CAPÍTULO VINTE E SETE

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Algum lugar desconhecido a quilômetros do belo e cruel deserto Rubal-Khal

— Não, me solta, eu não quero ir. — Zahrah gritava e esperneava, tentando arranhar os braços daqueles dois homens que a seguravam de maneira bruta. — Eu não quero ir.

Os homens, pouca ou nenhuma atenção lhe davam, o que fizeram foi amarrar seus braços com uma grande corda, dando um nó bem apertado, a deixando sem saída.

A levaram até um dos camelos e a colocaram em cima do animal de modo rude, pouco se importando com seus gritos de misericórdia. As costas do animal estavam protegidas por tecidos grossos para não machucá-lo e logo o colocaram em movimento, seguindo pelo trajeto entre as dunas, caminhando em fileira e em passos lentos.

A jovem não sabia o que de tão ruim havia feito em sua vida para estar passando por toda aquela situação naquele momento, só conseguia pensar em seus pais, em Zlatan e mais importante em seu bebê. Temia por sua vida e pela dele. Um ser inocente que nem havia tido a chance de vir ao mundo e já corria riscos.

O que vinha em sua mente era se seus pais e Zlatan estavam a sua procura. Com certeza sim, não a deixariam à própria sorte. O grande problema é que não tinha certeza acerca de seu futuro, não sabia o que a aguardava e dessa forma também não sabia se sobreviveria para vê-los novamente.

Zahrah sempre foi uma mulher forte, ao menos sempre tentou transparecer, principalmente depois da grande decepção amorosa que sofreu no passado. Mas naquele momento permitiu-se ser fraca por um momento. A situação era muito para ela, seu psicológico já não estava muito bom e agora piorou, não sabia por quanto mais tempo suportaria toda aquela situação, porém tentaria se manter forte pelo ser que está gerando em seu ventre, apenas por ele, se não fosse esse bebê ela não tem certeza se faria isso. Possivelmente desistiria fácilmente.

O destino não estava lhe sorrindo, mas ela se manteria forte.

Zahrah tentou e tentou muito, gritou, esperneou, tentou fugir, mas nada conseguiu nada daqueles homens nojentos e malditos.

Não sabe quanto tempo se passou, só sabe que a noite desapareceu, o dia veio novamente e sob um sol forte em cima do lombo de um camelo ela foi levada para algum lugar o qual desconhecia.

Se sentiu enjoada grande parte da viagem, pois além do fato de estar grávida a lentindão do animal a deixava tonta e não sabia por quanto mais tempo iria aguentar aquilo.

Em algum momento pararam em uma aldeia berbere cheia de tendas que era a moradia daqueles homens pelo que entendeu, onde pararam para descansar. Zahrah foi levada para a casa de um deles, onde foi recebida por três mulheres de feições judiadas. Parecia que sofriam agressões daquele homem.

Passou a noite na tenda, sendo uma das piores noites de sua vida. Estava muito frio, já que no deserto a temperatura cai muito à noite e não tinha cobertores suficientes para lhe aquecer. Tinham muitos mosquitos e ela não estava confiante em adormecer naquele lugar, passou grande parte da noite acordada com medo de alguém lhe fazer algo durante o sono.

Logo cedo no dia seguinte a levaram para ser vendida em algum cabaré dos arredores.

— Que beleza é esta em minha frente? — Um homem diz ao recepcioná-los na entrada do cabaré e se aproximar de Zahrah a olhando de cima a baixo com um olhar nojento, como se ela fosse um pedaço de carne, uma mercadoria em exposição pronta para ser comprada.

— Conseguimos achá-la no meio do deserto e a trouxemos. Esperamos conseguir um bom dinheiro com ela, já que diferente das outras que já sequestramos e trazemos esta é bem cuidada, olhe bem.

— Realmente.

Zahrah conseguia captar apenas algumas das falas deles, pois apesar de falar árabe fluentemente, eles utilizavam muitos dialetos locais e gírias em suas falas e por ela não ter crescido no Oriente Médio não conhecia muito da fala mais informal.

O homem a rondou como se fosse um predador, a encarando bem e ela só rezava para que tudo aquilo acabasse.

Ela não sabe como foi que tudo aconteceu, mas em um momento estava do lado sendo negociada e no outro estava sendo empurrada até o interior daquele local, ao passo que chorava sem parar.

— Não, por favor, me deixa, eu não quero ir! — Ela esperneava, porém logo chegou em frente uma porta e foi empurrada para o interior, visualizando vários colchonetes espalhados pelo pequeno espaço, assim como roupas e outros objetos. Algumas mulheres encontravam-se no lugar, igualmente espalhadas por aquele quartinho e Zahrah foi empurrada para dentro com grosseria, logo visualizando a porta ser trancada.

— Eu não acredito nisso! — ela profere para si mesma. Saiu das garras de um demõnio para encontrar-se em uma situação pior. Rezava para que isso terminasse logo, não queria ter que viver naquele lugar.

As mulheres presentes no quartinho começam a encará-la de cima a baixo com curiosidade e não era para menos. Os cabelos e unhas bem cuidados da moça chamaram a atenção das outras, que nada disso tinham. Elas começam a cochichar umas entre as outras e Zahrah afasta-se, indo para algum canto daquele quartinho e sentando-se, onde coloca as mãos cobrindo a face. Nunca fora religiosa, mas diante da situação, mentalmente ela reza para que nada de ruim aconteça a ela ou ao filho.

—A procuramos durante toda a noite, meu senhor, mas não a encontramos em lugar algum. — A voz de um dos subordinados soa em forma amendrontada, com medo do que seu superior poderia fazer ao não receber a notícia que ansiava.

Do outro lado da sala, Zaid que preparava um charuto, logo o traga e encara com desprezo e um vazio no olhar os cinco homens que mandou saírem em busca de Zahrah no deserto.

Sem que nenhum deles espere, ele saca uma pistola de sua gaveta com rapidez e atira em dois deles direto na testa, os matando instantaneamente e deixando os outros completamente apavorados, os fazendo correr pelo espaço, mas sendo parados pela voz dele.

— Passamos a noite no deserto, senhor, checamos cada grão de areia, mas não conseguimos achar a moça.

— Então não fizeram o serviço direito. Zahrah não conhece nada do deserto, não pode ter ido tão longe. Ela ainda pode estar perdida por aí. — Diz com fúria tomando todo seu corpo.

Quando retornou ao acampamento com o propósito de levar sua futura esposa ao Palácio que passaria a ser seu lar, ficou furioso ao descobrir que ela havia escapado. Matou alguns de seus funcionários por causa da estupidez em tê-la deixado escapar facilmente e alguns outros mandaram sair em busca dela pelo enorme deserto e que não voltassem se não a tivessem encontrado.

— Ou talvez alguns malditos dos beduínos a tenham encontrado e a levado para algum cabaré de quinta. — A possibilidade alcança sua mente e logo ele os encara sério. — Separem dois grupos, alguns continuem a procura pelo deserto e os outros vão checar cada um dos cabarés pelos arredores para saber se alguma moça nova chegou ao lugar e dessa vez é bom que façam o serviço direito, caso contrário — olha para os corpos no chão e depois os encara, percebendo que engoliram em seco — vocês serão os próximos.

...

Nenhum comentário nos dois últimos caps, gostaria de saber o que estão achando da história.

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