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"Acorde"

Joui deu impulso para cima, se posicionando para combate. Mas ao olhar para os lados, não havia ninguém perto de si. Não havia Kian, não havia Dante, não havia Carina, não havia Damir, não havia Theodore.

Era apenas ele.

Ele teria começado a chorar, estava sozinho de novo e a sensação era a mais horrível possível. Porém algo o impediu. Uma pequena pétala de flor que parecia ter vida própria, brincou em seu rosto lhe fazendo leves cócegas na bochecha e guiou seu olhar a um pequeno caminho de pedras, junto a um jardim. Ele acompanhou a pétala com o olhar, mas em certo ponto, ela parou de se mexer e se fixou em um ponto no ar. 

Esperava por ele.

Jouki deu alguns passos para frente, tentando puxar uma das katanas. Mas, ao olhar para baixo, não existia katana. Assim como suas roupas haviam mudado. Usava um kimono vermelho claro, com flores de cerejeira e Higanbanas brancas, com detalhes em dourado.

E sim, aquilo deveria parecer suspeito, mas no âmago do seu ser, Joui sentia a certeza de que aquilo era o certo, que não precisava de armas agora, que a guerra havia acabado para si. Não entendia por que estava sentindo isso mas sentia, e tal sentimento o amedrontava.

Ele voltou a andar na direção da pétala que brincava consigo mais cedo, conforme ele se mexia, ela fazia o mesmo. O caminho era longo, então, ocasionalmente olhava para as flores ali plantadas e cuidadas pelo caminho. Lírios, violetas, pingos de ouro, tulipas, dálias, crisântemos e Delfinos. Muitos delfinos.

Se lembrava, vagando pela memória de ter perguntado uma vez para a mãe de Rodolfo, uma mulher gentil formada em botânica, qual era o significado desta flor, e ela respondeu, prontamente, que simbolizava horizontes mais amplos e tempos melhores, tempos mais fáceis.

Eram flores tão lindas quanto achava que seriam. Nunca havia visto uma tão de perto.

"Terá muito tempo para apreciá-las mais tarde Jouki, continue andando"

Aquele sussurro, aquilo lhe lembrava a voz de alguém. Ficou refletindo por alguns segundos, mas não chegou a uma conclusão plausível, então acabou por desistir e seguir em frente. Lidaria com esta dúvida depois. Estava tão entretido com as flores que nem fez questão de olhar para frente, mas agora se focava no caminho e conseguia ver se aproximando, uma casa grande, feita de pedra, com vinhas de... droga! Joui sempre esquecia o nome da árvore que dava uva.

"Parreira"

Exatamente! Com vinhas de parreira decorando as paredes. Um cheiro bom de tempero de carne recém grelhada vinha acompanhado de uma brisa gostosa. Ele passa alguns segundos andando, até chegar à entrada, onde uma cena inesperada aguardava.

Lá dentro estavam todos. Todos os mortos. Todos aqueles que se foram. Liz, Thiago, Kaiser, Christopher, Erin, Brulio e outras diversas pessoas, que conversavam e interagiam enquanto esperavam que o churrasco ficasse pronto. Estava prestes a sentar-se no chão em descrença, quando um olhar encontrou o seu. Kaiser, que conversava com Bruno, se virou para Joui. Eles se encararam por alguns segundos antes que Kaiser sorrisse abertamente e corresse na direção do amigo para abraçá-lo começando a lacrimejar um pouco.

K- Eu tava com tanta saudade!
J- Onde eu tô?
K- ... Joui. Você morreu.
J- Eu... sei. Mas que lugar é esse?
K- É o paraíso Joui.

Sem dizer mais nada, Joui começou a chorar, agarrado à camisa de botão com mangas curtas de César, que apenas deixava. Não importava se ficasse amassada. Se Joui precisava de um ombro para chorar, ofereceria os dois. Ao levantar o olhar para o amigo, porém, tudo o que Joui pode fazer foi sorrir fechado

A Chegada - Uma homenagem a Joui JoukiOnde histórias criam vida. Descubra agora