Violetas Ensanguentadas-Joesar

Vermelho e Roxo

A brisa gélida do inverno recém chegado soprava os cabelos longos do homem disperso na varanda de seu apartamento, observando os arredores totalmente absorto em pensamentos

Uma pétala ensanguentada.

Conhecia as lendas, sabia o que era, a dor de um amor platônico ao qual nunca será correspondido lhe acomete e junto dela, pétalas de violeta

Flores roxas manchadas pelo vermelho vibrante, assim como havia se deixado manchar pelo estrangeiro de olhos cor de mel meses atrás

Se soubesse de seu destino talvez tivesse agido diferente, mas sabe que não pode mudar o passado, se quer cogitaria depois de conhecê-lo

Correr o risco de não poder ver o sorriso com calor de mil sois, as piadas e trapalhadas que somente o asiático sabia fazer, não ouvir seu nome sendo chamado com o honorífico que ele insistia em usar

A entrada triunfal em sua vida lhe deu tanta cor, por mais que junto dela viesse a dor das flores subindo pela sua garganta

Hanahaki Bouyu, a doença que é fruto de um amor platônico, não correspondido, onde crescem flores em seus pulmões, roubando-lhe o ar e o tempo de vida

Há algumas maneiras de evitar a morte, algumas cirurgias de remoção podem ser feitas, mas o preço é alto demais, com a retirada das flores, também se é retirado seus sentimentos, cada um deles, restando apenas a casca vazia do ser iluminado que antes ali residia

Ah Joui, como ele queria poder gritar-lhe que o amava, que o que sentia havia passado daquela amizade ha tempos, que o imaginava em seu futuro como namorado, quem sabe um dia marido

Mas o medo da rejeição parava Cesar, todas as vezes que ele cogitara a ideia ele se refreava

"Ele pode não me amar de volta, e se ele me achar estranho? E se eu arruinar nossa amizade? E se eu criar um clima estranho?" As dúvidas rodeavam a cabeça do streamer, que a cada nova pergunta sem resposta sentia um bolo de pétalas subir a garganta

Correu ao banheiro, com lágrimas nos olhos e as mãos na boca trntando conter as flores, sentia os galhor lhe correrem o corpo,  crescendo rapidamente e cortando a pele

A dor que lhe acometia era terrível

Sentou-se em frente à privada e tossiu violetas ensanguentadas, já não eram petalas, agora eram flores desabrochadas

Chorou desesperado sabendo que seu trmpo estava acabando, queria contar-lhe tudo, seus sentimentos, sonhos e em com um movimento rápido e a mente gritando pegou o celular de seu bolso logo achando o contato do amado

-Eu posso nunca ser correspondido, mas não me custa nada tentar- disse aproximando o celular do ouvido e iniciando a ligação

Chamou, chamou, ele estava denorando pra atender, e cada toque não atendido fazia o bolo de flores em sua garganta subir mais

-Cesar? O que houve?- Joui até iria reclamar do horário mas ao ovir o som de tosse e soluços de choro do amigo se contentou em perguntar somente isso

-Joui eu- tossiu mais flores, se sentia fraco, a vista cansada, estava ficando sem tempo- Joui eu preciso te contar, antes que essa merda acabe comigo de uma vez, ao menos tentar

-Cesar? Que conversa é essa? O que ta acontecendo? - Ficou alarmado ao ouvir o amigo, ele nunca se abria, só chamava ajuda quando a situação estava crítica, e pelo que parecia ja tinha chegado a esse nível

-Me escuta... olha, eu nem sei como falar isso mas,  Urgh eu.. eu...- Segurou os cabelos de forma desesperada, precisava dizer, mas a cada segundo a dor aumentava

Olhava ao redor procurando algo que lhe desse força, precisava dizer, não podia morrer sem dizer aquilo

Não podia

Não devia

Não iria

-Que caralho, EU TE AMO PORRA- Gritou, ouvindo um som baque do outro lado da linha e um resmungo de dor

-Cesar? Kami-sama, onde você ta? Eu

-Me escuta, que saco- seus olhos se enchiam novamente pela falta de uma resposta concreta "ele deve estar me achando um louco" pensou - Eu precisava te contar e se você não sente isso também não tem problema, mas eu estou morrendo Joui, desde que descobri eu

-CESAR, ONDE VOCÊ TA? Ai merda, eu não queria falar isso por telefone

- não precisa olhar na minha cara pra me rejeitar Joui, e eu não tenho.. ..tempo- choro, flores, sangue, tudo estava uma bagunça, seus pensamentos corriam em sua cabeça, não sabia o que pensar e sentia as raizes chegarem ao centro de seu peito, ele iria morrer ali

Mas parou

De repente, não tinha mais dor

Não se ouvia mais nada

Seu corpo caiu no chão em uma batida surda

Havia falecido sem ouvir que o sentimento era recíproco

E para Joui do outro lado da linha que não via o que aconteceu tentou gritar pra Cesar que também o amava, mas era tarde

Ao chegar no apartamento do Streamer, o procurou por tudo , até encontrar no banheiro o corpo sem vida onde brotavam as mais belas violetas

Vermelhor no roxo, flores ensanguentadas

Joui e Cesar, apaixonados e separados pela morte

O ex ginasta caiu aos prantos, ajoelhado ao lado do corpo de seu amado, se tivesse falado ao invés de tentar ve-lo pessoalmente, odiava confissões por telefone mas se tivesse falado nada disso teria acontecido

Por sua culpa ambos estavam separados

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  Os sons de sirene cortavam o silêncio daquela madrugada, duas mortes, um  streamer relativamente famoso, de 30 anos, morto por uma doença rara, conhecida como Hanahaki Bouyu, o outro um ex ginasta, de 25 anos, suicídio.

Os dois corpos foram levados para o hospital para autópsia e foram reconhecidos por amigos próximos

Elizabeth Webber, Thiago Fritz, Christopher Cohen e Arthur Cervero.

A unica mulher do grupo chorava  debruçada em cima do corpo do ex ginasta, negando e ordenando que ele acordasse,  sendo puxada  para um abraço pelo Fritz, igualmente desesperado

Eles o consideravam um filho

Chris estava ajoelhado ao lado do corpo do filho, em um desespero contido, havia perdido a mulher ha anos, agora seu filho jazia sem vida a sua frente, estava sem rumo e desolado

Ele tinha perdido sua família

Arthur se encontrava perdido, em choque, negando aquilo que seus olhos viam e querendo que fosse um pesadelo, sua mente só podia estar lhe pregando uma peça, não podia estar acontecendo, não logo depois da morte da sua gangue, não de novo

Ele perdeu os melhores amigos

No funeral, vendo ambos os caixões serem cobertos, desejavam ter ido junto

E por mais que soubessem que deveriam seguir em frente, vivendo pelos dois que ja não podiam, nunca mais seriam as mesmas pessoas

As mentes em colapso

Os corações estilhaçados

Pessoas boas que haviam perdido demais mas ainda seguiam