Marco é um nome feio. — Vejo-a a formar uma careta progressivamente consoante falo.

— A tua sorte é de eu não poder socar essa carinha jeitosa, senão faria. — Ela faz uma pausa. — Porquê que ainda não estás vestido? Que homem lento!

— Amber Watson, queres mesmo que me vista á tua frente? — Provoco.

— Eu sou muito jovem para morrer de enfarte. Xauzinho. Não demores. — Ela sai pela porta, mas antes de fechar, esguia a cabeça para dentro do quarto novamente, com um sorriso irritante. — A Clara ia gostar que fosses, Ry.

Os risos continuam no andar debaixo. Aquele palhaço do Mike deve ter piadas hilariantes para nem conseguirem parar para respirar de tanto rir.

Vou-me vestir e tento tirar a cara de enterro. Visto um polo cinza simples e calças de ganga claras com ténis e junto-me a eles. No cimo das escadas vejo-os na sala, em pé. O Mike é um homem corpulento, parece que está de peito sempre inchado e que come dez ovos crus ao pequeno-almoço, com o seu copo de proteína. Ele está vestido com uma camisa branca e calções pretos, com o cabelo arranjado com uma quantidade absurda de gel e barba feita. A Clara está com o braço encaixado no dele e veste um leve vestido bege, maquilhada e tem o cabelo solto em lindas ondas.

— Ry, este gajo é hilariante! Sabias que ele já salvou uma família que acampava de um urso? — Brandon enuncia vibrante vindo até mim ao final das escadas. Ele vira-se novamente para Mike. — Conta-nos como o fizeste!

Mike levanta a mão envaidecido.

— Não foi nada de mais. Só fiquei de frente a frente com o urso e gritei com todo o ar que tinha, ao mesmo tempo que sacudia um ramo. Ele não tardou a correr.

— Deves ter uma voz maravilhosa para teres afastado um urso adulto faminto, Mike. — Digo sarcasticamente, sem acreditar nem um pouco no que acabei de ouvir. Sinto o olhar irritado da Amber nas minhas costas. Já Clara finge que nem ouviu.

— Agora acerta o nome. — Murmura Amber.

— Estou a ver. — Ele olha para mim e mete um sorriso falso. — O que me dizem de começarmos a ir?

A Cabana das Janelas VermelhasOnde histórias criam vida. Descubra agora