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--- Vocês foram maravilhosas, me orgulharam e, por isso, hoje levarão um lanche que pedi para Carlos fazer a vocês --- comentou Matthew.

--- Muito obrigado Sr. Matthew. Muito obrigado mesmo --- falei, com um sorriso em meu rosto.

--- Matt --- corrigiu-me novamente. --- Vocês merecem. Os lanches estão na cozinha.

--- Tudo bem --- dissemos em uníssono.

Amy parecia super exausta, já Becca (começamos chamá-lá porque ela pediu, talvez se sinta confortável) não parecia nem que havia se cansado. Para ela, trabalhar aqui, hoje, foi como estar em um parque de diversão.

Fomos para a cozinha. Os lanches estavam lá, quentinhos, esperando por nós.

As meninas já foram comer, mas eu deixei o meu guardado, talvez eu coma quando chegar em casa.

Pelo o que parecia, isso não é um lanche, é um almoço, ou até uma janta.

Nesse "lanche" tem: Arroz, feijão, purê de batata e carne.

--- Isso daqui está muito bom --- comentou Becca, ainda de boca cheia. --- Não vai comer, Melanie? Não sabes o que está perdendo.

[...]

Depois de despedir-me das meninas, do Carlos e do Matthew, fui-me embora. Na verdade, estou indo embora, feliz, pois ganhei noventa e cinco dólares no meu primeiro dia de trabalho. Agora vou separar meu dinheiro para gastar com minhas coisas ---- roupas, livros, um celular novo, etc. --- e separar outro para gastar com minha faculdade.

...

Estou indo ao ponto de ônibus, mas paro ao ver um homem deitado na rua, perto do restaurante. Agacho-me no chão, e ele olha para mim. Ele está completamente sujo. Claro, ele dorme na rua.

--- Oi, tudo bem com o senhor?

--- Sim, só estou com fome.

Sua voz era baixa e rouca, talvez estava resfriado, ou sua voz era assim mesmo.

--- Hm, deixa eu ver se tenho algo para você --- falei, levantando-me vasculhando minha bolsa. --- Aqui --- entreguei meu "lanche". --- Fique aqui, já venho.

Fui em um pequeno mercado e fui atrás de uma garrafa de água e colher. Peguei as mesmas e deu 5,00. Voltei ao homem que agora estava sentado, se cobrindo com papelão.

--- Eu trouxe uma água e uma colher a você --- falei o entregando. --- Você dorme aqui? --- ele assentiu. --- Okay, sempre que eu puder te trarei comida, certo? --- ele assentiu.

Levantei-me arrumando minha bolsa em meus braços novamente. Quando vou me virar, ele me chama.

--- Muito obrigado, que Deus te abençoe.

Sorri diante de suas palavras, e então fui embora.

[...]

--- QUE DROGA! --- gritei, quase arrancando meus cabelos.

--- O que foi, filha? --- perguntou minha mãe, aparecendo no meu quarto.

--- Meu caderno. CADÊ A DROGA DO MEU CADERNO! --- gritei novamente, só que ainda mais alto.

--- Você não havia emprestado para o Ryan?

Naquele momento senti vontade de cavar um buraco e enterrar minha cabeça no mesmo.

--- Verdade --- confirmei, envergonhada. --- Desculpa, é que estou atrasada.

--- Tudo bem. Se quiser, te levo hoje.

Mamãe pegou a escova da cômoda e começou pentear meu cabelo enquanto eu terminava de colocar o meu Keds.

--- Acho que vou aceitar --- falo me levantando e dando uma volta. --- O que acha?

--- Ah... Está tão... Você.

--- Vou entender isso como um elogio --- sorri.

--- Okay --- disse mamãe, se levantando da cama. --- Vou pegar as chaves do carro e te encontro lá em baixo.

[...]

--- Ano passado não tivemos aula de geografia, professor Clayton --- falou um dos alunos.

--- Tá. Este será o nosso foco; globalização.

Mal começou a aula e eu já estava quase a dormir na sala. Cansaço, talvez.

--- Mel --- chamou-me a minha amiga, Liana, que estava atrás de mim, então virei-me. --- Você tá sabendo do baile que vai ter aqui na escola? --- neguei com a cabeça. --- Então, irão vir homens bem sucedidos e os próprios irão dançar conosco --- falou terminando uma trança em seus cabelos castanho claro.

--- Por quê isso? --- perguntei sem entender.

--- Porque a professora quer que nós fazemos uma pesquisa sobre um homem bem sucedido, mas, como não conhecemos nenhum, ela teve essa ótima idéia --- percebi um sorriso malicioso em seu rosto.

--- Lá terá sua preferência, não é mesmo? --- falei já rindo.

Liana nunca gostou de garotos mais novos que ela, ela diz que é estranho. E, por isso, sempre optou pelos mais velhos; maiores de dezoito, menores que vinte e nove.

--- Isso aí --- respondeu dando uma piscadela.

--- Melanie Smith! --- o professor chamou minha atenção. --- O que é globalização?

Fingi que estava tentando arrumar as palavras certas para usar, mas desisti.

--- Não sei --- respondi finalmente.

--- Saberia se tivesse prestado atenção! --- abriu um sorriso vitorioso. --- A globalização é a fase do capitalismo que se consolidou nos anos 90, com profundas implicações políticas e sociais, e que foi possibilitada pela facilidade de comunicação entre os países, pela abertura dos mercados nacionais e pelo avanço da tecnologia, levando à formação de grandes blocos econômicos e ao acirramento da competição entre as empresas... --- continuou o professor.

Olhei para trás.

--- Eu vou! --- afirmei à Liana.

Capturada por amor || Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora