Capítulo 1

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Abril de 2012

"Precisa-se de assistente".

Eu fico algum tempo olhando para aquele anúncio no jornal e decido fazer um círculo com a caneta vermelha em volta. Eu estou morando em Londres há dois anos e meio e por mais que a minha prima Amber tenha dito que eu poderia levar o tempo que fosse para conseguir um emprego eu sinto que já está passando da hora.

Eu trabalhava em uma livraria, mas agora que já estou no terceiro ano de comunicação social, preciso começar trabalhar em algo mais próximo da minha área, ou talvez começar um estágio.

Sempre fui uma pessoa muito determinada e sempre quis morar em outro país desde os meus sete anos de idade, quando minha tia Joane uma britânica se casou com meu tio Pedro, irmão mais velho da minha mãe. Eu amo o Brasil, mas assim que ouvi minha tia falando da Inglaterra pela primeira vez eu me apaixonei.

Quando eu tinha quinze anos minha tia me convidou para passar as férias com eles em Londres e minha paixão por este país só aumentou. Amber é da mesma idade que eu e sempre me dizia que assim que eu terminasse o ensino médio no Brasil, deveria ir morar com ela porque ela iria alugar um apartamento para ficar mais próxima da faculdade e eu poderia trabalhar em alguma coisa até decidir qual faculdade queria fazer. E em 2010 aos dezoito anos finalmente me mudei definitivamente para Londres.

Na época em que passei minhas férias aqui, eu ainda não havia decidido o que queria estudar, mas agora estou indo muito bem no meu curso de comunicação social, sou uma das alunas mais aplicadas, mas eu quero adquirir experiência por isso qualquer trabalho relacionado a comunicação me interessa neste momento. Eu me distraio um momento tentando encontrar uma palavra na cruzadinha e sempre que faço isso acabo mordendo toda a ponta da caneta. Amber chega na sala puxando a caneta da minha boca e dizendo em um português engraçado.

__Pare de môrrder toda a minha caneta Alice! Você sabe que não gôsto.

__Credo, o Louis está te fazendo falta não é mesmo?

Ela me aponta a língua em seguida se joga no sofá do outro lado da sala rindo.

Ás vezes ela fala em português quando estamos em casa, porque meu tio não quer que ela se esqueça,mas geralmente falamos em inglês para que eu também não me esqueça.

__Você está olhando os classificados de novo?

Eu me viro pra ela que está comendo uma maça. Depois volto a olhar de novo para o jornal no meu colo.

__Estou sim. E é melhor falar em inglês agora porque seu português tá mais engraçado do que antes.

Ela sabe que estou querendo mudar de assunto, então me ignora e continua.

__Você sabe que não precisa ter pressa em encontrar um novo trabalho né? Nós estamos bem, eu tô em um ótimo emprego e você têm suas economias que eu sei, então procura alguma coisa legal que contribua da forma certa.

Eu sei que ela está sendo sincera porque sem o apoio que ela me deu eu nunca teria tido coragem de vir para Londres no auge dos meus dezoito anos, deixar meus pais, minhas amigas pra trás e começar uma nova vida aqui. E eu a olho com nostalgia lembrando tudo que já passamos juntas.

__Eu sei.

Eu me concentro novamente nos classificados, mas sinto uma almofada atingir em cheio o meu rosto.

__Amber que droga!

Eu digo rindo.

__Eu tô entediada!

One_ Você é a únicaOnde histórias criam vida. Descubra agora