Cartas

Dear Sleeping

02/09/2021

“Que o amanhã chegue logo” foi uma prece repetidas mais vezes que gostaria em noites tortuosas, onde eu contava os raios que invadiam o meu imaculado quarto.

Sinceramente não sei em que momento comecei a sentir esse certo ‘medo’ de dormir, é sempre uma sensação estranha, oca, que preenche o meu peito e povoa a minha mente. Talvez tenha surgido depois daquele vídeo que me rendeu noites de preocupação quando eu estava na segunda série, ou as lendas do Gugu ou ate mesmo antes, de qualquer forma dormir mesmo quando eu quero, ou simplesmente não consigo me manter em pé, é uma missão complexa.

Hoje em dia já não tenho ideia se minha ‘insônia’ é de fato real ou só um certo costume e apego com os seres noturnos. Se no fim eu só busco um pouco dos silêncios da madrugada para descansar a minha mente de tantas vozes alheias e presenças indesejáveis ou se me encontro tão desequilibrada que já me afeiçoei a minha prisão.

Sendo sincera eu não gosto das noites prefiro o amanhecer, o som dos pássaros, o sol fraco, o orvalho e o frio que ainda abraça o corpo, o cheiro forte das plantas e da terra. Realmente eu gosto do amanhecer, as vezes só com a chegada dos primeiros raios me sinto segura para que eu possa finalmente relaxar e me entregar a Orfeu.