Com um estudo preciso acerca das faculdades que regem o comportamento humano, pude constatar que há sim uma série de maneirismos na conduta do homem que, por puro orgulho e arrogância de uma mente cega pela razão, vem sido tratada de forma indiferente pelos acadêmicos e grandes entusiastas, representantes da ciência contemporânea, que com um olhar de desdém zombam desta.Tomamos pra si que tal coisa seja fruto de uma cabeça perturbada ou tomada por um estado passageiro de ódio ou fúria que nos possuí por breve, cegando nossos olhos com um senso de urgência que, devido a pressão do momento, se sobrepõe a moralidade e a ética padrão.
Assim o ser se rende, imbuído por uma ideia primal.
É assustadoramente impressionante tamanho potencial que tais pensamentos conflitantes trazem ao sujeito, sob influência de algo, que nem mesmo o estudo da psicologia ou psicanálise da mente avançada poderia explicar de maneira lógica e racional.
Afinal, seria possível a compreensão do sentimento nocivo, radical, petulante, impulsivo e instintivo que se apodera do ser vivente?
Atestar a sanidade na ausência de quaisquer traços de um furor ou indícios de uma personalidade febril é deveras ilógico, uma vez que desconsidera a incapacidade de lidar com situações que exijam maior seriedade.
Uma mente sóbria está num estado moderado de consciência, estando livre de pensamentos raivosos e de suas tentações.
Sendo assim, é correto afirmar que para se validar um atestado de plenitude, não se pode fazê-la enquanto passivos, nada mais justo do que avaliarmos o grau da fúria e como ela se manifesta, ( em situações das mais diversas ).
Entretanto, para isto, precisamos estabelecer a causa de tal condição, sua natureza e evolução ao longo dos milênios, sempre presente, desde que o mundo é mundo.
A origem de sua existência por si só é uma incógnita, a emoção incitante e libidinosa, uma marca registrada na história do homo sapiens que precede a eras remotas do tempo.
Um instinto selvagem primitivo e ancestral, capaz de transformar a mais pura criatura numa besta indomável guiada pela fúria, como um predador em busca da presa.
O coração bate mais forte, as veias saltam infladas de sangue, o nível de adrenalina faz enrijecer os músculos que se destacam por todo o corpo.
Os olhos se comprimem de raiva e o rosto muda de súbito sua expressão facial de outrora, revelando o que há de pior adentro.
A identidade se esvai e dela surgi outra personalidade sórdida e maligna.
O tom de voz muda radicalmente de um acorde fino e suave á uma voz rouca e grossa.
A íris se expande e da esclera, ( parte branca dos olhos ), formam-se raízes vermelhas que crescem, feito uma chama sobre a lenha.
A fera diabólica e demoníaca dentro de nós é então liberada de sua clausura, e o pior acontece: brigas, desentendimento, morte e assassinato.
Este é o ponto que se concentra minha teoria a respeito disso, apesar de renegarem e, por vezes, chama-lá de "absurdo" ou "fantasioso", todavia, num mundo tomado pelo ceticismo dos homens, quaisquer ideia que esteja fora do padrão "científico" se torna aos olhares céticos um mero pensamento desconexo, digno de um lunático.
Pois o descrente se afoga nas mesmas águas em que o psicótico nada com prazer.
Então lhes digo que abandone tais preceitos, afim de elucidar tal fator crucial para o entendimento desta, caso queira compreender tal descoberta acerca da raiz da perversidade da consciência e da incitação a violência humana.
Da raiva instintiva á ira desgovernada, que transforma homens bons em cruéis.
Deixo claro aqui que não se trata, de forma alguma, de uma tese da qual tem como discurso invalidar infratores ou praticantes de crimes hediondos e sim esclarecer a causa de tais acometidos, tendo em vista o estado mental, e psiquê do sujeito.
Já que, sendo o homem um lúcido saudosista e indiferente, creio eu ter de inadvertidamente o reiterar acerca de ademais cláusulas internas, em virtude desta.
Acredito que há dentro de todos nós uma fera submersa nas profundezas da mente, presa num recanto sombrio do subconsciente, enjaulada, esperando o momento para sair da escuridão e propagar o caos.
Após liberta somos dominados pela fera diabólica, o que seria a manifestação da raiva, do ódio, da fúria e principalmente daquilo que não exercemos mínimo controle, aquilo que é incapaz de ser contido, os impulsos nervosos que afloram de repente.
Desta maneira somos invadidos pela provocação do mal, possuídos por demônios atormentadores, sem forma, que nos induzem aos piores dos atos do ser.
Acabamos sendo reféns da fera interior, do lado ruim, de nossa outra metade sombria, da persona do mal perseguidora que, através de nós, realiza as mais diversas aberrações.
Desde semear a discórdia e a desordem natural, até cometer atrocidades físicas e, portanto, homicídios.
O princípio inato e antagônico da perversidade oriunda da fera, a escória miserável de inefáveis e incontáveis aspectos impulsivos e repulsivos.
Se comprovado a figura danada e terrível que habita a área escura da alma, é certo que negarão até o fim, a existência do monstro grotesco, o anjo caído dentro de nós, a fera animal que divide espaço junto ao ser: como um homem mal dentro de um homem bom.
Tais casos peculiares revelam á mim isto, uma segunda face do ser humano, um "bad guy".
A veracidade dos fatos está resguardada ao seu narrador, sendo assim, por quê fiz aquilo? por quê cometi tal crime brutal com minhas próprias mãos? por que perdi o controle e findei tal sujeito?
Entenda que, às vezes, somos obrigados a conviver com nossos próprios demônios.
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A FERA ✓
Short Story"Monstros são reais e fantasmas são reais também. eles vivem dentro de nós e, às vezes, eles vencem." - Stephen King - A fera trata-se de um ensaio que busca fazer uma reflexão acerca dos princípios humanos, dos nossos demônios interiores, e propõe...