Confession

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Ver Violet vulnerável e melancólica parece ter ativado algum tipo de senso de proteção em Cait. Ainda não compreendia a conexão delas, porém mesmo sem acreditar, em momento algum se assustou ou ao menos tentou lutar contra sua vontade quase incontrolável de simplesmente estar próxima a zaunita. E, pelo que pode notar, Violet parecia estar fazendo o mesmo, ainda que tivesse mais coisas com que lidar.

Desde que Jinx explodiu o prédio do conselho, mesmo sem ninguém ter se ferido gravemente, Vi havia entrado em uma espiral de culpa e arrependimento por ter deixado a irmã. Caitlyn reafirmou diversas vezes que a rosada não tinha como controlar os eventos, muito menos se responsabilizar sobre as ações e escolhas de Jinx.

Sendo bem sincera, nem a própria Jinx a herdeira Kiramman conseguia culpar. Sabia que ela era apenas um produto do descaso e da desigualdade que os piltovenses insistiam em nutrir. Antes mesmo de se meter nos esquemas de Silco já considerava a relação dos governantes de Piltover com a subferia no mínimo questionável, mas depois de conhecer o território e o povo estava decidida em mudar as coisas para os zaunitas, para pessoas como Vi...

Não se lembra mais como era ter sua mente livre da imagem da rosada, ela se tornara seu primeiro e quase único pensamento diário. A entrada de Violet para o corpo dos Defensores as tornou parceiras inseparáveis e os sentimentos intensos, que demorou a entender, foram se fortificando cada vez mais. Apesar de já ter ensaiado em sua mente diversas maneiras de se declarar, nunca chegava à conclusão de qual o momento certo e muito menos se Vi estaria pronta para isso.

Mesmo que ainda incerta, decidiu fazer algo especial durante a folga delas, serem parceiras de trabalho e morarem na mesma casa ajudou muito na programação, mas não sabia exatamente o que fazer. Não se considerava uma grande romântica, mas não podia se confessar casualmente durante uma patrulha, Vi merecia mais. Entretanto, não sabia por qual linha seguir, pensou em fazer algo grandioso, com pétalas de rosas, velas e tudo mais, porém achou muito arriscado levando em conta que poderia ser dispensada.

Optou por fazer algo mais intimista, uma espécie de piquenique em seu quarto. Mas para garantir o efeito surpresa, após o almoço, no dia anterior a folga, fingiu estar indisposta para sair mais cedo do trabalho, sabia que assim que Vi chegasse em casa iria para seu quarto e aí a surpresa começaria e se tudo desse certo aproveitaria muito bem todo tempo livre que teriam.

Passou a tarde inteira ajeitando cada mínimo detalhe de seu quarto, pegou na cozinha alguns quitutes se esforçando para não fazer alarde, o que menos precisava era seus pais se metendo nisso, só imaginar a reação de Violet já a deixava ansiosa o suficiente. Depois de remexer tudo o que podia se sentou e esperou a rosada tentando não ter uma sincope.

Assim que Caitlyn saiu do departamento os pensamentos de Violet a acompanhara. O tempo parecia não passar. A preocupação passou a dominar sua mente, conhecendo a atiradora como já conhecia, sabia que seja lá o que ela estivesse sentindo estaria em seu quarto fingindo estar bem, pelo menos até Vi ou seu pai levarem uma xícara de chá quente que Cait aceita soltando um sorriso irresistivelmente adorável.

Quando seu expediente chegou ao fim saiu do prédio do departamento o mais rápido que pode rumo a mansão dos Kiramman, mas assim que passou pela vitrine de uma confeitaria não se conteve em comprar cupcake para seu cupcake. Esperava que seu pequeno gesto deixasse Cait pelo menos um pouco melhor e que ela não estivesse mal do estomago.

- Droga Violet, devia ter pensado um pouco. - Disse para si em voz alta quando estava chegando perto aos portões da mansão.

A falta de alarde na casa a deixou mais tranquila, mas também confusa. Em sua breve estadia ali já havia presenciado Sra. Kiramman extremamente preocupada por Cait sentir uma simples dor de cabeça ou pular alguma refeição, seria por isso que ela evitava contar quando não estava sentindo mal? Subiu as escadas rindo sozinha, cada coisa que descobria sobre Caitlyn a fazia se sentir estupidamente especial.

Mesmo a família sendo conhecida, pouco da herdeira é público, apenas que ela era uma policial extremamente comprometida e competente, que possuía uma perspicácia notável e possuidora de uma beleza inegável. Mas Violet tinha se empenhado em memorizar tudo que podia, desde suas comidas e sabores de chá preferidos até suas microexpressões.

Dando leves batidas na chamou por Cait , em resposta foi autorizada a entrar por uma voz tremula e vacilante.

Se não estivesse tão nervosa teria rido da expressão perdida que Violet fez ao entrar no quarto. No carpete em frente a cama estavam dispostas duas almofadas voltadas para a porta, Caitlyn já se encontrava sentada em uma delas, uma grande bandeja enfeitada com um vaso de flores azuis e cor de rosa, assim como elas, no centro, uma torta, pratos talheres, uma garrafa de vinho e taças.

- Desculpa, não queria atrapalhar nada. – Passou uma das mãos pelo cabelo enquanto tentava esconder a embalagem que carregava com a outra. – Só vim ver se estava bem, mas você claramente está esperando por alguém, qualquer coisa vou estar no meu quarto. – Se esforçou para dar um sorriso nada convincente e se virou para porta.

- Não, Vi. – Correu para segurar o braço da rosada antes que saísse do quarto. – Eu estava esperando por você... Fiz tudo isso para você... - Sorriu nervosamente.

- O que fiz para merecer tudo isso, Cupcake? – Tentou soar confiante, mas sua confusão estava mais do que explícita em seus olhos, pelo menos para Caitlyn.

- Vem, senta aqui comigo. – De mãos dadas guiou Violet até as almofadas. – Preciso te contar uma coisa, mas não sei por onde começar...

- Relaxa, docinho. - Afagou a mão da atiradora. – Pode me contar qualquer coisa.

- Está bem, mas antes de fazer qualquer comentário me deixa terminar de fala, tudo bem? – Violet concordou balançando a cabeça. - Bom... sei que viemos de lugares opostos, assim como temos personalidades bem diferentes. Somos água e óleo como você mesma disse. – Deu um sorriso debochado.

- Já disse para você esquecer isso, só estava tentando evitar que minha irmã te matasse. – Rebateu Violet.

- Ei, sem comentário lembra?

- Foi mal, Cupcake. Mas tinha que me defender.

- Ok, continuando o que eu estava falando... – Respirou profundamente para tomar coragem. – Independente de todas as nossas diferenças somos boas uma para outra, como amigas e parceiras, mas não sei se isso está funcionando, Vi... Estar perto de você nunca parece o suficiente, pelo menos não do jeito que estamos. - Apertou a mão da rosada – Não sei te dizer o quão torturante é estar perto de você deixando de dizer tudo que sinto, sem te tocar... sem te beijar, Violet.

Enquanto ouvia Caitlyn falar o peito de Vi parecia que iria explodir de tão rápido que seu coração batia, era tão bom que não parecia ser verdade. Não negaria que gostaria de ter beijado Cait assim que ela a libertou da prisão, tanto pelo feito como por ter achado ela incrivelmente bonita. Mas depois de conhecer mais sobre ela, de ver quão bom era seu coração, foi impossível não se apaixonar.

Para ela não foi difícil descobrir os sentimentos, sonhar frequentemente com os beijos da jovem Kiramman definitivamente não ajudavam a coibir sua paixão. Contudo, tinha certeza de que não devia tentar nada, apesar de flertar com Cait ocasionalmente. Não achava possível que esse sentimento fosse correspondido, assim como não se achava o suficiente para que fosse recíproco.

Entretanto, indo contra todas as certezas que achava que tinha ali estava Caitlyn, fazendo seus sonhos se tornarem realidade. Não sabia como corresponder as palavras da atiradora, afinal, essa não era sua área. Violet sempre soube que sua potencialidade era a ação, então foi o que fez. Iniciou o beijo da maneira mais suave e doce que pode, sendo prontamente correspondido até a necessidade por ar vencer o desejo por contato.

- Você não faz ideia de quanto tempo faz que sonho com o seu beijo, Cupcake. – Puxou Caitlyn para mais um beijo.

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