Amália
Estava tão fraca, a travessia não me rendeu mais que poucos quilômetros longe do castelo, pouquíssimas léguas, caí em um território desconhecido, não sabia ao menos por onde começar.
A minha barriga roncou.
Sem comer por dois anos e três meses, certo.
Eu devo comer.
Minha garganta arranhou me fazendo levar a mão ali.
E beber algo.
Se as minhas contas estavam certas, dois anos e três meses. Se eu tinha quinze quando me jogaram na cela...
Eu estava com dezessete, dependendo do mês em que estávamos, não sabia se estava perto do meu aniversário ou não para mudar essa idade.
Eu só sabia de uma coisa, eu estava com fome, e precisava comer o mais depressa o possível, antes de desmaiar.
Eu avancei mata a dentro, procurando, caçando.
Entendia de caça, minha mãe havia me ensinado o que sabia, assim como manejar armas.
Tive preparo nos exércitos de sob a montanha, aprendi tudo o que sei, e talvez seja tudo o que eu precise agora.
Ouvi um som oco de galho se partir, eu surgi atrás de uma árvore, encarando na clareira a frente.
Um cervo, uma corça dourada, a qual estava pastando tranquila.
Não por muito tempo.
Eu dei um passo adiante, chamando o meu poder.
O vento bateu contra mim e vi então meu cheiro ser levado até o animal, o qual ergueu a cabeça rapidamente, os grandes olhos mel olhando para todos os lados.
E ao se deparar comigo, ela começou a correr.
— Ah mas não vai. -falei entre dentes.
Eu fiz um gesto, posicionando a mão e com a outra puxando, simulando um arco, e nesse mesmo momento minha magia criou um arco brilhante de magia, uma flecha envolta de poder estava pronta.
Com um olhar afiado direcionado a corça eu soltei a flecha.
A qual zumbiu cortando a clareira, tão rápida como uma estrela descendo o céu escuro em um rasgar.
A corça tombou fortemente com o impacto, com a flecha atravessando o seu corpo e queimando em poder para a matar.
O animal foi ao chão com pesar e força da flecha.
Sua barriga não subia e descia, ele não respirava, o coração não batia.
Morto.
Eu caminhei paciente até ele, minha flecha se desfazendo em luz e sumindo junto do arco.
Eu encarei o animal sem vida, seus olhos mel que agora fitavam o céu com poucas nuvens.
Era um belo animal, de fato, mas era eu ou ele, e isso aqui é floresta, é cada um por si tentando conquistar o seu lugar e a sobrevivência.
Por mais selvagem que isso possa ser.
Arrastei o corpo do pesado animal até uma encosta de pedras.
Eu parti uma pequena pedra em duas, usando as mesmas de lados afiados para tirar a pele do animal.
Eu encarei mais a frente, farejando o ar, pegando cheiros exóticos de plantas, reconheci alguns cheiros fortes de ervas que os cozinheiros usavam no castelo para temperar a carne.
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Corte De Almas Perdidas
FantasyAmália, uma jovem feérica fruto de um sacrifício por um povo tem sua vida virada de cabeça para baixo ao descobrir a morte de sua mãe. a jovem feérica desolada e sem ter para onde ir, busca algo que ela jamais pensou em fazer. O seu pai, já ouvia mu...