Era madrugada em Cálico e o céu estava lindamente estrelado. A Lua cheia brilhava no alto, única e exorbitante, ascendente na escuridão vazia e silenciosa, as nuvens dispersas e as estrelas cobrindo todo o céu limpo, como pequenos pontos de luz quente e bonita.
Jimin estava na varanda, com o pequeno gato ranzinza ao seu lado, sentados sobre uma manta fina e cor de cinza estendida no chão, as pernas encolhidas e os braços ao redor de si próprio para conter o frio. Estava enrolado em um blusão quentinho com capuz e bem peludinho, cor de creme e zipado, calça de moletom e meias nos pés minúsculos. A ponta do nariz brilhava em vermelho, assim como as bochechinhas gordas e as pontas das orelhas, os lábios secos e o rosto todo gelado com o vento frio da madrugada.
Ele estava em silêncio, sem conversas com o gato ou suas amigas estrelas, olhar distante no horizonte e os pelos arrepiados com o frio, cabelo bagunçado pelo vento. As pupilas cintilavam em conjunto com o céu estrelado e mesclavam-se com o negro da escuridão, tornando-se poço infinito de sonhos e euforia, agitando a madrugada inóspita e calma.
— Sabe, Libe, eu pesquisei mais sobre as lanternas flutuantes que vi com Jungkook no filme de ontem. — ele inicia a narrativa, com a voz baixinha e macia, atraindo a atenção instantânea do bichano, que balança as orelhinhas e pisca os olhos verdes na direção do dono. — Eu vi um monte de fotos. Elas são lindas, Libe, você precisava ver. São tão brilhantes e cheias de detalhes e desenhos, ficam voando no céu e iluminando a noite.
O príncipe suspira com ar sonhador, deitando a bochecha no joelho magro para retribuir o intenso olhar de seu amigo mais fiel, as íris violáceas e bem claras e os lábios franzidos, a testa enrugada em vinco. Ele estica o braço, tocando a cabeça do animal em carinho delicado e gostoso, o ronronar incessante espalhando-se pelo silêncio frio e trazendo conforto para o coração do Park.
— Eu gostaria de poder vê-las de verdade algum dia. Talvez até tocá-las para que voassem bem alto. Seria incrível, não é? — o gatinho mia em resposta, empurrando a cabecinha contra a mão do ruivo em busca de mais carícias, todo manhoso. — Eu sei que você não gosta de luzes muitos fortes, seu medroso. Mas eu ficaria feliz em assistir o show das lanternas flutuantes na companhia de uma pessoa especial.
Repentinamente, as bochechas esquentam em corar intenso, colorindo a pele de vermelho forte e espalhando calor tímido por todo o peito, orelhas e barriga. Ele morde o lábio, mordiscando as pelinhas com os dentes, e enterra a cabeça no vão de seus braços e pernas, escondendo-se da zombaria das estrelas.
Era óbvio que Minnie pensou em Jungkook naquele momento. Ele era a sua pessoa especial e o único com quem o pequeno príncipe gostaria de assistir as lanternas flutuantes.
Seu coração dispara no peito quando a imagem do rosto sorridente e tão bonito do guarda enche os seus pensamentos e o calor piora em nível extremo, lançando labaredas de fogo através das veias e neurônios. Sua cabeça ascende em chamas, as ideias embaralham em uma confusão de coisas sem explicação e dezenas de sentimentos invadem o seu sistema, causando pandemônio e aglomeração excessiva de informações, sonhos e loucuras.
— Aish! Que bobagem, Park Jimin. Tire isso da cabeça. — ele resmunga consigo mesmo, puxando uns fiozinhos de seus cabelos em repreensão por suas ideias tontas e pela imaginação fértil e estúpida. — Eu sou tão bestinha às vezes, Libe. Você não concorda? — o menino vira um pouco a cabeça para o gatinho, vislumbrando-o por cima do braço e entre os cílios, quase vergonhoso.
O bichano mia baixo, concordando com suavidade, sem querer ofender o dono. O príncipe faz beiço forçado, fingindo uma chateação com o animal de estimação e dramatizando como um bom ator, os lumes brilhantes e a cabeça confusa, girando no espaço em branco de sua mente.
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Coroa Manchada | Jikook
Fiksi PenggemarSou refém dessa coroa pesada sobre a minha cabeça. Tenho a alma aprisionada e sonhos impossíveis, com uma redoma de tijolos me privando da realidade e uma liberdade roubada desde muito cedo. Sou pintado, como um gato calico, e assisto o mundo atravé...